Garoto-problema? No Verdão, Erik é conhecido como humilde e gente boa

No Palmeiras, jovem passa longe da fama de ruim dos tempos de Goiás e <br>começa a conquistar espaço com Cuca. Ao L!, ele lembra origem humilde

Erik - Palmeiras (FOTO: Cesar Greco/Palmeiras)
No Palmeiras, Erik aparece sempre sorridente (FOTO: Cesar Greco/Palmeiras)

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Erik recebeu o LANCE! com um sorriso no rosto, deixou a cargo da reportagem a escolha do local da Academia de Futebol em que a entrevista seria realizada e, após 20 minutos de bate-papo, despediu-se ainda sorridente. "Desculpa qualquer coisa!", disse.

Quem convive com o atacante de 22 anos no Palmeiras tem dificuldade para acreditar que se trata da mesma pessoa que Hélio dos Anjos, treinador que chegou a afastá-lo no Goiás no ano passado, definiu como "o pior que peguei na vida, em todos os sentidos". Sérgio Rassi, presidente do Esmeraldino, disse à época que o jogador chegava em cima da hora aos treinos e não se dava bem com os colegas.

No Palmeiras, é comum ouvir as pessoas exaltando o quanto o atacante é "humilde e gente boa". Nem o primeiro semestre abaixo do esperado foi capaz de tirar-lhe o sorriso.

- Eu vim de um berço bastante humilde e sou um cara sempre sorridente. Às vezes as pessoas veem o cara sorrindo demais e acham que está esnobando, mas eu sempre fui muito feliz, muito divertido. Gosto de plantar o bem - declarou o garoto.

Erik soube esperar e começou a retomar o seu espaço ao substituir o poupado Dudu e marcar um gol na vitória por 3 a 1 sobre o Sport. Foi mantido no time no empate por 1 a 1 com o Santos, quando Cuca não podia contar com Gabriel Jesus e Róger Guedes, e emendou o terceiro jogo seguido como titular contra o Inter, dessa vez colocando Dudu no banco por opção da comissão técnica. Fez o gol da vitória por 1 a 0 e é um dos candidatos a atuar mais adiantado amanhã, contra o Galo, no posto que ficou vago com a ida de Jesus à Olimpíada.

Quando cita a origem humilde, Erik não está exagerando. Antes de mudar-se para a casa do tio, em Goiânia, e entrar para a escolinha do Goiás, ele morava com o pai, a mãe e o irmão em um sítio localizado a 100 km da pequena Novo Repartimento (PA). Em seus primeiros anos, não tinha o luxo da energia elétrica.

- Moramos em uma casa de barro coberta de palha. Quando eu estava saindo de lá, meu pai estava construindo uma de madeira. Peguei isso tudo, lamparina... Coisas que pessoas da cidade não conhecem.

Diante de mudanças tão grandes na vida, firmar-se como titular não parece uma meta tão desafiadora.

A TRAJETÓRIA DE ERIK


Infância - Erik nasceu em Novo Repartimento, município com pouco mais de 65 mil habitantes no Pará, mas morava em um sítio a 100 km de lá. O pai cuidava da lavoura e a casa era de barro, sem energia elétrica.

Ida a Goiânia - Aos 10 anos, Erik foi para Goiânia morar com um tio e cursar a sexta série. Ele fez os primeiros anos do ensino fundamental no interior, na escola municipal em que sua mãe era professora. Na capital goiana, começou a treinar na escolinha do Goiás e foi chamando a atenção.

Virou promessa - Erik costumava jogar em categorias superiores à sua, enfrentando meninos mais velhos. Passou por todas as categorias da base esmeraldina até ser o artilheiro da Copinha de 2013, com oito gols. Explodiu na temporada seguinte, com 17 gols em 48 jogos no profissional. Foi eleito a revelação do Brasileiro.

Problema e saída - 
Fez 19 gols em 48 jogos em 2015, ano marcado pelo período de afastamento sob o comando de Hélio dos Anjos. De volta ao time após a saída do técnico, convenceu o Palmeiras a comprá-lo em dezembro.

Confira um bate-bola exclusivo com Erik:


Você costuma se definir como um caipira. Como se adaptou a SP?
Eu sou mais na minha, mais sossegado. A adaptação não é fácil, mas eu já estou bem ambientado. O início sempre é difícil, mas está tudo tranquilo, já sei os melhores caminhos e os piores também (risos). O trânsito é complicado, né? Até o clima é bastante diferente, em Goiás faz bastante calor. Esses dias acabei vindo de bermuda e estava muito frio (risos). Na hora que desci do carro as pernas congelaram, eu vim correndo para o vestiário. Mas foi só essa vez mesmo. Já peguei um pouco de trânsito, mas sempre procuro usar o aplicativo.

Quem convive com você aqui não entende seu afastamento no Goiás e as declarações fortes do Hélio dos Anjos. Você mudou?
Fiquei fora e chegava sorrindo, brincando com os meninos que não eram relacionados. Foram quatro, cinco jogos em que fiquei fora, torcendo pela equipe em casa, sem me preocupar. Uma hora ou outra eu voltaria. Quando voltei, tinha sido convocado para a Seleção do Pan, fiz um gol contra o Fluminense e dediquei para minha família e os funcionários do clube. Eu sempre fui assim, cara. Acho que muita coisa foi causada em volta de mim e eu fiquei em silêncio. Ele simplesmente não me levou para as partidas. Até hoje eu nunca dei uma resposta para ele e nem vou dar.

Você está sempre brincando. É de colocar apelidos nos outros?
Eu sou daquela galera que gosta de brincar, conversar. Os caras falam que o Thiago Santos é o Petrúquio. O Vitinho, eu confesso que fui eu que coloquei o apelido, é Helio de la Peña.

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