Academia Lance!: A Copa e os nossos clubes

Luan recebe banho de farinha e ovo - Grêmio (Foto: Eduardo Moura)
Luan recebe banho de farinha e ovo - Grêmio (Foto: Eduardo Moura)

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O Brasil vive nesse momento uma situação ímpar. As obras de infraestrutura para a Copa correm a todo vapor, os últimos estádios estão sendo finalizados e com a aproximação do megaevento vivemos a expectativa de como será a Copa por aqui. Entretanto as notícias publicadas pela mídia são que nossos clubes de futebol consideram a Copa do Mundo um entrave para o seu desenvolvimento.

Para mim isso soa como um completo absurdo. Primeiro porque as novas arenas somente se viabilizaram graças ao evento e, portanto tudo o que os clubes poderão gerar de benefícios nessa área estão intimamente ligados ao mundial. O segundo ponto se refere à abordagem que os dirigentes têm, já que enxergam que o nosso mercado de clubes compete diretamente com o evento.

Até agora não ouvi um só profissional de marketing dos clubes mostrar qual o plano criado para aproveitar a presença de milhares de turistas estrangeiros, milhões de turistas brasileiros, além é claro da mídia internacional.

A Copa do Mundo tem uma duração curta, mas é extremamente intensa, portanto poderia ser utilizada exatamente para que os clubes desenvolvessem projetos com esse novo público que transitará por aqui, sem falar nos milhões de torcedores brasileiros, apaixonados por seus clubes, que poderiam ser impactados por estratégias criativas e diferenciadas.

As cidades que receberão os jogos terão que oferecer inúmeras alternativas de entretenimento para os viajantes. Será que nossos clubes não poderiam criar projetos que fortalecessem suas marcas nesse período?

Boa parte deles argumentará que não tem recursos disponíveis, que o mercado está parado, que tudo foi alocado no departamento de futebol, enfim os mesmos argumentos de sempre. Não custa recordar que o Brasil foi escolhido como sede da Copa em outubro de 2007 e desde meados de 2010 vive diretamente a expectativa do evento, portanto ninguém pode dizer que não teve tempo para se preparar.

A questão é outra, a total falta de visão do papel do marketing no futebol. Para muitos dirigentes o que faz um marketing vencedor são títulos e bom desempenho nas competições. Assim projetos como esses de entretenimento soam como inimagináveis para seus ouvidos e argumentam que ficarão dois meses praticamente parados.

No Brasil o futebol ainda enxerga o marketing como despesa e por isso não consegue viabilizar projetos realmente eficientes. A ausência de patrocinadores é fruto desta visão arcaica. O marketing é investimento e por isso precisa ser entendido, estudado e corretamente utilizado.

O Brasil é o segundo maior mercado de mídia e entretenimento entre os países emergentes, ficando atrás apenas da China. Uma Copa do Mundo deveria servir para exatamente alavancar ainda mais os nossos clubes. Pelos meus cálculos a propaganda brasileira deve crescer em cerca de R$ 1 bilhão em 2014 graças à Copa e nenhum clube será responsável direta ou indiretamente por isso. Esse dinheiro será todo canalizado para os veículos de comunicação. Quando o megaevento passar muitos profissionais acreditam que nosso mercado sofrerá uma queda substancial, com o desinteresse de mais marcas patrocinadoras.

Se isso se concretizar, de quem será a culpa? Na minha ótica dos próprios clubes que terão perdido uma oportunidade de ouro para alavancar suas marcas.

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