Martine e Kahena: Favoritismo com direito a macete para se livrar do lixo

Dupla brasileira da vela começou a se concentrar na Urca para as regatas. Assunto sujeira na Baía de Guanabara incomoda pela falta de soluções apresentadas para a Rio-2016

Kahena Kunze e Martine Grael 
(Foto: Igor Siqueira)

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Elas têm a mesma idade - 25 anos -, são filhas de ex-velejadores, nutrem a mesma paixão por atividades junto à natureza e, juntas, já conseguiram ser campeãs do mundo. Com muita coisa em comum e um entrosamento de longa data, Martine Grael e Kahena Kunze chegam à Rio-2016 como uma das esperanças de medalha na classe 49erFX da vela, apesar de serem estreantes em Jogos Olímpicos.

A estratégia, além de muito treinamento - mesclado com períodos de alívio de tensão e relaxamento, conta até com meios de driblar um possível obstáculo indesejado nas águas da Baía de Guanabara, a sujeira.

- Muito pouco foi feito e o que foi feito não foi o que gostaríamos de ter visto. Tá igual. Temos nossos macetes para tirar lixo. Velejamos aqui a vida inteira, mas já estamos acostumadas. Espero que estejamos ligados para não bater em alguma geladeira - disse Martine, que, apesar de não haver mais jeito de mudança para a Rio-2016, cobra as autoridades:

- Ainda dá tempo de começar algo a longo prazo. O problema é que os políticos geralmente gostam de fazer as coisas a curto prazo e não funciona. O trabalho de saneamento, coleta de lixo, reciclagem, educação pode começar agora.

Tanto Martine quanto Kahena têm o local que será destinado às raias olímpicas como "quintal de casa". Treinam há muito tempo nas águas nada cristalinas e já perderam a paciência com a inércia e até algumas perguntas sobre o quanto a sujeita incomoda.

- Vocês (jornalistas) estão cansados de falar sobre a Baía. Para a gente, é muito chato falar sobre isso. Acho que já deu. Basta olhar para a água para saber como está. Para mim, chega desse assunto - disparou Kahena.

Campeãs mundiais em 2014, medalha de prata no Pan-2015 e uma série de pódios em etapas da Copa do Mundo, as meninas evitam embarcar no discurso de euforia pela chance real de serem donas do primeiro ouro olímpico da vela feminina.

- É difícil falar de favoritismo. Acredito que as dez primeiras têm muita chance de medalha. Ainda mais numa raia que é tão difícil, Os três que ganharem serão realmente muito bons. Estamos querendo chegar lá e não vai ser muito fácil - disse Kahena, seguida por Martine:

- Vai ser a primeira olimpíada da nossa classe. Então, todas as meninas têm evoluído bastante. Acho que isso é legal de ver.

FATOR CASA AMENIZADO

Apesar da felicidade por competirem em casa, a turma da vela vê menos vantagem do que outras modalidades por estarem no Rio. É que várias equipes começaram a treinar com muita antecedência nas águas cariocas e conseguiram "tirar a diferença" no fator surpresa.

- Podemos esperar qualquer coisa. Essa é a nossa vantagem. Porque qualquer coisa vai ser normal. Mas as meninas estão vindo tanto aí... se a gente tinha alguma vantagem por ser da casa, está tudo igual - comentou Martine. 

Martine e Kahena, assim como toda a equipe de vela do Brasil, chegaram na noite de segunda-feira à concentração na Escola de Educação Física do Exército, na Urca, Zona Sul do Rio. É uma forma de ficarem mais perto da água para os treinamentos. As regatas olímpicas começam no dia 8 de agosto. Para a dupla da 49er, no dia 12.

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