Meligeni: ‘O presidente da CBT não é dono do tênis’

Ex-tenista fez pontuações em aspectos da gestão de Jorge Lacerda.

Meligeni faz sessão de autógrafos de seu livro durante o Brasil Open
Fernando Meligeni atende a fãs em São Paulo - Crédito: Leonardo Martins/ DGW Comunicação

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Por Marden Diller - Ex-tenista e atual comentarista da ESPN, Fernando Meligeni sempre prestou grande serviço ao tênis brasileiro. Recentemente, o paulista conversou com o Tênis News e expôs seus pensamentos sobre alguns aspectos relacionados à ex-tenistas e seu papel na CBT.

Na última semana, em sua página no Facebook, Fernando Meligeni teceu uma crítica severa ao tratamento dado à Thomaz Koch, maior vencedor da história do Brasil na Copa Davis, no confronto entre Brasil e Croácia no ano passado. Segundo Koch, ele teria arcado com todo o custo de sua ida à competição e, chegando no local, não lhe foi concedido o ingresso para entrada no evento.

“O meu desabafo é que eu acho meio patético você ter uma federação que não usar os atletas que ela mesmo fez,” comentou Meligeni. “Quando assumimos um cargo público não podemos ter essa postura de separar pessoas por ‘quem eu gosto, quem eu não gosto’, o que importa é quem é relevante para o tênis. Não podemos esquecer de Thomaz (Koch), do (Fernando) Meligeni, o (Flávio) Saretta, do Jaime Oncins, esses caras são nossa história, não somos um país com 150 caras que foram número 10 do mundo.”

“Eu acho muito engraçado que a gente anda na rua e somos idolatrados pela garotada, cumprimentados pelos pais, e na nossa própria entidade não recebemos reconhecimento,” expôs. “E não é que tenhamos matado alguém, roubado dinheiro, não fizemos nada. Vai ver é apenas por uma questão de postura diferente, de ter uma forma diferente de ver as coisas.”

Ainda seguindo o pensamento, Fino comenta que ele mesmo havia proposto um espaço exclusivo para jogadores e ex-jogadores nos confrontos da Davis, na época em que comandou a equipe brasileira. A proposta, segundo ele, foi vetada.

“Eu me sinto muito tranquilo pra falar sobre isso, porque quando eu fui capitão da Copa Davis eu pleiteei isso, de que houvesse um camarote exclusivo para os jogadores, e fui vetado pelo mesmo presidente que não deu o convite para o Thomaz Koch. Um cara como esses, 70 anos de idade, você não dá uma entrada para esse cara, vai dar para quem? É triste mas é a realidade do nosso esporte.”

Dividido entre elogios e críticas à atual gestão da Confederação Brasileira de Tênis, Meligeni aponta que, para ele, o maior erro do presidente Jorge Lacerda foi na questão do relacionamento com os atletas.

“Sinceramente, o Jorge (Lacerda) fez coisas legais. Não sou o cara que critica tudo e diz que tudo foi ruim. Temos que reconhecer que ele conseguiu tirar o tênis daquele limbo, conseguiu um patrocinador forte que são os Correios. Só acredito que ele pecou muito no relacionamento, ele achou que a CBT era dele. Nunca critiquei os problemas que ele tem na justiça, por exemplo, se um dia tudo isso for provado aí sim falamos sobre isso. Mas ele fez sim coisas boas.”

“E esse não é um problema só do Jorge, é do político brasileiro. O presidente do senado acha que é dono do senado, o presidente da câmara achava que era dono da câmara, o presidente do Brasil achava que era dono do Brasil; o presidente da CBT não é dono do tênis. Essa é a crítica que eu faço. Errar é humano, mas você não pode ter 50 tenistas que você não olha na cara,” declarou o medalhista de ouro dos jogos Pan-Americanos de Santo Domingo.

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