Gabriel Medina, ao L!Net: ‘Minha vida mudou, e a responsa aumentou’


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Feliz e com a vida mais agitada do que nunca após o título do Circuito Mundial de Surfe (WCT), em dezembro do ano passado, Gabriel Medina não tira o sorriso do rosto. E não é diferente quando está cercado de fãs ansiosos por uma selfie. Aí mesmo é que o garoto de São Sebastião (SP) distribui alegria. Está mais bonito, diz.

A felicidade só não é maior em razão da morte do ex-companheiro de ondas Ricardo dos Santos, que faleceu no dia 21 de janeiro, aos 24 anos, baleado em Palhoça (SC).

Em entrevista ao LANCE!Net durante evento da Gillette, Medina falou sobre o aumento da responsabilidade e as promessas do pai caso venha o bicampeonato, deixou mensagem de agradecimento a Ricardinho e se mostrou otimista quanto à possibilidade de se consolidar como um ídolo do esporte.

– Aconteceu com o Guga, aconteceu com o Ayrton Senna no automobilismo. Por que não no surf?

A busca pelo bicampeonato mundial começa no dia 28 de fevereiro, em Gold Coast, na Austrália.

Dando uma olhada nas suas redes sociais, é visível o crescimento da sua popularidade. Como está esse assédio na rua? Como você está lidando com isso?
É verdade. Depois do título mundial a vida mudou, a responsa aumentou, em questão de mídia, fãs, entrevistas, fotos, enfim, várias coisas. É tudo novo para mim, mas tenho lidado bem com isso, estou aprendendo ainda. O jeito que eu fui recepcionado no aeroporto (na chegada a São Paulo após a conquista), hoje em dia andando no shopping ou na rua, onde as pessoas me reconhecem... são coisas que eu não imaginaria que poderiam acontecer, ainda mais no mundo do surf, que não é um esporte tão popular no Brasil. Tem sido legal. Esse assédio tem sido divertido.

Tem muita fã fazendo loucura por você? Ficar esperando você por horas, tentar invadir hotel, ou algo parecido?
Tem alguns casos sim. Gente que fica chamando da rua quando estou no quarto ou quando vou sair para comer e tem alguém na porta, aí chego no restaurante e tem alguém lá. Isso aumentou após o título. É muito louco.

Em maio tem a etapa do Rio de Janeiro do WCT, e vai ser sua primeira vez competindo no Brasil depois do título mundial. Como você espera que seja em relação à torcida, agora que aumentou tanto?
A etapa do Rio vai ser sinistra. Não sei o que vou fazer para chegar na praia ou para ir treinar ali na frente. Vai ser uma maratona, uma missão. Farei o que mais me deixar confortável e concentrado para o campeonato.

Muda alguma coisa na preparação agora que você vai defender o título?
No treino não muda muito. Estou tentando seguir o que eu fiz ano passado, como treinar no Havaí, um pouquinho a mais, com certeza. Sei que esse ano vão ter vários caras que gostariam de estar no meu lugar e todo mundo estará me olhando. Se eu errar alguma coisa, vai ter crítica, vai ter gente falando mal. Estou treinando para me manter lá em cima e não dar mole para os adversários.

O fato de você ser campeão pode fazer com os outros competidores do circuito te vejam de forma diferente, com certo medo de entrar na água numa bateria com você?
Não sei, não posso adivinhar o que eles estão pensando. Mas, claro, com esse título mundial vai pesar uma bateria contra alguém que nunca ganhou um evento. Tem vários caras no WCT que nunca ganharam. Se fosse eu, no lugar deles, enfrentando um moleque de 21 anos campeão mundial ano passado, teria uma pressão a mais, com certeza. Mas trato todos como adversários. Estou ali porque é meu trabalho e farei tudo para ganhar de quem estiver contra mim.

A morte do Ricardo dos Santos abalou muito não só você, mas boa parte dos surfistas. Como era a sua relação com ele?
Eu não era o melhor amigo dele, mas a gente era bem amigo. Ele sempre foi sozinho, sempre viajou sozinho, mas chegava no lugar e a gente se misturava. Eu competia com ele desde moleque, desde amador. Em todas as viagens nos encontrávamos.

O que falaria para ele se tivesse a oportunidade de se despedir?
Se pudesse voltar lá no tempo, era só agradecer pelo cara que ele era, inspirador para mim e todos os amigos dele que vejo hoje dentro e fora do WCT. Ele era uma cara que competia e também tinha essa vida de freesurf, que viajava para pegar ondas grandes. Falaria que ele representou muito bem o Brasil, que tenho muito orgulho de ter sido amigo dele, por ele me inspirar. Já vi várias cenas dele que me arrepiam, como quando ganhou do Kelly (Slater), teve bateria que ele ganhou do Taj (Burrow), uma onda gigante que ele estava competindo no Rio e foi para o Taiti pegar só aquele mar grande que deu e ele pegou uma bomba lá. Só queria agradecer por ele ser um amigo inspirador.

Seu pai cumpriu a terceira e última promessa que fez para o título, que foi a tatuagem. Esse ano vai ter promessa para o bicampeonato?
A gente já fez promessa. Esse ano ele cumpriu as três, que foram o refrigerante, o churrasco e a tatuagem. E esse ano ele disse que vai pintar tudo de loiro, barba e cabelo, vai ficar tudo loiro, e ainda tem mais duas para colocar, mas uma delas vai ser essa.

Você também fez uma tatuagem nova. O que é?
É uma guerreira, que significa minha mãe, por tudo que ela fez por mim. A gente sabe o que passou para chegar até aqui, então fiz essa dedicada a ela.

Antes do título você tinha amigos famosos, mas agora, além de amigos, tem os famosos que te tietam. Como recebe isso?
É muito louco, porque eu conhecia eles por revista e TV. Aí do dia para a noite estou ali trocando ideia, eles perguntam sobre o campeonato. Tive experiências incríveis nos últimos anos, conheci várias pessoas, famosas e não famosas. Estou vivendo um sonho.

Recentemente você visitou o Instituto Ayrton Senna. Como foi ver a obra dele de perto?
Foi incrível, foi irado! Tinham várias imagens inspiradoras na parede. Tem uma do olhar dele que eu acho que é a marca dele, que me arrepiou quando cheguei lá. Vi o carro em que ele correu, vi várias fotos, vários prêmios que ganhou de outros atletas, e a família me contou um pouco da história dele, porque eu não tive a oportunidade de conhecer ao vivo. Eu só assisti ao filme dele e até já falei que me apaixonei. É um ídolo meu e vai continuar sendo.

Você acredita que pode se tornar ídolo de uma geração, assim como foi o Guga?
Depende de mim, se eu me mantiver no topo, se eu passar um bom exemplo, enfim, se várias coisas positivas acontecerem tem chance sim. Aconteceu com o tênis, aconteceu com o Ayrton Senna no automobilismo, por que não no surf?

E como está a chegada de novos patrocínios? Tem outras marcas querendo você como garoto propaganda?
Sim, tem algumas. Esse ano meu tio não fechou nada ainda, mas tem algumas. É como falei, a vida mudou, então tem várias coisas novas.

Pouco antes do título, te perguntei sobre namoradas e você brincou que depois de ser campeão ficaria mais bonito. E aí, ficou? Tem muita menina na fila para te namorar?
Fiquei, né? É como meu pai sempre fala, “quanto mais campeonato você ganhar, mais bonito você vai ficar”. Então, ganhei e fiquei um pouco mais bonito.

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