Conselheiros do Santos fazem novo pedido de impeachment de Peres

Encabeçada por ex-presidente do Conselho, representação se baseia nas empresas do presidente que estariam em desacordo com artigo 61 parágrafo terceiro do Estatuto Social

Conselheiros do Santos fazem novo pedido de impeachment de Peres
(Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos)

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Depois de dois pedidos de impeachments já protocolados contra o presidente José Carlos Peres, um grupo de conselheiros do Santos voltou a pedir o impedimento do mandatário na tarde desta segunda-feira, ao protocolarem o documento na Secretaria do Conselho Deliberativo, na Vila Belmiro. O novo requerimento está encabeçado pelo conselheiro nato Esmeraldo Tarquinio, que já presidiu o órgão.

No documento, está a assinatura de 100 conselheiros do clube. A representação baseia-se na suspeita de que o presidente era sócio de duas empresas quando assumiu o cargo no Peixe, o que estaria em desacordo com artigo 61 parágrafo terceiro do Estatuto Social do clube alvinegro:

"Os membros do Comitê de Gestão são impedidos de ter qualquer tipo de relacionamento profissional com o santos, direta ou indiretamente, ou ser procurador de atletas, empresário de atletas, agente de atletas ou sócio de pessoas jurídicas que exerçam tais atividades", diz o trecho do estatuto referido acima.

Tarquínio alega que o fechamento da empresa Saga Talent, que tinha Peres como sócio, não invalida o pedido:

- Mesmo com o presidente fechando a Saga Talent em maio deste ano, ele cometeu infração estatutária grave. E mais, como um dos sócios da empresa está reivindicando 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão em uma ação judicial contra o Santos e contra a família do atleta se Peres alega que a vinda dele ao clube foi ‘de graça’? Como a empresa nunca atuou, se na coletiva para falar do caso ele afirma que ajudaram muitos meninos? A Comissão de Inquérito e Sindicância tem que apurar. Afinal, segundo a própria CBF em comunicado público, mesmo que tenha agido informalmente, como alega o presidente, ele exerceu, na condição de sócio da empresa, a função de empresários de atletas, o que infringe o nosso Estatuto - ponderou. 

O pedido foi assinado por 28 membros que fizeram parte da chapa Santástica União, encabeçada à época das eleições por Andrés Rueda, que faz parte atualmente do Comitê Gestor do clube, colegiado responsável por tomar todas as decisões que envolvem o futebol do Santos. 

Marcelo Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo precisará encaminhar o requerimento dos opositores à Comissão de Inquérito e Sindicância depois de recebê-los. Peres, então, será notificado e poderá apresentar sua defesa. Por Estatuto, caso Peres seja impedido de seguir no cargo, quem assume é o vice-presidente Orlando Rollo.

Outros dois pedidos de impedimento do presidente já foram protocolados neste ano. O primeiro acabou arquivado por Teixeira. O segundo, que assim como o inicial foi encabeçado pelo conselheiro Alexandre Santos e Silva, foi entregue à mesa do Conselho Deliberativo na semana passada. 

Entenda a questão
De maneira simplificada, os questionamentos dos conselheiros se baseiam nas duas empresas ligadas a Peres, a Saga Talent Sports & Marking e a Peres Sports & Marketing, as quais ele é acusado de usar para gerenciamento de atletas - algo que nega com veemência. Tal ato é proibido de acordo com o Estatuo Social do clube. Um dos sócios de Peres na Saga teria, inclusive, exigido 10% da venda de Gabigol à Inter de Milão, da Itália, em 2016. Já que tal empresa teria trazido o jogador ao Santos "de graça".

Ricardo Marco Crivelli, o Lica, gerente da base do Peixe em 2018 e afastado do cargo por acusação de abuso sexual, é também sócio de Peres na primeira empresa, que segundo o dirigente já foi encerrada e, em 2015, criou a Hi Talent Ltda. Um relatório da Comissão Fiscal do clube sobre a movimentação financeira no primeiro trimestre mostrou que o Alvinegro comprou 100% dos direitos econômicos do zagueiro equatoriano Jackson Porozo, de 17 anos, para o time sub-20, em fevereiro e que passará 20% de uma futura venda ao Manta (EQU) e 30% do lucro à Hi Talent.

A diretoria pagou 350 mil euros (cerca de R$ 1,5 milhões) pelo jovem, com vínculo até o final de 2021. O contrato não menciona o motivo das cláusulas acima. Tais questionamentos serão feitos nos pedidos de impeachment.

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