Contraste de Bernardinho, Talmo diz: ‘Não preciso gritar para comandar’

1999- Juventude (Foto: César Guimarães/ LANCE!Press)
1999- Juventude (Foto: César Guimarães/ LANCE!Press)

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Do mesmo modo como o Sesi-SP começa a ganhar o formato de uma potência do vôlei brasileiro, Talmo de Oliveira vai se afirmando entre os grandes técnicos da modalidade.

Presente na primeira conquista de um ouro olímpico do esporte, nos Jogos de Barcelona, em 1992, o ex-levantador guarda a semelhança de posição com Bernardinho, seu rival na decisão do próximo domingo, contra a Unilever, mas contrasta com ele no comportamento à beira da quadra.

Enquanto o comandante da equipe carioca se destaca pelo jeito enérgico, Talmo às vezes passa até despercebido. Nos treinamentos do time paulista, quase não se ouve a voz do mineiro de Itabira, que prioriza a conversa olho no olho, a fala mansa e a confiança na sintonia do elenco.

– Não preciso gritar para comandar. No olhar elas já me conhecem. Às vezes nem preciso de muita conversa, pois elas sabem qual é a nossa estratégia. Está tudo muito bem definido. E estão acostumadas com isso – disse o treinador, de 44 anos, que tem a aprovação das atletas.

– A tranquilidade dele me ajuda muito. De todos os técnicos que eu conheço, é o mais calmo. No começo eu até achava estranho, sentia falta de uns gritos. Às vezes ele fala "calma, você está eufórica" e eu me acalmo – contou a levantadora Dani Lins.

A final contra a Unilever será a primeira de Talmo na Superliga Feminina. Ele está à frente do Sesi-SP desde sua criação, há três anos. Antes, conquistou o vice-campeonato do torneio masculino com o Bonsucesso/Montes Claros, na temporada 2009/2010.

Seu último clube como jogador foi o Banespa (SP), que deixou em 2006. Consideradas as épocas como técnico e atleta, ele participou de todas as 20 edições da competição.

Há dois meses, Talmo retomou uma prática que considera fundamental: os estudos. No momento mais importante da temporada, ele tira horas de seus dias para se dedicar ao mestrado em gestão esportiva. Além do aprendizado, diz que quer dar exemplo às atletas. E garante que os livros o ajudam a respirar quando o vôlei o consome.

– Nem sei como consigo conciliar. Quinta, sexta e sábado é uma correria. Fico acordado até tarde entregando artigos. Mas vale a pena. Me distrai um pouco da quadra – disse o técnico, que formado em Educação Física pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) em 2003.

Bate-bola

Talmo de Oliveira
Técnico do Sesi-SP, em entrevista ao LANCE!Net, no Maracanãzinho.

Seu estilo calmo significa que o time está pronto para essa final?
Tenho que ser pontual. Em alguns momentos é preciso ser um pouco mais incisivo, mas há toda uma comissão técnica para me auxiliar. Quando cobro é por aquela ação específica, para arranjarmos soluções diante de um problema.

Ao trocar os homens pelas mulheres, o que mais te surpreendeu?
O comportamento delas. A diferença é grande. Tenho que ficar atento às variáveis o tempo todo. Tenho muito o que aprender ainda sobre elas. Para mim, está sendo uma aprendizado enorme pessoalmente e profissionalmente.

Como foi sua transição da carreir a de jogador para a de técnico?
Eu já tinha um planejamento de parar quando a idade foi chegando. Já havia acabado meus estudos e feito alguns cursos. Como técnico, acabei entrando direto em uma Superliga. Foi só dar sequência.

Como está vendo a crise de gestão no vôlei atualmente?
Precisa ser melhorada sempre. Temos um público apaixonado e temos que fazer com que o esporte se consolide como uma força e uma ferramenta de transformação.

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