MP gaúcho busca cadastro de torcidas para conter violência e aumentar transparência

Lançamento do livro do Bi Mundial do São Paulo (Foto: Bruno Rodrigues)
Lançamento do livro do Bi Mundial do São Paulo (Foto: Bruno Rodrigues)

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Após a revelação do jornal Zero Hora de que o Grêmio repassou mais de R$ 1 milhão para a torcida Geral, o Ministério Público do Rio Grande do Sul se manifestou e está negociando com os clubes e a Federação Gaúcha de Futebol o cumprimento do Estatuto do Torcedor, com cadastramento de todos os aficionados que pertencem a torcidas organizadas. A ideia, com esta situação, é aumentar a transparência na relação entre clubes e torcidas e individualizar os responsáveis pela violência nos estádios.

O promotor José Francisco Seabra Mendes Júnior entende que o dinheiro que circula pelas torcidas fomenta as brigas pela liderança. O que causa a violência na maior parte dos casos. A Promotoria do Torcedor negocia com os líderes das torcidas dos clubes gaúchos, com dirigentes e com a FGF a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta para colocar o plano em prática.

- Vínhamos detectando que muitas brigas e conflitos decorrem da disputa de poder, de liderança. De espaço na hierarquia. Quem é mais violento acaba atingindo o topo e se relaciona com dirigentes. Estávamos desde setembro buscando informações sobre o cadastramento para tornar a relação mais transparente. O Grêmio não possui e o Inter não tem um cadastro atualizado. É importante também o entendimento dos dirigentes que o repasse de recursos fomenta a violência – destacou o promotor ao LANCE!Net.

Apesar da resistência das torcidas, principalmente da Geral do Grêmio e da Guarda Popular, que não se consideram torcidas organizadas, a ideia é que sabendo o tamanho das torcidas, o repasse de ingressos e recursos seja proporcional. E o clube e outros torcedores podem acompanhar o uso dos recursos.

- Teremos uma identificação de organizadas. E individualização dos membros. A partir daí, o clube tende a tornar mais transparente. O que se pretende é que o alcance dos recursos seja transparente. Facilita para o clube, que tem condição de prestação de contas. Os líderes precisam identificar os destinatários dos ingressos pedidos. Evitar que sejam comercializados com cambistas ou para dar recursos ao líder. A medida do credenciamento é importante – completou Mendes Júnior.

Pelo Estatuto do Torcedor, as torcidas, mesmo que não uniformizadas, seguindo o conceito de “barras-bravas” da América do Sul, são organizadas. O mapeamento das confusões tem sido feitos, principalmente no trajeto para os estádios. A orientação é para enquadrar quem arranja confusão também dentro do Estatuto do Torcedor, para que os fãs possam ser punidos e não compareçam mais aos estádios.

O cadastro do MP também pretende cruzar dados com os dos quadros sociais dos clubes gaúchos, já que muitos sócios frequentam os espaços sem um envolvimento com as lideranças dos movimentos.

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