Matt Banting: o surfista australiano que suportou injeções e é fã do Brasil

Após perder metade do último ano por lesão, jovem de 21 anos volta ao Rio, palco onde já bateu Kelly Slater, e declara amor à cidade, na contramão de críticas de seus compatriotas

Matt Banting durante a etapa de Bells Beach do Circuito Mundial (Foto: Divulgação/WSL)
Matt Banting durante a etapa de Bells Beach, na Austrália, do Circuito Mundial (Foto: Divulgação/WSL)

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Esqueça a imagem do surfista australiano reclamão, ansioso pela retirada do Brasil do Circuito Mundial (WCT) sob justificativa de ondas medianas e poluição nas águas do Rio de Janeiro. Há quem "vista" a camisa verde e amarela por lá.

Embora alguns nomes do país não escondam a insatisfação com a presença da capital fluminense no tour, como Adrian Buchan deixou claro em entrevista à revista Stab em abril, o carismático Matt Banting, de apenas 21 anos, é a prova de que o pensamento não é unanimidade.

– Amo o Rio. No ano passado, me diverti muito quando vim. Fui a bons restaurantes e gostei da comida. Não tenho nada a reclamar. A torcida é maluca pelo esporte – contou ao LANCE! o surfista, que enfrenta o taitiano Michel Bourez na terceira fase do Oi Rio Pro, a etapa brasileira do WCT.

Dono de resultados expressivos no WQS, a divisão de acesso do surfe, Banting está de volta à elite após um ano de estreia sofrido no circuito. Em julho, quando treinava para a etapa de Jeffreys Bay, na África do Sul, o surfista escorregou ao aterrissar de uma manobra durante uma sessão de freesurf.

O pé direito caiu fora da prancha, e o atleta despejou todo o peso do corpo no joelho esquerdo, o que provocou deslocamento da rótula e deixou fragmentos ósseos na região.

O incidente o fez perder seis etapas da temporada, terminar o ano em 33ª e ser rebaixado. Mas, em dezembro, a Liga Mundial (WSL) o anunciou como um dos convidados para a divisão principal, ao lado do sul-africano Jordy Smith.

Durante a reabilitação, Banting fez um trabalho intenso com o médico da WSL, Chris Prosser, com o objetivo de fortalecer a musculatura da perna. Também precisou se submeter a injeções no joelho, sem anestesia, para acelerar o retorno – o sangue do braço era aplicado no local lesionado.

– Dói mesmo. É preciso estar empolgado para fazer. Aquela agulha grande entra no meio do seu joelho, você o dobra e o cara esguicha sangue durante cerca de dez segundos. É a dor mais torturante do mundo – contou Banting, em uma entrevista à Tracks Magazine, em fevereiro.

No período, engordou dois quilos e perdeu flexibilidade. É neste aspecto que o atual número 28 do ranking tenta retomar a confiança.

– Eu pedia ao médico um anestésico, mas ele dizia não. Toda vez eu tinha de colocar uma camisa sobre a cabeça. Eu a mordia por dez segundos – lembra.

A falta de ritmo ficou visível nas primeiras etapas. Ele foi 25º em Gold Coast e em Bells Beach, e 13º em Margaret River. No Rio, apesar de ter sido o último na bateria de estreia, em Grumari, se recuperou na repescagem e bateu o então favorito americano Kolohe Andino, número quarto do mundo, já no Postinho.

As boas lembranças da praia servem de incentivo para o jovem tentar melhorar sua posição no ranking. Afinal, foi lá que ele eliminou certo americano onze vezes campeão do mundo na terceira fase da competição em 2015.

– Vencer o Kelly Slater aqui foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Encontrei boas condições de onda. Foi uma sensação incrível – disse.

Bate-Bola

Matt Banting, ao LANCE!

LANCE!: Como explica tantos resultados surpreendentes no Circuito Mundial?
Matt Banting: Há muitos bons surfistas nesta temporada, mesmo os que não vieram do tour principal. Aqui vimos o Deivid Silva, por exemplo, surpreender o Wilko (Matt Wilkinson). Quem chega aqui quer vencer os caras do top 34, não importa o que aconteça no round seguinte.

L!: Quais são seus hobbies?
M.B.: Adoro surfar nas horas vagas, andar de skate, ir à academia e passar o tempo com minha namorada.

L!:O que achou do Postinho, que foi alvo de reclamações de seus compatriotas?
M.B.: Não achei a água poluída. No sábado tivemos boas ondas. Acho que, se elas aumentarem um pouco com a entrada do swell que está por vir, teremos uma ótima competição. Em relação à limpeza, as condições estão muito melhores do que no ano passado.

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