Medo de atentados quase tira atleta do tênis de mesa de evento-teste

Quatro vezes medalhista de ouro em Pan-Americanos, Thiago Monteiro cogitou não vir ao Brasil após ataques na França, onde mora. No país desde 2001, ele diz não entender os atos<br>

Thiago Monteiro
Thiago Monteiro durante o Chile Open de tênis de mesa, em setembro (Foto: Divulgação/ITTF)

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Em quatro dias, Thiago Monteiro viveu um turbilhão de emoções. Terceiro melhor brasileiro da elite do tênis de mesa (123 no ranking), ele cogitou até permanecer na França, onde mora, e perder o Torneio Internacional, evento-teste dos Jogos Rio-2016, que começou na última quarta-feira e vai até sábado, no Pavilhão 4 do Rio Centro.

Com medo dos atentados que feriram Paris e deixaram 129 mortos na última sexta-feira, o brasileiro queria evitar locais com aglomerações, como aeroportos e estações de trem, possíveis alvos de atos terroristas. A família pediu que o atleta comunicasse a ausência à Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). Mesmo assim, ele veio.

Dono de quatro medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos (2003, 2007, 2011 e 2015), o veterano de 35 anos voltava de Estocolmo (SUE) para Argentan, comuna de cerca de 15 mil habitantes e localizada a 200 quilômetros da capital, onde vive com a esposa e o filho de três anos, no dia dos ataques. Ficou a poucas estações do centro do terror. No país, que tem tradição no tênis de mesa, ele defende o Istres e sonha com a Rio-2016.

— No domingo, tive de pegar o trem para o aeroporto (de Paris, para vir ao Brasil) e não estava tranquilo. Minha família lia as notícias de que os atentados poderiam continuar e queria que eu ficasse. A segurança aumentou, mas não estou livre – disse o atleta, que mora no país desde 2001 e tem até cidadania francesa.

Após a saída de Hugo Hoyama da Seleção, em Londres (ING), em 2012, o cearense se tornou o mais velho da equipe. Hoje, os melhores colocados do Brasil são Gustavo Tsuboi (41º), de 31, e Hugo Calderano (71º), de 19. Lesionados, eles não disputam o evento-teste. O “tiozão” conta que, ao vir, levou em conta a importância do torneio para a CBTM. Mas ainda está assustado com o terrorismo.

— Parece algo fora da realidade. Foge do meu entendimento. Sei que a França faz intervenções no Oriente Médio, mas é um país que acolhe muita gente. São grandes defensores dos direitos do homem — afirmou.

O Brasil tem vagas asseguradas na Olimpíada, tanto no individual quanto por equipes, por ser sede. Calderano é o único nome já garantido, pelo ouro no Pan de Toronto (CAN). Outros disputam o pré-olímpico de Santiago (CHI), em abril.

O evento-teste reúne atletas de Brasil, Argentina, Chile e Grã-Bretanha. Como não conta pontos no ranking, os maiores nomes ficaram fora. De estrangeiros, há somente dez.

Para o Comitê Rio-2016, o torneio vale para testar a área de competição e, o sistema de resultados e o trabalho dos voluntários. Algumas das preocupações são o fluxo de ar, devido à sensibilidade da bola, e a iluminação, que pode afetar os atletas.

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