Elano diz viver fase mais importante no Santos e avisa: ‘No Brasil, só aqui’


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Elano sente que sua hora de começar uma partida como titular pelo Santos está chegando. Dos cinco jogos do Alvinegro no Campeonato Paulista, o técnico Enderson Moreira o colocou no decorrer de todos. E já o elogiou.

Nem por isso o novo camisa 22, velho camisa 8, está ansioso. Mesmo sabendo que seu curto contrato vai até 30 de maio, Elano tem em seu comportamento a mesma calma que usou para fazer seus 66 gols e erguer cinco títulos pelo Peixe.

Influente no vestiário, por conta de seu currículo dentro e fora da Vila Belmiro, o meia de 33 anos pouco fala, mas quando é perguntando deixa claro suas ambições: jogar mais três anos em alto nível pelo Santos. Depois de "encerrar a carreira com chave de ouro", seu sonho é continuar no clube, também de maneira influente, com um cargo na comissão técnica.

Ao LANCE!Net, Elano conta sobre os planos para seu futuro, fala sobre o motivo de sua saída em 2012 e por que este é o momento mais importante de sua carreira.

Confira a entrevista exclusiva com o ídolo santista:


LANCE!Net: Como se sente após os primeiros jogos?
Elano: Lógico que é sempre importante fazer pré-temporada, mas me sinto preparado para jogar. Sinto dificuldade pelo pouco tempo de pré-temporada, fiz uma semana e meia. Não entrei antes pelo alto rendimento do time, o que é importante.

Como está sua cabeça?
É o momento mais importante da minha carreira, de todos que vivi no Santos, esse é o mais especial porque basicamente minha carreira começa se filtrar na parte final. Tenho projeção de jogar mais três anos em alto nível. No Santos. Ou fora do Brasil. No Brasil é só no Santos. Esse momento é especial, não estava programado por ninguém, nem por mim, nem pela diretoria. Foi num momento difícil na minha vida, tinha acabado meu contrato na Índia, o Santos em reformulação e em quatro jogos, tudo se organiza. As coisas estão sendo colocadas em ordem, me sinto parte da reestruturação do Santos. Em 2000 eu tomava café em uma Kombi, hoje temos um CT montado. Eu sei a história do Santos, o que os ídolos representam, o que deixaram de legado, para o que o Santos ser o que é. Eu sou muito privilegiado. Passei por três gerações aqui no clube.

Só é importante por ser o fim ou tem mais coisas?
Queremos fechar com chave de ouro. Não tem alegria maior do que projetar o fim dentro da sua casa. Me sinto em casa aqui. Essa é minha alegria de todo dia, quando vou treinar ou jogar. Se programar e isso acontecer, seria uma grande alegria. Seria sensacional eu encerrar com a mesma alegria de quando eu comecei. Tenho projetos futuros, espero permanecer no Santos.

Consegue jogar 90 minutos?
Tenho totais condições de jogar uma partida inteira.

O Enderson Moreira demonstrou conhecer suas características. Você acha que ele já conhecia pelo passado ou passou a conhecer nos treinos?
Acredito que ele já tinha conhecimento. Joguei contra ele no Goiás. Ele me pediu para criar possibilidades no clássico contra o São Paulo com chutes e passes. Acho que fizemos um grande jogo. O Lucas Lima é um dos meias que tem uma dinâmica de jogo incrível. A todo momento. Rouba seis bolas por jogo, chega na frente, nos lados, é importante para o time.

Você ainda é um ponta de lança ou pretende atuar como na Índia, como um armador?
O que eu fazia é o que o Geuvânio e o Thiago fazem, mas não tenho mais a facilidade de acompanhar o lateral e chegar na frente. Hoje eu pretendo jogar por dentro, não que eu não tenha condição, mas não posso fazer a função o jogo inteiro. Hoje é mais para o meio. Consigo ter mais desenvoltura. Consigo agregar e ajudar o time. Não é simples fazer o que eu fazia. Eu era terceiro homem de marcação. É muito difícil, tem que ter resistência, constância de jogo. Tem que pegar para chutar, dar contra-ataque. A dinâmica do futebol mudou muito.

