Federer apoia investigações: ‘Se eu soubesse nomes, denunciaria’

Para o suíço, não pode haver espaço para a corrupção no tênis

Federer e Nadal de Paris (Foto: MIGUEL MEDINA/AFP)
Federer (Foto: MIGUEL MEDINA/AFP)

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Roger Federer estreou nesta segunda-feira com vitória tranquila no Australian Open, mas o assunto que tomou conta da coletiva de imprensa do suíço após a partida não foi seu jogo e sim a notícia divulgada pela BBC que caiu como uma bomba no mundo do tênis hoje de que há jogadores dentro do top 50 e campeões de Grand Slam sendo investigados por escândalos de manipulação de resultados.

Federer teceu um rápido comentário sobre sua vitória por 6/2 6/1 6/2 sobre o georgiano Nicoloz Basilashvili antes de entrar no assunto do dia: "Foi um bom jogo. Estou satisfeito com o que fiz em quadra hoje. Em Brisbane foi uma semana confusa, estava mais preocupado com minha condição pois não estava 100%, e hoje pude concentrar mais no meu jogo, minhas táticas, minha movimentação. Definitivamente essa vitória eleva minha confiança".

Logo em seguida Roger entrou na polêmica do dia: "Eu não sei em que ponto estão essas investigações. No passado alguns nomes foram investigados e essa história foi descartada (caso do russo Nikolay Davydenko, ex-top 3). Mas se há alguma suspeita ela deve ser levada muito a sério. Eu gostaria muito de ouvir nomes. Aí sim teríamos nomes concretos para discutir a respeito. Não apenas quem foi abordado, mas sim gente envolvida com essa questão. Temos pessoas competentes parar apurar os fatos. É vital mantermos o esporte limpo. Não há espaço para essas pessoas no tênis".

Federer disse que nunca foi abordado pessoalmente sobre apostas e não hesitou ao responder a pergunta de um jornalista se denunciaria um colega de circuito se soubesse de algo: "Sim. Todos que souberem de algo precisam falar. Se alguém foi abordado nesse sentido precisa procurar a ATP ou alguma autoridade onde possa se sentir seguro para falar a respeito. Se eu ficasse sabendo de alguma coisa tentaria encorajar a pessoa a falar alguma coisa e se ela não quisesse acredito que eu mesmo o ajudaria e faria isso junto com a pessoa".

A maioria dos casos de apostas ilegais no circuito acontece nos eventos menores, Challengers e Futures, onde jovens começam a carreira e a premiação é menor. Muitos jogadores acabam caindo na tentação de vender seus jogos para ganharem uma grana extra. Federer é enfática e não acha que o problema da manipulação esteja vinculado à baixa premiação e sim ao caráter de cada jogador. O suíço cita ainda a Universidade da ATP como uma boa medida para educar os mais jovens nesse sentido.

"Eu discordo complemente. Não importa quanto dinheiro você injetar no circuito, os apostadores sempre vão se aproximar dos jogadores. O lucro com as apostas é muito grande. Concordo que deveria haver mais dinheiro nos Futures e Challengers, mas isso não resolveria o problema. O problema está em outro lugar, na cabeça dos jogadores".

"Existe a Universidade da ATP, que tem duração de três dias e deve educar os mais jovens quanto a isso. Lá se aprende a lidar com o dinheiro, com a imprensa, sobre o sistema anti-doping... deve-se abordar a corrupção também. Quando eu era jovem fui a Mônaco e assisti as palestras, particularmente foi muito educativo para mim. Me senti amparado pela ATP, senti que eles se importavam comigo".

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