Lei obriga salva-vidas a ajudar Phelps a não se afogar na Rio-2016

Jogos Olímpicos tiveram que se adequar a norma estadual e dois profissionais ficam à beira da piscina do Parque Aquático para socorrer atletas em qualquer imprevisto dentro d’água

A atuação dos salva-vidas nos Jogos Olímpicos deve-se à lei estadual 3728
(Foto: Fábio Suzuki)

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Qual a chance do americano Michael Phelps, o maio maior medalhista olímpico de todos os tempos, se afogar na piscina do Parque Aquático dos Jogos Rio-2016? Nenhuma, certo? Mas é imaginando uma situação dessa que os salva-vidas - ou guarda-vidas, como preferem ser chamados – Fernando Pereira e Josué dos Santos trabalham 8 horas por dia no local que concentra os melhores nadadores do mundo durante a Olimpíada do Rio.

Eles fazem parte de uma equipe de oito salva-vidas que se revezam em dois turnos e nas duas piscinas do Parque Aquático durante a Rio-2016 para não deixar que nenhum atleta se afogue. Na verdade, essa não é a única preocupação. Como estão acostumados a lidar com os mais diversos imprevistos dentro d’água, eles sabem que todo o cuidado é pouco.

- Os atletas estão em seu esforço máximo, treinando há vários dias, e qualquer coisa pode ocorrer, desde uma simples câimbra a um mal súbito. Então, temos que ficar sempre atentos – afirmou Fernando.

A atuação dos salva-vidas nos Jogos Olímpicos deve-se à lei estadual de número 3728 sancionada em 2001 pelo ex-governador Anthony Garotinho. Desde então, qualquer piscina com dimensões superiores a 6m x 6m e localizadas em condomínios residenciais, hotéis, academias, clubes sociais ou esportivos é obrigada a ter ao menos um salva-vidas no local.

Enquanto muitos pagaram até R$ 900 para ver uma final das arquibancadas, os profissionais têm acompanhado as provas de um local privilegiado, a cinco metros das piscinas e vendo de perto os melhores nadadores do mundo.

- Foi sensacional ver ele (Phelps) nadando. Teve um dia que ele saiu de quarto pra segundo colocado no borboleta nos últimos metros. É uma experiência que vou lembrar pra sempre – diz Josué.

A tensão maior para os salva-vidas, entretanto, ocorre na piscina de treinos do Parque Aquático, onde mais de 100 atletas chegam a nadar ao mesmo tempo. Apesar da preocupação, o único momento que tiveram que entrar em ação foi quando uma cinta elástica utilizada nos treinos arrebentou e acertou as costas de uma nadadora sem gravidade. Já na piscina principal, Josué teve que entrar na água para resgatar uma câmera de filmagem que acabou caindo por descuido do cinegrafista ainda antes das competições começarem.

Mas a possibilidade de acompanhar de perto a Olimpíada do Rio não caiu do céu para eles. Um processo seletivo foi realizado com mais de 100 candidatos e 70 salva-vidas foram selecionados para atuar em todas as instalações olímpicas da Rio-2016 onde as disputas ocorrem na água, como nas provas de saltos no Maria Lenk e canoagem em Deodoro.

Os profissionais ainda reclamaram da repercussão negativa nas redes sociais sobre o trabalho deles na natação. Uma foto rodou a internet citando que a atuação dos salva-vidas no evento era o trabalho mais inútil dos Jogos, o que eles rebatem.

- Nossa função não é só o salvamento, mas também a prevenção. Todo o entorno da piscina é de nossa responsabilidade. Alguém pode escorregar ou acontecer alguma coisa e temos que ser os primeiros a fazer o atendimento – explica Fernando.

Já que ver Michael Phelps virou rotina, eles esperam agora poder acompanhar alguma outra modalidade. Fernando quer ver os jogos de basquete enquanto Josué quer ver Neymar atuando pela Seleção olímpica de futebol. Mas uma dúvida ainda os impedem de realizar esse desejo: eles ainda não sabem se a credencial que eles têm permite o acesso a outras arenas.

- Estou com essa dúvida. Se puder, vou aproveitar um tempinho livre e dar um pulo aqui do lado pra ver o Brasil jogar – comentou Fernando.

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