Calendário e falta de preparação na base são alvos de críticas em Simpósio


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O tom de críticas ao calendário do futebol brasileiro, a falta de gestão nos clubes e até mesmo na CBF foi um dos principais assuntos do 4º Simpósio de Futebol organizado na PUC-PR, em Curitiba. Em uma mesa redonda realizada durante a tarde desta segunda-feira, o técnico Paulo Autuori não poupou críticas sobre os rumos que o esporte no país vem tomando, com o Campeonato Brasileiro com jogos sem apelo e com pouco público, falta de tempo de preparação das equipes e até mesmo da falta de um melhor trabalho feito nas categorias de base. Segundo Autuori, os brasileiros não carregam mais as característiscas das ruas para os gramados.

Ao lado de Paulo Autuori participaram da mesa Carlinhos Neves, preparador-físico do Atlético-MG, e João Paulo Medina, fundador da Universidade do Futebol e membro da Academia LANCE!.

Fundador da Universidade do Futebol questiona gestão da CBF

- Falta muito da essência do futebol brasileiro, o futebol de rua, por exemplo. Foi acabando tudo. O pai do jogador não estava presente como está hoje nas academias. Acontecia uma série de fatores que fazia você ter a necessidade de resolver. Podia sair uma pancadaria, então tinha resolver no diálogo ou na pancadaria. Então você naturalmente desenvolvia uma série de fatores. Outra coisa... Fazer gols. Jogos de pelada eram entre 12, 20. Fazíamos linha de passe, gol a gol. Mas o objetivo era o gol. Isso se chamava espírito de gol. Você desenvolvia naturalmente isso, então se chegava aos clubes com 16 e 17 anos. Hoje vemos jogadores de 6 a 12 anos, em que a preocupação é pular estaca, barreira... E já jogar numa posição definida. Na pelada não tinha isso, se jogava na linha e no gol - afirmou Autuori:

- Teve uma situação na Holanda com Rinus Michel (lendário técnico da Laranja Mecânica), eles levaram para o treinamento situações que aconteciam nas ruas. Eles tinham reflexão sobre isso. Então eles obrigaram o desenvolvimento com esse tipo de trabalho nas categorias de base. São várias situações que fazem com que hoje o Brasil não tenha mais o melhor futebol do mundo. Temos os melhores jogadores, mas é diferente. Em nosso futebol de alta competição, jogamos a bola. E não o futebol. E é bem diferente. 

Já Carlinhos Neves, preparador-físico do Galo, deixou claro que é muito difícil conseguir bons resultados com um calendário tão cruel quanto o do Brasil. Ele defendeu a manutenção dos Estaduais, porém mais enxutos para os times grandes. Deixou claro também que houve avanço nas estruturas dos clubes, e isso até ajuda a amenizar um pouco a falta de tempo para realizar a preparação física ideal, mas também pede uma avaliação melhor do tema. Citou lesões com frequência durante a temporada, e que isso prejudica, inclusive, o trabalho dos técnicos que acabam demitidos quando perdem duas, três partidas.


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