‘Não faríamos nada diferente’, diz COI sobre polêmica no Parque Olímpico

Em encerramento da visita da Comissão de Coordenação do comitê ao Rio, marroquina Nawal El Moutawakel minimiza questão. Crise política também foi tema de coletiva

Eduado Paes e Nuzman
Eduado Paes, Nawal El Moutawakel e Carlos Arthur Nuzman inauguraram na úlltima segunda-feira o Centro de Mídia olímpico (Foto: AFP)

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O encerramento da visita da Comissão de Coordenação (Cocom) do Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, a última antes do início dos Jogos Olímpicos, foi em tom de despedida, e teve também momentos embaraçosos e delicados.

O grupo liderado pela marroquina Nawal El Moutawakel concluiu os três dias de reuniões com o Comitê Rio-2016 e as visitas às instalações dos Jogos Olímpicos Rio-2016 com uma entrevista coletiva à imprensa brasileira e internacional. E dois temas se sobressaíram nas perguntas dos repórteres: a crise política e econômica vivida pelo país, e a alteração no plano de construção do Parque Olímpico da Barra, promovido pela prefeitura do Rio e feito a pedido das empreiteiras que participaram da construção de parte do complexo, por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada).

O COI e a cúpula do Comitê Rio-2016 exaltou os progressos feitos na organização do megaevento e os "projetos fantásticos" dos Jogos, como ressaltou Nawal. Mas os membros também tiveram de encarar questões nem tanto positivas, como a ameaça de impeachment à presidente Dilma Rousseff a pouco menos de quatro meses para a Olimpíada.

Sobre este tema, os entrevistados fizeram questão de reforçar que, até o momento, a organização dos Jogos Olímpicos não foi afetada por isso. Por outro lado, Nawal disse que o COI estará atento às movimentações neste fim de semana, em que o impeachment terá sua primeira votação, na Câmara dos Deputados.

- O COI é uma organização apolítica e apartidária. Estamos indo adiante com nosso trabalho. Apesar do ambiente político e econômico, isso não está criando impacto nos Jogos. Tudo está sendo entregue a tempo. Estamos avançando com a operação dos Jogos, e esperamos o resultado (da votação) de domingo da situação política - disse Nawal.

As autoridades também enfrentaram as questões sobre as mudanças no projeto do Parque Olímpico da Barra. Nesta quarta-feira, o site UOL publicou reportagem em que o plano de construção foi alterado pela prefeitura do Rio em 2012 para favorecer as empreiteiras Andrade Gutierrez, Odebrecht e Carvalho Hosken, que participaram da construção de parte do complexo por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada). Nas investigações da operação Lava Jato, Paes seria um dos beneficiados por dinheiro da Odebrecht.

Tanto o COI quanto o Comitê Rio-2016 se eximiram de qualquer responsabilidade no caso, apesar do comitê internacional ter aprovado a solicitação.

- Pediram para que nós revisássemos isso na época, com um novo plano racional do ponto de vista de legado. Ouvimos na época que a mudança era necessária. Vemos que é racional a forma como as coisas foram construídas. A decisão foi primeiro no sentido do legado e no impacto da operação, e quando levamos isso em conta, o plano foi adaptado - falou Christophe Dubi, diretor executivo do COI.

Nawal El Moutawakel seguiu a mesma linha. 

- Não faríamos nada diferente. Conhecemos os nossos amigos da prefeitura e do Comitê Rio-2016. Sabemos que eles têm trabalhado com toda a transparência, alinhados com a Agenda 2020 - falou a presidente da Comissão de Coordenação, antes de passar a palavra a Nuzman.

- O Comitê Organizador usa recursos privados, é auditado interna e externamente. O comitê não faz obras, não tem construções - falou o presidente do Comitê Rio-2016.

Esta foi a décima e última visita da comissão. No entanto, o COI fará visitas regulares ao Rio de Janeiro até a Olimpíada.

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