Veterano, Tiago Camilo se reinventa por feito inédito para o judô mundial

Judoca mais experiente da Seleção Brasileira faz readequação alimentar para minimizar os efeitos das lesões e sonha em se tornar o primeiro a faturar medalhas em três categorias<br>

Judoca Tiago Camilo competirá na Rio-2016 na categoria até 90kg
(Foto: Divulgação/CBJ)

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Referência da Seleção Brasileira de judô, Tiago Camilo mostra que o tempo não é inimigo do alto rendimento. Aos 34 anos, ele colocará o físico à prova nesta quarta-feira, em uma tentativa de entrar para a história do judô mundial. Na disputa dos médios dos Jogos Rio-2016, o paulista pode se tornar o primeiro judoca do planeta a esbanjar pódios olímpicos em três categorias diferentes.

Em Sydney-2000, Camilo fez a festa dos brasileiros quando ainda era um jovem de 18 anos, de pouca expressão no cenário internacional. Levou a prata e marcou seu nome entre os competidores até 73kg. Quatro anos depois, em Atenas-2004, passou em branco, mas se recuperou em Pequim-2008, com um bronze (81kg).

O tempo passou, e o judoca viu necessidade de ganhar peso. Em Londres-2012, subiu para a categoria atual e terminou em quinto, o que adiou sua tentativa da marca história. Ela ficou para a capital fluminense. As lesões o incomodaram no decorrer do processo, de modo que a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) e Comitê Olímpico do Brasil (COB) deram atenção especial ao físico do atleta.

– Procuro dormir e comer bem. Tenho profissionais que cuidam do meu corpo, fazem toda a parte preventiva, me alongando e tirando as dores musculares. Readequei um pouco minha suplementação, por causa do tempo, das lesões, da idade. Tudo o que posso venho fazendo para continuar tendo boa performance e continuar com chances de medalha – disse o judoca ao LANCE!

O uso de suplementos não é estimulado pelo COB. A entidade prefere apostar no trabalho nutricional baseado nos alimentos. Vale para a maioria dos esportistas. No entanto, os dirigentes colocam Tiago em uma lista de atletas "exemplares", que tem aval para consumir por conta própria o que considera ideal na sua preparação. 

– É muito tranquilo trabalhar com o Tiago. É um atleta experiente, concentrado, que está sempre se reinventando. Fez um ajuste na alimentação e, a partir das necessidades que possa vir a ter, suplementa. Não recomendamos isso em geral, mas ele é um caso a parte, com histórico brilhante – disse o gerente-geral de performance esportiva do COB, Jorge Bichara.

As preliminares da categoria até 90kg começam às 10h, e as finais, a partir das 15h30. O adversário de Tiago na estreia é o sul-africano Zack Piontek. No feminino, Maria Portela tenta uma medalha na categoria até 70 kg.

BATE-BOLA
Tiago Camilo, judoca do Brasil, ao LANCE!

LANCE!: Acha que as mudanças de categoria fizeram de você um atleta melhor?
Tiago: As mudanças de peso aconteceram naturalmente na minha vida esportiva, assim como as minhas conquistas. Em Londres, fiquei em quinto na categoria até 90kg, abaixo do que eu esperava, então agora o que mais quero é minha terceira medalha olímpica. Tudo o que venho fazendo na minha vida é por esse sonho. Foi sempre meu real motivo de tudo.

L!: Como tem sido o seu trabalho para se prevenir das lesões? 
Ti: O suplemento tem sido importante no período de treinos. Nas competições, a carga é menor. Quando você percebe a sua recuperação caminhando, é o efeito do suplemento. Infelizmente, os que eu compro não são do Brasil, mas importados. Tenho de conseguir fora, porque a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não permite que sejam vendidos aqui. Eles ajudam muito em minha recuperação física, de lesões.

L!: O COB não estimula suplementos. Você compra por sua conta?
T: Sim, eu mesmo tenho de pagar. É aquele ditado, ou você chora ou vende lenço, né? (risos) Se eu encontro um problema, procuro solucionar dentro das minhas possibilidades. Quando viajo, sempre compro o que preciso. Estamos sempre viajando. É uma possibilidade de você resolver a sua questão. Não podemos nos acomodar com as situações.

L!: Como é ser o mais velho na Seleção. Você sente que é uma referência?
T: Sou como eles. Ainda sou atleta. Obviamente, tenho uma representatividade maior, pelo tempo que tenho na Seleção, pelas conquistas olímpicas. Quando cheguei no time, existiam ídolos que já pararam. No futuro, eles é que irão desempenhar este papel. É o ciclo do esporte e da vida. Fico feliz de estar na minha posição, sei da minha responsabilidade e o quanto o convívio com os mais velhos foi importante para mim. Se eu estiver somando, estarei feliz.

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