Americana supera deficiência auditiva para virar exemplo no Rio

Aos 37 anos de idade, Tamika Catchings, ala da seleção feminina de basquete dos Estados Unidos, nasceu com o problema e disse, ao LANCE!, que não teve em quem se espelhar

Tamika Catchings - Basquete
(Foto: Jesse D. Garrabrant/AFP)

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Camisa 10 da seleção americana feminina de basquete, favorita ao ouro na Olimpíada do Rio de Janeiro, Tamika Catchings teve que superar um obstáculo a mais que as companheiras para chegar até onde chegou. Nesta terça-feira, às 18h45, a ala-armadora encara o Japão como uma das capitãs dos Estados Unidos, pelas quartas de final dos Jogos, para provar mais uma vez que a deficiência auditiva não é obstáculo para seu sucesso.

Aos 37 anos de idade, Catchings tem uma carreira bem sucedida dentro de quadra. Campeã da WNBA em 2012, quando foi eleita MVP das Finais, e com o título de MVP da temporada regular um ano antes, a estrela, que nasceu com a deficiência, quer servir como exemplo para quem tem de encarar o problema.

– Para mim, e para o que eu fui capaz de superar... Olha, eu nunca encarei o meu problema de audição como um problema, sempre encarei como algo que Deus me deu. Aprendi a viver com ele e fui um pouco bem sucedida com ele (risos). Espero que isso possa dar esperança para as crianças, saber que quando você trabalha muito, muito duro as coisas dão certo – disse Catchings, ao LANCE!, em coletiva da seleção.

– Tive muitas pessoas que estiveram ao meu lado: minha família, meus fãs, técnicos, professores... muita gente que me apoiou o tempo todo. Mas nunca tive um modelo. Nunca olhei para alguém e pensei "olha, sou como aquela pessoa". Então, espero que as pessoas possam olhar para mim e para o sucesso que tive como um exemplo – completou.

Por conta de sua postura, Catchings é muito respeitada pelas colegas fora da quadra. Premiada por um conceituado hospital especializado na deficiência em Boston, a ala é presidente da Associação de Jogadores da WNBA há quatro anos.

Nesta terça-feira, Catchings dá mais um passo para virar exemplo de superação e sucesso. O Japão que se cuide!

EM OLIMPÍADAS

2004
Catchings foi campeã olímpica com médias de 6,9 pontos e 5,4 rebotes por exibição. Foi a sexta maior cestinha da seleção.

2008
Catchings foi bicampeã olímpica com médias de 6,8 pontos e 4,4 rebotes por exibição. Foi a oitava maior cestinha da seleção.

2012
Catchings foi tricampeã olímpica com médias de 6,1 pontos e 4,9 rebotes por exibição. Foi a nona maior cestinha da seleção.

2016
Catchings tem 3,8 pontos e três rebotes por jogo no Rio.

NÚMEROS

4: Times que Catchings defendeu nos intervalos da WNBA, liga em defende o Indiana Fever desde seu Draft em 2002.

10: Anos desde que Catchings foi medalha de bronze jogando no Brasil, no Mundial disputado aqui em 2006.

10: Número de vezes que Tamika Catchings disputou o All-Star Game da WNBA.

COM A PALAVRA
Antonio Carlos Pinheiro Gama de Almeida, professor de educação física na Derdic/Iesp/Puc desde 1979:

O esporte é uma das estratégias mais importantes para inclusão, ele é o parâmetro de igualdade entre uma pessoa com deficiência e uma sem. Se um surdo está praticando basquete, vôlei, handebol, natação, você não detecta, porque o desenvolvimento motor pode ser normal. Ele tem um comprometimento de equilíbrio, mas você trabalhando e desenvolvendo, pode chegar a um nível normal.

Esporte é mais eficiente para surdez do que, por exemplo, para um cadeirante. Tem que ser adaptado. Surdo precisa adaptar muito pouca coisa, como um comando maior de mãos, um gestual mais evidenciado para que ele saiba o que fazer. O surdo, para ser incluso, tem um caminho muito adequado, basta que eles queiram e que as pessoas deem atenção para isso, voltem-se para o problema. Isso é resolvido de maneira tranquila, desde que seja feito direitinho.

Outro aspecto em que o esporte é muito importante é para que ele se inclua nas questões sociais dele. Exemplo: Um surdo que jogue bem vôlei. Se essa pessoa vai para uma praia, pode pedir vaga em uma rede e ali se incluir. Vai saber sacar, levantar, passar, e dali ele pode ser convidado para tomar uma cervejinha depois. Na comunicação, se resolve depois. É fácil. Importante ele ter um caminho de entrada que dê para os dois uma identificação. O esporte dá isso. Passa a ter um ponto de normalidade que dá a ele equiparação.

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