Ainda mais calmo, Muricy deixa ‘porrada’ de lado e se apoia na torcida


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Nos últimos anos, Muricy Ramalho tem sofrido com problemas de saúde. Desde crises de diverticulite até uma arritmia cardíaca, o técnico passou a se preocupar com a sequência da carreira no futebol e, por isso, mudou alguns hábitos ruins que manteve na maior parte da vida. Mais magro, saudável e, agora, calmo, o treinador tem tentado deixar de lado as "porradas" na imprensa e nos jogadores.

- O médico deu uma recomendação: ficar em Ibiúna (cidade do interior onde tem um sítio), mas nao dá. Tenho contrato... Estou mais calmo, estou me controlando, porque o que tive é muito sério. Os médicos deixaram trabalhar, senão não estaria mais aqui. Tenho condições, mas tenho que ser mais clamo, como estou. Tenho feito muito exercício, o que me deixa bem. Todo dia de manhã eu corro, emagreci, me alimento melhor e ganhei um equilíbrio por isso. Estou mais calmo, e sem remédio. Fiquei mais velho, sem bateria, aí estranham. Mas vão se acostumar - brincou.

O momento 'zen' do comandante são-paulino fica evidenciado nos jogos e nas entrevistas coletivas. Contra Corinthians, princicpalmente, e contra o Osasco Audax, Muricy pouco levantou do banco de reservas e adotou tom sereno nas conversas com os jornalistas. O treinador reclamou com bom humor do estranhamento da imprensa com seu novo comportamento e contou que a postura foi a mesma na reunião com os jogadores no CT da Barra Funda na última sexta-feira.

- Quando dou porrada vocês reclamam, quando sou educado, sou educado demais... Achem o meio termo logo, pô! Antes de começar a coletiva peçam porrada, então, que aí me programo (risos). Se não joga nada num jogo daquele (Corinthians), por que vou gritar, responder torto, dizer que o juiz roubou... Tem que ficar tranquilo, acalmar os jogadores. Tem que ter calma e responder. Queriam que eu me matasse com um tiro na cabeça? Tem momento em que você pode ser mais duro na conversa com os jogadores, mas essa foi mais de recuperação. Foi de juntar as pessoas. Só porrada não adianta. Tem que conversar, treinar e dar força. Futebol é assim. Filho também, tem hora que tem que dar porrada na cabeça e outra tem que ser beijinho. Essa conversa foi de "beijo" - explicou.

Uma das formas encontradas por Muricy para manter os nervos mais calmos é reparar no carinho da torcida. Durante a goleada por 4 a 0 sobre o Audax no último sábado, torcedores gritaram o nome do técnico, que logo se virou, agradeceu e beijou o escudo do São Paulo. É das arquibancadas que o treinador tira forças para superar o maniqueísmo do futebol brasileiro: quando perde, não serve. Quando ganha é o melhor.

- O mais legal foi que a torcida apoiou. A torcida nos ajudou a pernamencer na Série A e a ser vice-campeão depois. E é impoirtante que se repita na quarta-feira (contra o Danubio, pela Libertadores). Todo mundo é São Paulo, ajudem, vamos precisar. Não fica nenhum parceiro quando perde. É dificil. Para perder tem que ser muito grande, forte. Comissão só tem 25% de participação, não pode exagerar quando ganha, mas quando perde também não. Essa é a cultura no Brasil. Se ganha, fica bonito. Se perde, fica feio. É muito amadorismo, muita gente fraca, que não sabe nada e atrapalha - disparou.

 

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