Acha que vai demorar a conquistar seu espaço no time?
Eu construo minha vaga nos treinamentos. Sempre tive regularidade. Sou um cara que pode não decidir todos os jogos, mas fico na média. Tudo isso gira em torno de vitórias. Quando você entra e joga bem e o time ganha, tem peso. Concordo que cada jogador tem que ter seu espaço, pode ter certeza que estou preparado. Me comprometo a fazer o que me pedem e em cima disso quero ajudar.

Se surpreendeu com o tratamento que os garotos te deram quando voltou ao CT?
Treinei com muitos garotos na minha segunda passagem. Vejo alguns sendo conhecidos na cidade já e é uma alegria muito grande. É muito legal eles dizerem para mim que me viam jogar e hoje jogamos juntos. Sempre digo que vim para colaborar e fora do campo aprendemos com eles e construímos amizades. Dou minhas ideias, mas também sou aberto para ouvir e aprender.

Seu contrato é curto. Para você, é certo que vai conseguir renovar com o Santos?
Eu acredito muito em mim. Passei muitas coisas, tive muitas dificuldades, dentro e fora do futebol. Nunca me importei se meu contrato era longo ou não, encaro isso como a única coisa que tenho a fazer na vida. Isso que me move, me conquista, que me dá gana de querer ser o melhor, de ajudar. Hoje estou mais experiente, tenho que ter certa cautela em decisões, sou exemplo, não posso xingar ou agredir e inibir um menino. Antes eu era o menino. Hoje aprendo tudo isso e vejo como desafio, mas encaro tudo com muita naturalidade.

Pensa em voltar para a Índia se não conseguir a renovação do contrato no Peixe?
Construí uma carreira bonita, pelo meu caráter tenho portas abertas. Não tem problema nenhum se não quiserem renovar. Não é porque estou aqui pela terceira vez que são obrigados a renovar. Tudo no futebol, se fosse claro, seria melhor. Não é ofensa. Faz parte. Jamais vou perder a identificação com o Santos, mas vou trabalhar para isso não acontecer.

Você disse que não voltaria ao Santos se a diretoria não mudasse. Por que?
Se fosse a outra diretoria, não voltaria. Eu passava por um momento pessoal difícil. A gente vinha de conquistas, mesmo com essas dificuldades. Eu precisava de respaldo de todos. Só tive respaldo de um ou dois caras. Na diretoria, não tive nenhum respaldo. Meu salário foi divulgado depois de ter reunião com eles, fui humilhado na sala da diretoria. Disseram para mim que minha obrigação era treinar. Em nenhum momento fui na imprensa. Não fiz isso porque o torcedor não tem culpa. Graças a Deus eu fiquei calado, porque fiquei com medo de manchar o que fiz aqui no Santos. Eu estava sozinho quando achei que não estava. Houve um desgaste grande. Físico, mental e estava me prejudicando. Hoje estou bem para jogar porque estou inteiro. Saí sim, por causa da diretoria. Fui para o Grêmio porque era no Sul, não tem rivalidade grande com o Santos. Tudo porque não queria apagar o que fiz aqui.

Se sentiu aliviado porque o Léo te defendeu publicamente?
Eu sempre tive amigos. Sou feliz por isso. Todos aqui no Santos são torcedores. Se te falarem que o Elano é mau caráter, isso vai me ofender. Já me chamaram para derrubar treinador (fora daqui), eu falei para me derrubarem junto. Foi muito difícil. Minha saída foi ir embora. Eu não queria. Tinha mais um ano e meio de contrato. Mas olha como tudo foi feito. Olha minha volta como foi. O torcedor olha para mim e entende minha mensagem. Sabem que eu amo o Santos. Ouço isso na escola das minhas filhas. É o que eu sinto. Não sei falar, foram minhas atitudes de silêncio e minha volta. A diretoria foi mudada, eles me conhecem há muito tempo, desde que cheguei.

Planeja ficar no Santos fazendo qual função após se aposentar?
Não sei se seria treinador, mas para agregar em uma comissão eu conseguiria. Quem sabe?

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