Eliminação no Paulista decreta fim melancólico à era Juvenal Juvêncio

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Chegou ao fim a era Juvenal Juvêncio no São Paulo. A vexatória eliminação do Campeonato Paulista para o modesto Penapolense, na última quarta-feira, acabou com a chance do último título da gestão do presidente. Após oito anos, o dirigente se despede tendo desperdiçado a chance de se perpetuar como o maior da história do clube. Muito pelo que aconteceu, ou deixou de acontecer, em seu terceiro mandato, até então inédito.

Em 2011, já como tricampeão brasileiro, Juvenal abriu o discurso da reeleição, permitida apenas por mudança estatutária, garantindo que o Morumbi estaria na Copa do Mundo de 2014. Entraria para a história. Mas fracassou, e viu logo o rival Corinthians ganhar uma arena. Pior: boicotado pela oposição, o presidente sai sem conseguir sequer aprovar o projeto de reforma para modernização do estádio.

Foi também durante seu terceiro mandato que Juvenal deu o passo que, tanto para oposicionistas quanto para alguns de seus pares, o fez perder a mão no comando. Foi quando delegou a Adalberto Baptista plenos poderes no futebol.

O ex-diretor de futebol foi responsável pela reformulação no CT da Barra Funda, que culminou na saída de profissionais vitoriosos no clube, como o fisioterapeuta Luiz Rosan e o fisiologista Turíbio Leite de Barros. Até hoje, há quem lamente a herança negativa deixada por ele no CT. Rogério Ceni, desafeto de Adalberto, e o técnico Muricy Ramalho estão entre eles. Depois do dirigente, Barra Funda e Morumbi nunca falaram a mesma língua, mesmo depois da chegada do gerente Gustavo de Oliveira.

Por outro lado, Juvenal teve vitórias importantes no mesmo período. A derrota na Copa o impulsionou a liderar o movimento que derrubou Ricardo Teixeira da presidência da CBF. Reformados, os CTs da Barra Funda e de Cotia vão hospedar as seleções dos Estados Unidos e da Colômbia, respectivamente, na Copa do Mundo.

Por essas e outras, Juvenal se considera o presidente mais vitorioso da história do São Paulo. No próximo dia 15 ou 16, ele vai passar o bastão. Carlos Miguel Aidar ou Kalil Rocha Abdalla disputam o cargo. Depois, Juvenal já disse que vai se afastar do clube. Terá tempo para refletir sobre o que deixou para o que virou sua maior paixão.

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Como analisa os oito anos de gestão de Juvenal Juvêncio?
Foram duas fases. A primeira muito boa com os três títulos do Campeonato Brasileiro, algo extraordinário. Na segunda, jogadores não corresponderam, técnicos não funcionaram. Não podemos esquecer o que ele conquistou. Elevou o patrimônio do clube e deixou um legado.

A última reeleição atrapalhou?
No futebol não foi feliz, mas ganhou uma Copa Sul-Americana, um registro importante. Balanço financeiro sempre fecha superavitário, Morumbi foi revitalizado. Torcida sempre quer ganhar, mas a análise tem de ser sem emoção.

E o peso da saída do Morumbi da Copa do Mundo?
Não dependia só do clube, mas sim da CBF e da Fifa. Juvenal quem questionou e abriu as denúncias que derrubaram Ricardo Teixeira. Todo mundo está vendo o que o Juvenal falou lá atrás sobre estádios.

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Qual o balanço da gestão de JJ?
Teve muito mérito enquanto ouvia os outros, pessoas que compartilhavam opiniões e acompanharam ele a vida toda. O São Paulo perdeu o rumo, mas ele não merece ser julgado só por sucesso ou fracasso.

O terceiro mandato atrapalhou?
Foi uma concessão do conselho a ele, talvez não tenha sabido usar essa generosidade e se tornou um dirigente único. Entendeu como uma propriedade, não como um processo de mérito pela boa gestão que vinha fazendo. Quanto mais insistia no erro, não aceitava estar errado. Quando se fechou em si, destruiu o mandato. Inclusive colocando pessoas sem conhecimento.

Isso refletiu no futebol?
Há três anos está caótico. Chegaram a entregar o time a um técnico da base (Sergio Baresi em 2010). É uma sucessão de treinadores sujeitos à interferência da diretoria. Fatores que destruíram o São Paulo.

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