Família de cadeirante morto na São Silvestre de 2012 passa por dificuldades


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Uma cadeira de rodas e uma família para sustentar. Foi isso o que restou para Adriana Mendonça, esposa de Israel Cruz, após o falecimento do marido no fim do ano passado. Moradora de Ananindeua (PA), onde vivia com o atleta, ela teve de voltar a trabalhar após a tragédia. Afinal, ainda precisa cuidar uma filha, um filho, a nora e duas netas.

– Trabalho na Prefeitura de Ananindeua, ajudo na limpeza de um colégio. Abandonei os estudos após o ocorrido. Fazia supletivo e meu marido trabalhava na na assistência administrativa da Prefeitura. Não consigo viver apenas com a pensão – afirmou Adriana ao LANCE!Net.

– Passei quase um ano para conseguir o beneficio no meu nome. Se não tivesse esse emprego... Não tenho parente em Belém (capital do Pará), não conheço ninguém – completou.

Adriana se mostrou surpresa ao ficar sabendo que o processo sobre a morte de Israel Cruz tinha sido arquivado. Um advogado estaria ajudando no caso, mas a vida simples também dificulta na busca por ajuda ou informações sobre o ocorrido.

Como não poderia ser diferente, a tragédia não foi esquecida. Ainda mais após as dificuldades de depois do acidente. Segundo ela, a organização da São Silvestre pouco ajudou. Se não bastasse, a cadeira usada pelo marido na prova só foi enviada para ela no início de dezembro.

– Aconteceu e ficou por isso. Só no começo desse mês liberaram a cadeira. Nunca me ligaram. O pessoal da São Silvestre não ajudou. Tive a perda da do meu marido... Meu marido foi morrer por causa de uma medalha. É um descaso com o deficiente – declarou.

Adriana ainda não sabe a certo o destino que vai dar para a cadeira. Inicialmente, a ideia é tentar vendê-la para ajudar nas finanças. O equipamento foi comprado no Japão e custou cerca de R$ 23 mil.

Segundo ela, Cruz recebia o salário da Prefeitura e uma ajuda do Governo para poder competir. Agora, tudo ficou no passado. E no presente, só a lembrança e tristeza.

CONFIRA UM BATE-BOLA COM ADRIANA MENDONÇA:

LANCE!Net: O que aconteceu após a tragédia? A organização da São Silvestre chegou a procurar você e sua família ou oferecer alguma ajuda?
Adriana Mendonça: Nunca me ligaram, nem me procuraram. Não tinha condições de ir para São Paulo. Fiquei indignada com esse descaso. Não querem saber da família. Agora, tenho de correr atrás todo dia para comer. Ele queria ajudar os familiares e por isso entrou no atletismo. Minha vontade era ir para São Paulo no dia da corrida. Nem sei o que eu faria...

L!Net: O que você vai fazer com a cadeira de rodas que ele usou na prova?
AM: Demoraram muito tempo para liberar, estragou bastante e não dá para arrumar. Mas o quadro está bom. Ela é feita com um material caro, ele trouxe do Japão. Tivemos de abrir mão de muitas coisas para comprar essa cadeira. A organização da corrida não colocou nada. Deveria ter um apoio. O acidente foi em um lugar perigoso. Ele era um atleta reconhecido, batalhou para isso. Não era um amador. Já tinha participado da São Silvestre, disputado uma Meia-Maratona.

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