Gulbis: ‘Jogadores que jogaram na quadra 18 foram tratados como ‘merda”

Letão fala de hipocrisia no tênis e rasga o verbo relatando tratamento desigual no circuito profissional


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Semifinalista de Roland Garros há dois anos, o letão Ernests Gulbis voltou a dar suas declarações polêmicas ao afirmar que a organização do Slam parisiense trata com desrespeito jogadores que coloca para jogar em quadras que não as principais.

"É um mundo tão diferente quando se está jogando bem, quando todos te querem nos seus torneios, quando te colocam a jogar nas boas quadras, quando todos tentam te agradar", iniciou sua declaração em entrevista exclusiva ao site Sport 360º dos Emirados Árabes Unidos.

"E então eu chego aqui, dois anos depois que fiz semifinais, e este ano, jogadores que jogaram na quadra 18 foram tratados como merda", desabafou ele que disputou sua partida de primeira rodada na quadra. "Eu questionei", prosseguiu o letão, "'Esta é uma boa quadra de jogo?' então eles disseram: 'não, vá para a quadra'. A minha equipe não tinha um local para sentar e ver o jogo", se indignou.

"Eu se senti desrespeitado porque todos nós vamos pra quadra, damos nosso melhor, temos que jogar na neve, como em Munique, você tem que jogar em temperaturas frias, tempo quente, não importa, ninguém se importa, nós entramos em quadra e damos nosso melhor e nós damos mesmo... isto não é definitivamente uma atitude democrática num todo", protestou.

"Jogadores na minha situação", seguiu seu desabafo o ex-top 10 que ocupa atualmente o posto de 80º. "Têm que implorar para treinar em uma quadra por uma hora qualquer do dia. E então você vê os cabeças de chave que têm duas horas sozinhos em quadra com um treinador. Como você pode competir? Nós temos uma hora com quatro pessoas em quadra contra um cara melhor preparado, tudo está perfeito...", ironiza.

"Eu não sei como o sistema funciona. Estamos todos vivendo numa democracia em que todos somos iguais ou como funciona? Se alguém me explicar eu entenderei e então, talvez, quando eu voltar ao top 10 eu atue de acordo com isso. Mas não quero fazer isso", seguiu.

O letão disse que o tratamento desigual não é privilégio de Roland Garros e ele que tem disputado muitos qualificatórios na temporada têm vivido isso sistematicamente. Gulbis falou sempre no plural ao se referir aos maus tratos que vê para com jogadores fora do top 20, pois, sabe que o tratamento ruim não é direcionado apenas a ele.

"Tenho jogado qualificatórios, não há chance de alguém me dar um convite. Não sou um cara sortudo, afortunado, mas eu gosto disto. Porque quando você começa jovem, todos estão no seu caminho, você não percebe todo mundo puxando seu saco por nada, apenas porque você joga bem. A comunidade do tênis tem memória curta. Você joga mal por alguns meses e é isto. Talvez não se você for um top três ou top quatro que são quem têm jogado de maneira consistente por muitos anos, mas não para um cara como eu..."

"Eu não quero comparar. Mas (Grigor) Dimitrov está lutando um pouco, ele esteve no top 10, é um jogador realmente muito bom, quanto tempo vai levar para as pessoas o tratarem de modo diferente? Não estou certo sobre isso. Se ele jogar outro ano ruim então ele também estará na mesma posição que eu. As vezes é injusto, mas te dá motivação para voltar.Mas você percebe muito mais as pessoas a sua volta", finalizou seu desabafo.

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