O Dia Olímpico: ‘Passe perrengue e ainda fique contente’

Cobertura dos Jogos Olímpicos impõe inúmeros desafios aos jornalistas em busca de suas 'medalhas de ouro' na Rio-2016

Mariana Silva ficou perto de conquistar medalha no judô<br>
Foto: Toshifumi KITAMURA / AFP

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Para um jornalista, cobrir uma edição da Olimpíada tem o mesmo valor para um atleta que se classifica para os Jogos. A sensação é bem parecida. São quatro anos de ralação na tentativa de conseguir uma vaga no evento. Com a diferença de que, enquanto os competidores ainda podem conquistar uma medalha, os objetivos da imprensa são outros – trazer as melhores informações para os seus leitores é um deles. E isso dá trabalho. Muito trabalho. Muito trabalho mesmo.

Apesar de todos os “perrengues”, não há como estar em uma Olimpíada e não se impressionar. Estão ali na sua frente os melhores atletas do mundo, as arenas olímpicas do Rio ficaram espetaculares, o clima é de festa. Mas reportar tudo isso exige pequenos sacrifícios pessoais, que no fim das contas compensam todas as experiências vividas em duas semanas malucas.

Em primeiro lugar, engana-se aqueles que acham que os jornalistas que cobrem uma Olimpíada conseguem assistir e acompanhar os Jogos. É verdade que, naquela competição em que você está, in loco, é possível vivenciar todos os mínimos detalhes. Nada substitui a arquibancada. Mas, ao mesmo tempo, você acaba praticamente alheio a todo o resto. Cobrir um dia de ginástica artística ou de natação é ficar totalmente por fora do que se passa no basquete, no tênis de mesa ou no vôlei. Uma pessoa no sofá de casa, com o controle remoto na mão, é capaz de ficar mais bem informado do que os próprios jornalistas no Rio.

Além disso, em uma Olimpíada, comer bem é um luxo. E a definição disso, neste caso, é ter um tempo razoável para fazer uma refeição básica, com arroz e feijão. Na maior parte do tempo, os repórteres se alimentam de sanduíches ou o que tiver pela frente, nos minutos escassos entre uma competição ou outra.

O mesmo vale para o descanso. Os repórteres que estão na cobertura de algumas modalidades noturnas na Rio-2016, como na natação (meu caso atualmente), vôlei, entre outras, entram madrugada adentro com o trabalho. Deitar na cama às 2h (isso quando ela não se quebra, o que também aconteceu comigo) tem sido o horário mínimo por estes dias. Isso sem contar a distância da família, a correria, os estresses, entre outras coisas.

E sabe o que é pior? Tudo isso dá um imenso prazer. Os pequenos sacrifícios ficam, mas as histórias permanecem para o resto da vida. Este é o dia olímpico de um jornalista!

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