Guias-intérpretes ajudam surdo-cego a viver a emoção do gol de Coutinho
Carlos Junior é um deficiente visual e auditivo que contou com ajuda de amigos para comemorar a primeira vitória brasileira na Copa do Mundo
A Seleção Brasileira sofreu para derrotar a Costa Rica na última sexta-feira, mas o grande destaque do dia não estava em campo e muito menos foi convocado pelo técnico Tite. Apaixonado por futebol, Carlos Junior, de 31 anos, contou com a ajuda de seus amigos para poder sentir a emoção do primeiro triunfo brasileiro na Copa do Mundo da Rússia.
Um vídeo registrou o momento em que o deficiente visual e auditivo Carlos, conseguiu sentir na pele todo o sofrimento ao longo da partida e pôde extravasar no primeiro gol do Brasil, marcado por Philippe Coutinho, aos 46 do segundo tempo. Isso tudo graças aos seus colegas guias-intérpretes - Vinícius Alves, Hélio Fonseca e Renato Rodrigues - que repassaram os detalhes do jogo pela prática de língua de sinais tátil e comunicação háptica. (Confira abaixo o vídeo).
Carlos não conteve a alegria junto com seus amigos e tocou até tambor na hora da comemoração. Essa 'transmissão' foi divulgada e viralizou nas redes sociais logo após o término da partida.
- Como nós somos da área e ele é amigo, fissurado em futebol, vibra, e acompanhava tudo sobre o esporte antes de perder a visão, decidimos ajudar, já que ele queria continuar assistindo aos jogos - disse Hélio Fonseca ao site Folha Vitória. Ele também detalhou como funciona essa técnica:
- Consiste em reproduzir, nas mãos de Carlos, os movimentos dos jogadores e, nas costas, complementos de informações do jogo como impedimento, falta, cartão amarelo, gols, time que está com a posse de bola e esses detalhes do jogo.
A intenção da postagem foi com o intuito motivacional, mas ele revela que não esperavam toda essa repercussão que as imagens alcançaram.
- Teve uma comoção por conta do final do jogo e acabamos postando. Não pensávamos nisso. É legal porque tem tanta gente que reclama da vida. O cara não enxerga nada, não escuta nada, não fala e estava lá feliz da vida em sentir a narração do jogo - disse.
Segundo o próprio guia-intérprete, essa técnica com as informações de futebol foram adaptadas e inventadas por eles.
- Pode se dizer que com a quantidade de informações que é passada, nós inventamos sim. Nós conhecemos a mulher que inventou a comunicação háptica no mundo. Ela é da Finlândia. Quando ela nos encontrou, nos parabenizou pelo nosso trabalho - finalizou.