Com 48 gols, Neymar e Fred tentam repetir feito de duplas históricas do Brasil em Copas


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Ronaldo e Rivaldo foram as apostas de Felipão em 2002 e decidiram o penta a favor da Seleção. Oito anos antes, em 1994, Romário e Bebeto formaram dupla afinada que culminou no tetra. E o que falar do trio Pelé-Tostão-Jairzinho em 1970? Ou Pelé, substituído brilhantemente por Amarildo, e Garrincha e Vavá no bi de 1962? E a curiosa Copa de 1958? Você sabia que Joel e Mazzola começaram como titulares e só foram substituídos por Pelé e Garrincha, decisivos para o primeiro título, na Suécia?

Pois na Copa do Mundo de 2014 é pelos pés – e cabeças – de Neymar e Fred que passam as maiores esperanças do Brasil no hexa.

Sim, Fred não é centroavante genial como Ronaldo ou Romário, mas em número de gols, ao lado de Neymar, não deve nada à dupla Romário-Bebeto, que conquistou o tetra nos Estados Unidos. De acordo com levantamento feito pelo LANCE!, os dois marcaram até agora 48 gols pela Seleção (veja tabela nesta página e a continuação na 8). A dupla de 94 havia feito um a menos até estrear com 2 a 0 sobre a Rússia.

A pesquisa do LANCE!Net considerou os dois principais goleadores das Seleções Brasileiras a partir de 1974. Entre 1930 e 1970, com os times atuando com no mínimo três atacantes, foram listados os trios.

O recorde é dos craques da Copa do México. Antes da estreia diante da Tchecoslováquia (4 a 1), Pelé (com 89), Tostão (30) e Jairzinho (18) somavam 137 gols com a Amarelinha – considerando jogos oficiais da Fifa e não-oficiais.

Ter goleadores eficientes, porém, não é garantia de título. O segundo ataque com maior número de gols, Ronaldo e Adriano com 89, fracassou em 2006, na Alemanha.

AS FERAS FALAM

Neymar, em entrevista exclusiva ao L!Net em abril deste ano

"Será uma honra vestir a camisa da Seleção Brasileira no meu país para realizar o maior sonho desde criança. A ansiedade começa a aparecer, dá aquele frio na barriga."
"Acho que só de conseguir chegar à final já será um sonho. Não tenho preferência por adversário. Sonho disputar um clássico mundial, mas a final dos meus sonhos com certeza tem a Seleção Brasileira!"

Fred, em entrevista depois da vitória sobre a Sérvia

"Quero fazer gols sempre, como sempre quis, desde as categorias de base no América Mineiro. Na Copa é que não vai ser diferente, não é? Vou trabalhar para isso e vontade não vai faltar."
"Sou centroavante, minha função é proteger para quem vem de trás e fazer gols. Quando eu não consigo, tento fazer bem a segunda parte. Fico feliz com os gols que faço, mas não me empolgo."

COM A PALAVRA

Reinaldo
Atacante da Seleção em 1978

"Fred e Neymar vão jogar tudo que podem"

Neymar e Fred, que formam a dupla de ataque da Seleção, são dois grandes jogadores e não tenho dúvidas de que vão jogar tudo que podem. Mas não devem se preocupar com metas nem com nenhuma dessas coisas de superar Ronaldo, Rivaldo, Adriano ou qualquer outro que passou.
Tanto um quanto o outro são jogadores que agregam várias qualidades, que sabem fazer gols e que batem de muito bem na bola. Entretanto, um fundamento que ainda precisa ser trabalhado por Neymar é o cabeceio. Ele deveria cabecear um pouco mais, é importante e pode decidir uma partida.
A Seleção está montada. Apesar da boa fase, não acho que Willian tenha espaço. Agora, não é horas para mudanças, o time titular, que está jogando, tem que ser mantido. Não acho que não cabe mais ninguém no time.

Careca
Atacante da Seleção em 1986 e 1990

"Fred se mexe pouco e fica muito isolado"

É uma dupla de ataque interessante. Neymar e Fred são dois jogadores de muito talento. Entretanto, o esquema tático é horrível. Na verdade, não existe esquema tático algum.
O Brasil se movimenta pouco. Fred é sacrificado entre os zagueiros, pouco utilizado, por exemplo, para fazer a parede ou para fazer um-dois.
Agora, Neymar é fantástico e tem tudo para quebrar todos os recordes, além de conseguir decidir numa única jogada. A questão é que o camisa 10 não é atacante de origem. Para mim, Neymar é aquele jogador que vem de trás.
Na minha minha época, a gente jogava com dois ou três atacantes. A Seleção Brasileira de hoje joga só com um atacante de origem que é o Fred. E, ainda por cima, tem pouca movimentação.
Oscar e o próprio Paulinho não passam por um bom momento.

Serginho Chulapa
Atacante da Seleção em 1982

"Orgulho de ter feito parte daquela geração"

Aquela Copa foi muito importante para mim, por ter jogado com Zico, um dos maiores que já vi, mesmo sabendo que a gente podia ter ido melhor. Se não fosse o jogo contra a Itália (2x3, nas quartas de final), faríamos a história ainda mais bonita.
Eu tinha característica de centroavante rompedor, sinto orgulho de ter feito parte daquela geração. Tenho grandes memórias, a vitória por 3 a 1 sobre a Argentina foi um grande jogo da Seleção Brasileira, importante e histórico pela eterna rivalidade das duas equipes.
Nesta Copa, acho que Fred tem característica de brigador, que faz gols, prepara jogadas. É o melhor que tem no Brasil. Essa parada foi importante também para ele se recuperar da lesões.
Fará ótima dupla com Neymar, que é craque e que eu conheço desde moleque aqui no Santos.

TODAS AS DUPLAS DE ATAQUE DO BRASIL NA HISTÓRIA DAS COPAS

Gols marcados pela Seleção antes do Mundial

2002 - Ronaldo (38) e Rivaldo (31) = 69

1998 - Ronaldo (25) e Bebeto (39) = 64

1994 - Romário (17) e Bebeto (30) = 47

1990 - Careca (25) e Müller (5) = 30

1986 - Careca (11) e Casagrande (8) = 19

1982 - Serginho (8) e Zico (56) = 64

1978 - Reinaldo (5) e Gil (12) = 17

1974 - Jairzinho (39) e Paulo Cezar Caju (13) = 52

=> De 1970 para trás, com três no ataque

1970 - Pelé (89) e Jairzinho (18) e Tostão (30) = 137

1966 - Garrincha (16), Pelé (67) e Jairzinho (2) = 85

1962 - Garrincha (9), Pelé (37) e Vavá (11) = 57

1958* - Joel (2), Mazzola (6) e Zagallo (3) = 11

(Pelé-5, Garrincha-3 e Vavá-1 começaram a Copa no banco) = 9

Mazzola e Joel foram substituídos por Pelé e Garrincha, respectivamente, na terceira rodada

1954 - Baltazar (17), Pinga (8) e Rodrigues (9) = 34

1950 - Ademir Menezes (23), Jair da Rosa Pinto (22) e Baltazar (2) = 47

1938 - Leônidas (21), Perácio (0) e Hércules (0) = 21

1934 - Leônidas (2), Patesko (0) e Waldemar de Britto (0) = 2

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