‘Zebra’ no WCT quase abandonou surfe para administrar academia

Lesões de rivais abriram porta para Sebastian Zietz se tornar vice-líder do ranking mundial

Sebastian Zietz comemora título da etapa de Margaret River (Foto: Ed Sloane/WSL)
Sebastian Zietz comemora o título da etapa de Margaret River: primeira conquista no circuito (Foto: Ed Sloane/WSL)

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A desmotivação por resultados ruins no ano passado e o desejo de se dedicar aos negócios quase fizeram o havaiano Sebastian Zietz abandonar o surfe. “Inacreditável” é a palavra utilizada pelo atleta de 28 anos para descrever os seus últimos feitos no esporte.

Segundo colocado no ranking da Liga Mundial (WSL), ele entrou na competição como "zebra", após ter sido rebaixado em dezembro. Só conseguiu um lugar na elite graças a um convite da organização, já que o australiano Bede Durbidge quebrou o quadril em Pipeline (HAV), no mesmo mês que Sebastian viveu a maior frustração de sua carreira até hoje. Disputar o WQS, a divisão de acesso da modalidade, não despertava nenhuma motivação. 

Ao perceber que a quantidade de lesionados era grande, o havaiano abriu os olhos. Sabia que a qualquer momento poderia ser chamado. E não deu outra. Nono lugar em Gold Coast (AUS) e 13º em Bells Beach (AUS), as duas primeiras etapas da temporada, o havaiano pareceria ser só mais um convidado sem pretensões aos olhos do público no meio de tantos brasileiros e estrangeiros favoritos. Mas em Margaret River, no mesmo país, o papel mudou.

Algoz de Ítalo Ferreira na semifinal, Zietz bateu Julian Wilson (AUS) na decisão e venceu pela primeira vez um evento da maior competição do calendário. No Oi Rio Pro, etapa brasileira do circuito, é visto com preocupação pelos rivais. No sábado, passou pelo compatriota Keanu Asing por 14,33 a 11,86 e se garantiu na terceira fase.

– Cheguei a pensar em mudar meus planos (risos). Amo surfar. É o que sempre quis para a minha vida, mas não conseguia mais ser competitivo. Isso fez com que eu deixasse de me divertir – contou o surfista, ao LANCE!.

"Amo surfar. É o que sempre quis para a minha vida, mas não conseguia mais ser competitivo. Isso fez com que eu deixasse de me divertir" - Sebastian Zietz"

Em parceria com a namorada, Krisy Fulp, Zietz inaugurou a Fit Lab Kauai, uma academia em Princeville, no Havaí. Ele também resolveu comprar uma nova casa. Talvez fosse hora de pensar em ter filhos. Mas a chance de voltar a competir entre os melhores falou mais alto. Pelo menos por enquanto.

– A academia ficou muito legal, mas minha namorada é quem tomou o controle do negócio para que eu pudesse seguir no surfe. É muito bom saber do sucesso dela lá e, ao mesmo tempo, do meu – afirmou.

O melhor resultado de Zietz antes do título na Austrália havia sido um quinto lugar, feito que ele obteve quatro vezes: uma em 2012 (ainda como convidado), duas em 2013 e uma em 2014 (já no tour principal).

Sebastian enfrenta o australiano Adam Melling na terceira fase da etapa brasileira. Motivado, ele só espera agora deixar de ser conhecido apenas como “o cara que ganhou o convite”.

Surfista declara voto nos EUA

Sebastian Zietz não se esquivou de dar um pitaco sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos após se classificar à terceira fase no Rio.

Na zona mista, um jornalista de um site especializado em surfe o perguntou em qual dos favoritos ele votará no pleito: a democrata Hillary Clinton ou o republicano Donald Trump.

– Voto em Bernie Sanders (outro candidato democrata). Só o que vejo sobre Trump são notícias bizarras – disse Zietz.

Bate-Bola
Sebastian Zietz
Surfista, ao LANCE!

LANCE!: Sua carreira começou a dar certo neste ano. O que mudou?
Sebastian Zietz: Hoje, não crio expectativas de vencer as competições. Tenho pensado desta forma. Não posso reclamar de nada, pois vivo um sonho. O melhor para mim foi ter sofrido as derrotas do ano passado, pois elas me motivaram a aprender mais sobre mim mesmo e me fizeram querer provar a mim, não aos outros, que eu conseguiria chegar aonde estou.

L!: É estranho ser visto como um surfista que só chegou à parte de cima do ranking por convite?

S.Z.: É um pouco ruim saber que estou no tour somente porque outros se lesionaram. Queria ver meu nome ser chamado entre os principais, é claro. Mas estou feliz. Não é sempre que você vira número dois do mundo, né?

L!: O que traça de meta hoje?

S.Z.: Sei que estamos apenas em início da temporada. Preciso manter meus bons resultados e aproveitar a chance que tenho aos poucos. Mas estou muito animado para competir no Rio e irei motivado para Fiji e Jeffreys Bay.

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