Espaço dos Campeões: Thiago Pereira fala sobre o rígido controle antidoping

Modric - Itália x Croácia (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)
Modric - Itália x Croácia (Foto: Giuseppe Cacace/AFP)

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Vou falar sobre o famoso doping. Sempre que comento com quem não é da área vejo as mesmas reações de surpresa quando explico como funciona o controle. Primeiramente vale dizer que existe mais do que um tipo de coleta. O mais comum e conhecido é o Programa de Exames em Competição, onde os atletas são testados logo após a prova. A escolha varia conforme o evento. Nas Olimpíadas, por exemplo, os quatro primeiros colocados são obrigatoriamente testados. Em alguns campeonatos brasileiros, os atletas são escolhidos por sorteio e, tendo sido determinado os nadadores que irão fazer parte da seleção, todos deverão ser submetidos ao antidoping.

O que pouca gente sabe é que existe outro tipo de controle, o Programa de Exames Fora de Competição da Federação Internacional de Natação, que se aplica apenas aos atletas que estão entre os 20 melhores em cada prova. Chegou no top 20 ele passa a ser obrigado a preencher uma espécie de calendário de monitoramento em que deve colocar, todos os dias, um local em que seja possível localizá-lo durante 1 hora. Não importa em que lugar do mundo esteja, ou em qual circunstância, o atleta deve estar disponível por 1 hora, 365 dias por ano.

A obrigação de informar o horário e o local é do nadador, assim como a obrigação de estar presente no lugar indicado quando a FINA resolver que é a hora de testá-lo. Um compromisso inesperado ou até mesmo estar em uma competição não são justificativas válidas para não estar no local indicado e serão considerados como “no show”.

Na primeira tentativa de teste sem sucesso, além de ser considerada como transgressão disciplinar pela Federação, o atleta é penalizado com o pagamento de multa, o que também ocorre em caso de reincidência no descumprimento de agenda. Caso ocorra o terceiro “no show” em um prazo de 15 meses, o nadador será também suspenso por 2 anos, prazo em que será proibido participar de qualquer competição. Pra quem achava que a complexidade do doping se limita a tomar cuidado com todos os medicamentos e suplementos que ingerimos, agora sabe que não é só isso. E, se você achava que sua esposa exigia muita satisfação, ou que seu namorado sempre queria saber onde você estava, você não sabe o que é ser controlado pela FINA!

* Thiago Pereira é nadador do Sesi-SP, vice-campeão olímpico e detém duas medalhas de bronze em campeonatos mundiais.

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