Centenário do COB é marcado por dificuldades e evolução esportiva

Centro de Cultura da Espanha em Curitiba (Foto: Rodrigo Cerqueira)
Centro de Cultura da Espanha em Curitiba (Foto: Rodrigo Cerqueira)

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Quem diria que, por falta de dinheiro, o Brasil abriria mão um dia de disputar uma edição dos Jogos Olímpicos. Atualmente isto é algo praticamente impossível de ocorrer, mas já aconteceu no passado e é um dos episódios que marcam os cem anos da criação do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A entidade comemora neste domingo seu centenário em uma trajetória marcada por dificuldades no começo, mas muita prosperidade financeira no momento.

O COB nasceu oficialmente no dia 8 de junho de 1914, em um momento que o movimento olímpico engatinhava não somente no Brasil mas também no planeta. Um dos idealizadores do comitê foi Raul Paranhos do Rio Branco, filho do barão do Rio Branco e embaixador do Brasil na Suíça na época. Em 1913, Paranhos foi convidado pelo Barão Pierre de Coubertin - francês que resgatou a realização dos Jogos Olímpicos na era moderna - para integrar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Isso contribuiu para que um ambiente fosse criado no Brasil para que o COB surgisse, em meio a uma campanha pública para a formação da entidade.

Seis anos depois, o COB enviaria sua primeira delegação para uma edição da Olimpíada, na Antuérpia. E, na Bélgica, vieram também as primeiras medalhas do Brasil nos Jogos. Foram três, todas no tiro esportivo, com destaque para o ouro de Guilherme Paraense.

Mas, ao contrário de hoje, a falta de dinheiro era um problema no COB no início do século passado. Tanto que o Brasil não disputou os Jogos de Amsterdã-1928 por não ter recursos suficientes. Quatro anos depois, em Los Angeles, o país voltou a enviar representantes. Foram 82 no total (sendo uma única mulher, a nadadora Maria Lenk), mas que viajaram até os Estados Unidos de uma forma precária. Os competidores foram colocados em um navio, que levou um mês para chegar na cidade-sede dos Jogos de 1932. A embarcação viajou cheia de sacos de café, que os atletas tiveram que vender para cobrir os custos.


Com o passar das décadas, a gestão do COB foi se profissionalizando, e o problema de dinheiro foi minimizado. Em 1963, por exemplo, o comitê ajudou o governo municipal e o estadual de São Paulo a organizar os Jogos Pan-Americanos na capital paulista - a primeira edição em solo brasileiro.

Em paralelo, o Brasil foi evoluindo também esportivamente. Em 1952 e 1956, Adhemar Ferreira da Silva tornava-se bicampeão olímpico no salto triplo. Na década de 80, Joaquim Cruz também atingia o topo do olimpismo, ao levar o ouro nos 800m rasos. Nas décadas de 1990 e 2000, o Brasil amealhou láureas em algumas modalidades que podem ser consideradas como carros-chefes, como vôlei, vôlei de praia, natação, judô e vela. Assim, o país soma hoje 108 medalhas olímpicas, sendo 23 de ouro, 30 de prata e 55 de bronze. Parte delas foi obtida em Londres-2012, em que a delegação atingiu seu recorde, com 17 pódios.

Ao contrário da fase de vacas magras do século passado, o COB vive hoje com as contas cheias. Além da verba de patrocinadores específicos, a entidade recebe recursos também da Lei Agnelo-Piva (desde 2001), proveniente de recursos da Loteria. Desde 1995, a entidade é presidida por Carlos Arthur Nuzman, que tem nas mãos o desafio de levar o Brasil aos dez melhores países de uma Olimpíada, na Rio-2016. Resultado esse que nunca foi obtido pelo país.



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