Palco da estreia do São Paulo na Libertadores reúne caos e harmonia

Trujillo mistura a conservação de construções históricas com áreas degradadas da cidade e trânsito completamente desordenado; Tricolor escapou de maratona com avião fretado<br>

Palco da estreia do São Paulo na Libertadores
Convento desativado virou um museu em Trujillo (Foto: Bruno Grossi)

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O São Paulo estava preocupado com o desgaste que a longa viagem a Trujillo, no Peru, poderia causar no elenco antes da estreia na Copa Libertadores da América. Tanto é, que o clube contou com a ajuda da patrocinadora Copa Airlines para fretar um voo e chegar direto à cidade. Mas embora o elenco não tenha precisado enfrentar uma maratona em aeroportos, a tensão da chegada ao município já colabora para intensificar o cansaço da viagem.

Caso não fretasse um avião, os tricolores teriam de encarar voos com conexões na capital Lima ou ainda em outras capitais sul-americanas. O trajeto mais curto para chegar nos últimos dias a Trujillo, o mesmo enfrentado pela reportagem, era de 12 horas entre a decolagem da aeronave em São Paulo, a parada em Lima com seis horas de espera e o desembarque no município de pouco mais de 700 mil habitantes. Já no domingo, havia uma opção de quase 24 horas de viagem.

Quando o caminho parece estar perto do fim, o trajeto entre o minúsculo aeroporto, cercado por descampados de areia acinzentada, e o centro da cidade é assustador. Primeiro, o que se vê são casas paupérrimas, vazios desoladores e comércios caindo aos pedaços. Aos poucos, a paisagem segue em tons de cinza, mas revela os pontos turísticos de Trujillo, como as ruínas da cidade de barro de Chan Chan e um monte imponente chamado de Cerro Blanco, que abriga os templos do Sol e da Lua.

Na medida em que o centro se aproxima, o caos aumenta. São faixas, cartazes e outdoors em tamanhos e cores descoordenados que só ficam ainda mais bagunçados ao som do tráfego desordenado da cidade. Com poucos semáforos, placas e faixas de pedestre, os carros avançam em cruzamentos, fazem conversões teoricamente proibidas e mudam de faixa como se a regra fosse travar o trânsito. A calma Trujillo, em seus horários de pico, ganha a trilha sonora de buzinas e xingamentos.

Há quatro tipos de táxi na cidade: os pretos, em sua maioria mais modernos e confortáveis, os brancos, mais difíceis de se encontrar, os amarelos, desgastadíssimos pelo tempo, e os verdes, que na verdade são motos adaptadas para levar até dois passageiros em um banco coberto no improviso. Os carros são enfeitados por mangueiras de neon contornando placas, lanternas e até maçanetas, apenas mais elementos para compor o caos harmônico do município.

No miolo do centro, entretanto, a loucura do trânsito fica reduzida diante da beleza de construções conservadíssimas do período da invasão espanhola na América do Sul. Catedrais, igrejas, museus, sedes do governo e até um convento estão em perfeito estado, principalmente os prédios localizados na Plaza das Armas, onde o piso chega a reluzir de tão polido. O estádio Mansiche, palco da partida contra o Cesar Vallejo às 21h45 (de Brasília) de quarta-feira, está a três quarteirões da praça.

Na região onde o São Paulo ficará hospedado, por outro lado, o que predomina são prédios de até quatro andares, sem elevadores e um cheiro de maresia pela proximidade com a praia. O hotel Casa Andina, o prédio mais alto de Trujillo, fica no limite entre o segundo e o terceiro círculos que cercam a cidade, próximo a uma nobre área que abriga campos de golfe.

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Trujillo tem quatro tipos de táxis funcionando (Foto: Bruno Grossi)

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