‘Festival’ de trocas de mando obriga Corinthians a viajar 7 mil quilômetros

Allianz Parque (Foto: Divulgação)
Allianz Parque (Foto: Divulgação)

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O Goiás quis, o Governo do Pará se interessou e a CBF deu aval. E o Corinthians voltou a se prejudicar por conta do “festival” de trocas de mando de campo na atual edição do Brasileirão. Esmeraldinos e alvinegros se enfrentam no próximo dia 19 em Belém (PA), no Estádio do Mangueirão.

Pela quarta vez no campeonato, o Timão será obrigado a fazer deslocamentos maiores por conta de fatores externos. São 6.915 quilômetros extras de viagem devido a trocas de mando de campo (terceira maior marca entre os 20 clubes da Série A). Como itinerante, o Corinthians jogou em Uberlândia (MG), Manaus (AM) e Cuiabá (MT). Encerrará a saga em Belém (PA).

Os motivos que impulsionaram as trocas de mando na atual temporada giram em torno da Copa do Mundo, das novas arenas e de punições impostas pelo STJD. O Corinthians, por exemplo, mandou jogo contra o Vitória na Arena Pantanal (em estado que não tem clube nas duas principais divisões do futebol do país) e visitou o Atlético-MG no Estádio João Havelange por conta de punições. Por outro lado, foi à Arena Amazônia (outra herança da Copa) sob mando do Botafogo, que lucrou para levar o jogo para Manaus.

Sem grandes pretensões na reta final do Brasileirão, o Goiás quer lucrar com a venda de ingressos, já que a torcida do Corinthians é a segunda maior na Região Norte, só atrás do Flamengo (28% a 12%). Para o meia Petros, a intenção de ganhar dinheiro com bilheteria não justifica mandar o jogo em Belém.

– Complicado. É um desgaste muito grande. A gente viaja demais. É melhor então botar o jogo aqui na Arena (Corinthians) com renda deles, vão faturar muito mais, não há necessidade de tanto deslocamento – reclama o camisa 40 do Timão.

– A gente não tem nada contra viajar, mas o desgaste é grande. Jogar domingo a domingo é uma coisa, mas um jogo seguido de viagem, não vai nem para casa... É o calendário brasileiro. Quem paga é o jogador – comentou o meia Renato Augusto.

* Levantamento foi feito sobre a diferença entre onde o time deveria jogar e onde de fato jogou

CONFIRA ABAIXO A TABELA DO 'BRASILEIRÃO DE ITINERANTES'**

CLUBE    DISTÂNCIA (KM)    LOCAIS 'ANORMAIS' ONDE JOGOU
Botafogo    + 10.200    Juiz de Fora, Presidente Prudente, Brasília (2) e Manaus (2)
Flamengo     + 6.981    Brasília, São Paulo, Uberlândia, Cuiabá e Manaus
Corinthians    + 6.915    Uberlândia, Manaus, Cuiabá e Belém
Atlético-PR    + 3.397   Florianópolis, Brasília, Uberlândia e Maringá (2)
Goiás    + 3.116    Brasília, Itumbiara, Juiz de Fora, Cuiabá e Belém
Atlético-MG    + 1.889    Uberlândia, Cuiabá e Ipatinga (2)
Santos    + 1.516    Londrina e Cuiabá
Fluminense    + 1.277   Barueri, Ipatinga e Brasília (2)
Figueirense    + 1.194   Barueri, Londrina, Araraquara e São Paulo
Bahia    + 951   Barueri (2) e Brasília
Palmeiras    + 838   Araraquara e Presidente Prudente
Cruzeiro    + 826   Uberlândia (2) e Brasília
São Paulo    + 766   Uberlândia (2) e Brasília
Vitória    + 579   Cuiabá
Coritiba    + 426    Maringá
Chapecoense    + 121   Maringá
Internacional    0    -
Sport    0   -
Criciúma    – 3    Itumbiara e Ipatinga
Grêmio    – 286 Florianópolis

** Levantamento do L!Net levou em consideração mudanças de mando de campo com distâncias superiores a 200 km. Botafogo mandar jogo em Volta Redonda, por exemplo, não entra na conta. A distância extra (contida na tabela acima) é a diferença entre a distância que a equipe percorreu nos jogos com mandos anormais e a distância que a delegação do clube deveria ter percorrido se os mandos fossem nas cidades previamente estabelecidas.

CURIOSIDADES

Beneficiados: O festival de trocas de mando de campo foi benéfico para dois clubes na atual edição do Brasileirão. Grêmio e Criciúma se deslocaram menos do que se deslocariam normalmente.

Neutros: Apenas dois clubes não foram afetados de forma alguma pelas trocas de mando. Internacional nem Sport jogaram em estádios diferentes daqueles previstos pela CBF antes do início
do Brasileirão.

À vontade: Alguns clubes pareceram não ter se incomodado com as mudanças de mando de campo. Botafogo, Goiás, Atlético-MG e Atlético-PR foram as equipes que mais pontos somaram jogando em “mandos anormais”: 12, nove, oito e oito respectivamente.

POR QUE BOTAFOGO É O MAIOR VIAJANTE EXTRA?

Não à toa o Botafogo é o clube que mais vezes se deslocou na Série A por conta de trocas de mando de campo. Os alvinegros vivem grave crise financeira e precisam de dinheiro das bilheterias para pagar salários de jogadores e funcionários. Em 2013, o Bota saiu do Ato Trabalhista, tendo 100% de sua renda penhorada.  Ademais, o clube evita mandar jogos no Maracanã desde que uma ação de Joel Santana na Justiça obriga a renda obtida no estádio a ser penhorada.

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