Investigação aponta indício de desvio de R$ 85 milhões em obra olímpica

Órgãos de controle levantam suspeita de falsificação nos registros de volume de resíduos no Complexo Esportivo de Deodoro. Prefeitura afirma que mantém repasses bloqueados

O Circuito de BMX receberá os ciclistas da modalidade em Deodoro (Foto: Renato Sette Camara)
O Circuito de BMX receberá os ciclistas da modalidade em Deodoro (Foto: Renato Sette Camara)

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Uma das principais áreas de competições dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, o Complexo Esportivo de Deodoro foi um dos alvos de oito mandados de busca e apreensão nesta terça-feira para apurar indícios de fraude na prestação de serviços de obras voltadas ao megaevento.

A suspeita é que as irregularidades tenham causado prejuízos de cerca de R$ 85 milhões, de acordo com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle (MTFC), antiga Controladoria-Geral da União (CGU).

As investigações apontam superfaturamento, contratação de empresa "laranja" e falsificação de documentos por parte do consórcio Deodoro, formado pelas empreiteiras Queiroz Galvão e OAS, em uma tentativa de simular o transporte e o descarte de resíduos das obras na área norte do Complexo.

O conjunto em questão custou R$ 643,7 milhões ao Governo Federal. Uma parte dos recursos (cerca de R$ 130 milhões) está bloqueada desde março pela Justiça Federal por suspeitas de irregularidades na documentação de serviços de terraplanagem. A maior parte dos equipamentos já foi entregue, o que ocorreu graças a repasses da Prefeitura e recursos próprios da Queiroz Galvão.

Órgão da administração municipal responsável por monitorar as obras da Rio-2016, a Empresa Olímpica Municipal (EOM) afirma que não foi feito qualquer repasse sobre os serviços alvos de questionamento desde o início da investigação. E que não isso não acontecerá até que os problemas sejam esclarecidos.

"A prefeitura reforça que, enquanto não forem apresentados aos órgãos de controle da União os documentos adequados e comprovantes de prestação de contas, os pagamentos continuarão suspensos", informou a EOM, em nota.

O Centro de Tiro Esportivo é a obra mais atrasada em Deodoro, o que gerou alertas da Federação Internacional (ITTF) no evento-teste, disputado em abril. O local vai receber ainda competições de canoagem slalom, ciclismo BMX, mountain bike, hóquei sobre grama, pentatlo moderno, rúgbi e hipismo. 

"O consórcio responsável pelas obras do Complexo Olímpico de Deodoro informa que já prestou os esclarecimentos necessários às autoridades competentes. O consórcio esclarece ainda que a alteração do custo de transporte de resíduos se deve ao acréscimo da quantidade de material transportado, o qual não estava previsto inicialmente no projeto básico. Tal alteração não impactou o valor total da obra estipulado em contrato", informou o Consórcio Deodoro.

Na área sul do Complexo Esportivo, o Centro de Hipismo, de responsabilidade de outro consórcio, passa por ajustes finais.

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