Goleiro promissor quase vê Felipão, mas sonha: ‘Vou jogar a Copa’


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Gabriel Marcelino da Silva estava longe quando Felipão fazia a festa com seus amigos e familiares a alguns metros de distância, na pacata Fortim, a 115km de Fortaleza, onde o treinador passou a folga da última quarta-feira. Quando soube, o técnico da Seleção Brasileira já havia partido da cidade. A decepção, porém, logo foi abafada pelo sonho: "Não consegui falar com ele, mas vou vestir a camisa da Seleção um dia", disse, pelo relato da mãe, Maria José da Silva.

- Se eu tivesse me encontrado com o Felipão, pediria uma chance na Seleção (risos). Mas, se Deus quiser, ainda vou jogar uma Copa - afirmou Gabriel.

O menino de apenas 16 anos é o mais cobiçado jogador de futebol da cidade, garantem os familiares, jurando não ser corujice. Titular absoluto do Nova Esperança Futebol Clube, time da cidade, ele é convidado para todos os campeonatos da região, até mesmo dos adultos. É o "goleiro-macaco", apelido dado pelos braços longos e saltos precisos. Quem assiste aos seus jogos faz apostas de quantos pênaltis ele vai defender ou quantos gols (não) vai tomar.

- Meu ídolo é o Casillas (titular da Espanha e do Real Madrid). Acho que o meu estilo de jogo é parecido com o dele - disse o garoto, dizendo que não se espelha em nenhum goleiro brasileiro.

Em julho, Evandro Leitão, ex-presidente do Ceará, garantiu-lhe um teste no clube da capital. No momento, porém, o sentimento de receio é muito maior do que esperança. No começo deste ano, Gabriel quase embarcou numa furada. Em março, o falso olheiro Daniel Magnum Nunes da Costa foi preso em São Paulo acusado de maus tratos e negligência com mais de 20 jovens de Fortaleza, que viajaram com o sonho de terem chance em algum clube do estado paulista. Os garotos passaram fome e relataram agressões. Eles pagavam um valor mensal mas, é claro, nunca ganhavam chance de atuar por qualquer clube.

Por pouco, Gabriel não estava naquela barca e teria passado por uma decepção que o teria feito desistir. A mãe já teve de vetar histórias parecidas.

- Já teve uma mulher, Heloísa, que pediu R$ 1000 para levá-lo a São Paulo para ele fazer teste em algum clube de lá. Nós chegamos a fazer uma correria, pedimos ajuda a várias pessoas, mas o dinheiro não daria... De repente, ela começou com um papo que pagaria tudo. Eu fiquei desconfiada. Apaguei os telefones dela e nunca mais atendi - disse Maria.

A mãe e os familiares sonham em poder assistir a uma Copa de Fortim vendo Gabriel pela televisão. Graças a Felipão, o caminho pode ter sido aberto de alguma forma.

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