Eterno Bad Boy da NBA elogia globalização da liga e elege ‘favorito’
Isiah Thomas caminha tranquilamente pela quadra em direção ao seu posto como comentarista da NBA TV ao lado do local poucos minutos antes dos treinos dos jovens americanos e do mundo, que duelarão nesta sexta-feira no Barclay’s Center, em um dos eventos do fim de semana das estrelas. Quem vê o Thomas comentarista pouco pode lembrar dos seus tempos de jogador, quando ficou conhecido por comandar um dos times mais intensos da história da NBA, conhecido nos EUA e no mundo todo como os Bad-boys, bicampeão da NBA rivalizando, por exemplo, com o Chicago Bulls de Michael Jordan e o Los Angeles Lakers, de Magic Johnson.
- Não sabia que éramos tão conhecidos assim no Brasil. Obrigado. Creio que o que nos tornou assim famosos e queridos tenha sido a maneira como nós trabalhávamos, nos portávamos em quadra. Éramos muito unidos, éramos amigos mesmo dentro e fora da quadra. A maneira como jogávamos também pode ser que tenha atraído. Gostávamos do jogo rápido, “dividir” a bola entre todos, deixar todos envolvidos e defender de forma bem física - em algumas vezes até além da conta – conta o ex-jogador.
Em seu tempo de NBA, Thomas pouco teve contato com jogadores estrangeiros, já que a liga era formada basicamente por americanos. Atualmente a realidade é bem diferente. Brasileiros, franceses, alemão, australianos, espanhóis, argentinos... são muitos estrangeiros com destaques no principal campeonato de basquete do mundo. O San Antonio Spurs, atual campeão da NBA, por exemplo, tem em seu elenco Tony Parker (francês), Manu Ginobli (argentino) e Tiago Splitter (brasileiro).
- A globalização e a chegada de mais e mais jogadores estrangeiros para a NBA fez com que o jogo ficasse melhor. Disso não tenho a menor dúvida. Mudou tudo. Desde a maneira de comunicar, de buscar conhecimento, buscar aperfeiçoamento, tudo. E isso, obviamente, gera um crescimento, gera um desenvolvimento. Antes era um jogo dos Estados Unidos, era uma NBA praticamente local. Hoje, não. É um campeonato global, mundial. Os melhores do planeta estão aqui e isso certamente fez com que o esporte mudasse, evoluísse – afirmou.
E Isiah não titubeou ao escolher o seu estrangeiro favorito:
- Certamente o Dirk Nowitzki. Não só pelo talento dele, mas pela forma como ele conduziu o Dallas Mavericks a um título de NBA. Sabemos quão difícil é isso para um atleta, e ainda mais para um estrangeiro. Havia um preconceito grande contra atletas estrangeiros e um comentário na liga que os gringos não conseguiriam levar seus times a títulos. Ele conseguiu.
Essa “invasão estrangeira” ganhou força, sobretudo, após a Olimpíada de Barcelona, em 1992, quando os EUA encantaram o mundo com o Dream Team. Mas apesar de ser campeão da NBA e reconhecido como um dos melhores jogadores da liga, Isiah não participou daquele time comandado por Chuck Daily, campeão pelo Pistons.
Até hoje se credita a ausência de Thomas na Olimpíada à rixa entre ele e Jordan, principal estrela da história da NBA. Mas o ex-jogador do Pistons prefere desconversar.
- Sendo muito sincero: adorava competir contra Chicago e adorava competir contra Michael Jordan. E o jogo te leva a algumas vitórias memoráveis e algumas derrotas torturantes. Não ter ido aos Jogos Olímpicos de Barcelona me machucou demais, muito mesmo. Foi um momento de cortar o coração, que doeu bastante. Ao mesmo tempo, fiquei muito feliz que a medalha de ouro veio ao meu país. Queria muito ter estado lá, pois fiz parte daquela geração, mas como não estava eu só podia fazer uma coisa – torcer por eles. E foi o que eu fiz da minha casa – afirmou.
Thomas admite que a disputa contra o “mocinhos” do Celitcs, Bulls e o Lakers ajudaram na construção do mito em torno dos campeões Bad Boys. Mas apesar de o apelido parecer pejorativo, ele gostava dele:
- Combinava conosco, né? (risos) É o que éramos mesmo. Nós “abraçamos” a causa dos Bad-Boys e seguimos assim até o final.
*O repórter viaja a convite do Space