Da ‘quase queda’ à glória, Nobre reconstrói futebol com Mattos
Após resultados ruins na primeira gestão, Nobre ganha dois títulos com Mattos à frente do futebol e entrega clube muito fortalecido. Diretor chega ao tri brasileiro em quatro anos
Depois de quase cair em 2014, Paulo Nobre iniciava seu segundo mandato, no fim do mesmo ano, sob forte pressão. O dirigente já tinha bons resultados economicamente, mas o futebol preocupava. Para o último passo da reconstrução, falou com Alexandre Mattos, responsável por montar os elencos do então Cruzeiro bicampeão brasileiro (2013–2014):
– Dá para ser campeão brasileiro em dois anos? – questionou Nobre ao então diretor da Raposa.
O desafio seduziu o mineiro. Em um clube mais organizado após anos ruins, o dirigente contou com as rendas do Avanti, das bilheterias do Allianz Parque e posteriormente com o dinheiro da Crefisa para fazer o Verdão voltar aos holofotes – dentro e fora de campo. A contratação de Dudu foi a principal cartada no início de sua gestão.
Ao todo, foram 38 reforços, com erros, mas mais acertos, como havia se comprometido a fazer o homem forte do futebol. Após ganhar a Copa do Brasil, a reconstrução atingiu o seu último passo neste Brasileiro.
Nobre deixa o Palmeiras no dia 14 de dezembro. Assumiu o clube com apenas 25% das receitas, endividado e como solução injetou mais de R$ 200 milhões nos cofres – o Verdão já vem pagando o dirigente desde 2014.
Ele entregará a Maurício Galiotte, seu vice e novo presidente, o clube com o maior patrocínio do Brasil (R$ 78 milhões/ano, contando a contratação de Lucas Barrios), programa de sócio-torcedor forte e dinheiro em caixa com a venda de Gabriel Jesus e o acerto com o Esporte Interativo. Ainda bancou boa parte da reforma da Academia.
Mattos, provavelmente, fica. Vencedor de três brasileiros nos últimos quatro anos, ele já começou a montar o elenco de 2017. Com a estrutura criada nesses quatro anos, o Palmeiras tem tudo para seguir entre os maiores do futebol brasileiro.
QUANTAS MUDANÇAS...
Dificuldades - Quando Nobre assumiu o clube, o patrocinador estava prestes a sair (Kia), as cotas de TV tinham sido adiantadas por outras gestões e as receitas eram escassas. Montou o time para a Série B com empréstimos e trocas – a de Barcos foi a mais polêmica.
Parecia bom, mas... - Paulo bateu na tecla de austeridade econômica e fez bem isto. O acesso veio com facilidade em 2013. O terror seria o centenário, em 2014.
Desespero e alívio - Em 2014, a gestão foi detonada ao perder Alan Kardec para o rival São Paulo. Nobre demitiu Kleina, trouxe Gareca e Dorival Júnior, mas nenhum deu certo. O time chegou até a última rodada no novo Allianz Parque tendo chance de cair. Foi salvo também pela vitória do Santos. Apesar disso, foi reeleito, sob forte pressão da torcida.
Reset - Logo após o fim do Brasileiro-2014, mandou embora Dorival, Omar Feitosa, então gerente de futebol, e José Carlos Brunoro, diretor-executivo. Buscou Cícero Souza e Alexandre Mattos para cuidar do futebol.
Vitrine - Com a nova diretoria, tornou-se vitrine no mercado nacional. O título veio no fim de 2015, na conquista da Copa do Brasil. Nobre agradeceu a Brunoro, Omar, Dorival, Kleina e Gareca por terem “colocado a mão na lama” e ajudado até o título. Apesar da queda frustrante na Libertadores de 2016, agora dominou o Brasileiro.
Finanças - A dívida com Nobre é abatida mensalmente, e o clube vai bem, já que houve uma explosão nas receitas. Só o acerto com o Esporte Interativo gerará luvas de quase R$ 100 milhões.