É o DNA! Oswaldo se apega à herança de Lula para montar Santos ofensivo

Filho de Lula, técnico do Santos nos anos 60, com Léo (Foto: Divulgação)
Filho de Lula, técnico do Santos nos anos 60, com Léo (Foto: Divulgação)

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A essência da escola brasileira de futebol veste camisas brancas desde os anos 20. Naquela época, o "ataque dos 100 gols" de Feitiço e Araken Patuska consagrou o time da "técnica e da disciplina" e deu início à história de um clube que ainda hoje é sinônimo de futebol ofensivo.

Foi nos anos 60 que a história do Santos encontrou seu capítulo supremo sob o comando de um homem chamado Luís Alonso Perez, conhecido pelo apelido Lula. No estilo boleiro, conquistou simplesmente 38 títulos, e dirigiu um time que "jogava sozinho" entre 1954 e 1966. Sozinho? Há quem conteste a expressão.

– Tem gente que diz que o Lula jogava camisa para o alto. Como isso? Ele ficou 12 anos, não foi um time só que ele montou. Era um técnico que gostava de renovar elenco, nunca se acomodava – explica Marcos Lula, filho do treinador falecido há 42 anos, ao LANCE!Net.

Alguns tentam dimensionar o que seria do Peixe sem ter tido Pelé em seu elenco. Mas talvez nem Pelé pudesse ser Pelé em outro clube, pois foi no Santos que encontrou uma filosofia de jogo ofensiva, companheiros à altura de seu potencial e um treinador ousado. Para frente, em um moderno 4-2-4, deslanchou.

Quiseram os "deuses do futebol" que a ofensividade voltasse a dar as caras na Vila Belmiro em 2014. Apoiado na herança dos tempos de Lula, Oswaldo de Oliveira retomou o esquema tático e chegou à decisão do Campeonato Paulista com 46 gols marcados em 17 partidas, média de 2,7 por jogo. E o esquema ofensivo não surgiu do nada, foi planejado, já que Gabriel só entrou no meio quando Leandro Damião teve condições de estrear, e um volante acabou "sacrificado".

– Claro que tem semelhança, é a vocação do Santos. O futebol mudou, nunca mais vai ter um Pelé ou um Coutinho por causa da badalação, do marketing, mas a característica dos meninos é a mesma. Jogar para cima. Esse é o legado do meu pai – valoriza o filho de Lula.

O passado, como cantado no hino, é "só de glórias". Resta a Oswaldo honrar o presente. E a herança.

QUEM FOI:

Nome: Luís Alonso Perez, o Lula

Nascimento: 22/2/1922, em Santos (SP)

Falecimento: 15/6/1972, em São Paulo (SP)

Clubes: Santos, Portuguesa Santista, Corinthians, Portuguesa e Santo André.

Curiosidades: Teria saído do Santos brigado com Pelé. Quis voltar e recusou até o Real Madrid.

FILHO CRITICA FALTA DE VALORIZAÇÃO:

(Marcos Lula, filho do ídolo, e Léo, durante evento que celebrou o reconhecimento do Octa do Santos. Foto: Divulgação)

Uma das lamentações dos familiares, hoje em dia, é a falta de reconhecimento do Santos em relação aos feitos de Lula, falecido precocemente, em 1972, aos 50 anos, por doenças renais.

– Meu pai não era marqueteiro. Ganhava tudo na Europa, aí chegava em casa e botava um chinelo para ir à padaria comprar pão. Devia ter sido técnico da Seleção, mas nunca babou ovo de ninguém. Montou o time mais perfeito que o mundo já viu, mas nem a Fifa, nem a CBF e nem o Santos reconhecem direito – explica Marcos Lula, seu filho mais novo.

Lula tem um espaço reservado no Memorial das Conquistas do Santos. Segundo seu filho, “tinha que ter um lugar mais especial”.

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