Até conta de luz causa atrito entre Palmeiras e WTorre

Às vésperas de o Allianz Parque completar um ano de sua abertura, parceiros divergem por valores cobrados em dias de jogos. Clube não tem recebido repasses da construtora

Allianz Parque (foto:Ari Ferreira/LANCE!Press)
Palmeiras e WTorre assinaram um contrato de 30 anos pelo Allianz Parque (foto:Ari Ferreira/LANCE!Press)

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Parceiros por contrato, mas adversários na Justiça, Palmeiras e WTorre vivem um novo impasse nesta tortuosa relação. Nem a construtora tem feito o repasse dos ganhos percentuais do clube por eventos na arena, em uma dívida que se aproxima dos R$ 2 milhões, nem tem recebido aquilo que considera ser reembolso de custos em dias de jogo do Verdão, de cerca de R$ 4 milhões.

Segundo o contrato, o Palmeiras precisa reembolsar a WTorre dos custos e despesas em energia, segurança, água e seguros quando o clube usa o estádio, todos devidamente comprovados. No meio do ano, a construtora entregou a conta dos primeiros 26 jogos no Allianz, cobrando os R$ 4 milhões. Pessoas ligadas ao clube ouvidas pela reportagem explicam que o Verdão concorda em pagar, mas não concorda com os números justamente por não ter recebido comprovantes dos gastos, além de questionar algumas cobranças.

Uma fonte ligada à WTorre, por sua vez, contou que a partir do momento em que houve a divergência nos valores, as reuniões para prestações de contas pararam, e as partes têm tratado do tema por notificações judiciais. O LANCE! apurou que a tendência é de que este seja mais um ponto a ser debatido na segunda arbitragem entre as partes, iniciada após a construtora contestar a forma como o clube define os descontos de ingressos a sócios-torcedores. Esta discussão deve rolar por mais dois anos, enquanto o primeiro processo na corte arbitral, que definirá quantas cadeiras cada parte terá no novo Palestra Itália, agora deve se encerrar apenas no meio do ano que vem.

Diante do fim das citadas reuniões entre os parceiros, o Palmeiras já não recebe os repasses de eventos no Allianz Parque desde maio e o valor devido pela parceira chegará a cerca de R$ 1,8 milhão após o vencimento do pagamento da multa pelo partida contra o Sport, que ocorreu no Pacaembu.

O L! ouviu de empresas que negociam com a Allianz Parque que a situação financeira da WTorre ainda é delicada, mas a construtora explica que muitas de suas dívidas estão negociadas. O Palmeiras, procurado, não irá se pronunciar. Com os parceiros em constante disputa, o Allianz Parque completa um ano de sua abertura nesta quinta-feira.

Palmeiras faz a esperada estreia no Allianz Parque (Foto: Reginaldo Castro/ LANCE!Press)
Allianz Parque está aberto há um ano (Foto: Reginaldo Castro/ L!Press)


DIVERGÊNCIAS NAS CONTAS

Energia: Nas cobranças entram os gastos com a máquina de luz artificial do campo, usada um dia antes e um dia após as partidas. Para o clube, isto não deveria entrar na conta, assim como a cobrança pelo uso de internet nos dias dos jogos, por exemplo.

Segurança: O clube fornece seguranças em dias de jogos, mas em alguns setores há funcionários da construtora e do clube. Além de não considerar necessária a presença de contratados da WTorre, os valores cobrados são considerados elevados.

Palmeiras perde para o Sport na inauguração do Allianz Parque (Foto: Ale Cabral/LANCE!Press)
Arena já recebeu cerca de 1,4 milhão de pessoas (Foto: Ale Cabral)


ENTENDA O ACORDO

Naming rights
A WTorre vendeu o nome do estádio para a Allianz por R$ 300 milhões, divididos em 20 anos, com cláusula para renovar por mais dez. Nos cinco primeiros, a construtora repassa 5% ao clube, e o valor cresce 5% a cada cinco anos. Desde maio, o clube não está recebendo este repasse.

Camarotes
É a mesma lógica dos naming rights: WTorre comercializa os camarotes e repassa 5% do valor nos primeiros cinco anos. O valor cresce na mesma proporção do item anterior e também não tem entrado nas contas do Palmeiras.

Renda dos jogos
O Palmeiras tem direito a 100% do valor arrecadado com ingressos para os jogos, descontadas as despesas.

Reembolso em jogos
Além de gastos comprovados com energia, segurança, água, luz e seguros, o clube tem de reembolsar a WTorre em outros gastos a serem definidos em comum acordo, mas não há este acerto entre as partes sobre quais as despesas de responsabilidade do clube em dias de jogos, e quais não.

Jogos fora do Allianz
Caso o Verdão não possa jogar no Allianz Parque por conta de eventos marcados pela WTorre, a construtora precisa pagar uma multa, equivalente a 50% da renda bruta da partida. Pelo jogo contra o Grêmio, o Palmeiras deveria receber R$ 485 mil. O prazo já venceu e a quantia não foi paga. Do jogo com o Sport o débito ainda não venceu, e é de R$ 241 mil.

Cadeiras
A WTorre julga ter direito a comercializar todas as cadeiras, repassando um valor ao clube ano a ano, na mesma proporção dos naming rights e dos camarotes. Alguns assentos já começaram a ser vendidos pela construtora, com contratos válidos até o fim do ano, e já com ingressos embutidos.

Visão do clube
Diz que a WTorre pode vender só 10 mil cadeiras especiais (as que começaram a ser comercializadas estão nesta cota). As do clube não seriam vendidas, mas reservadas para sócios-torcedores. A construtora já sugeriu envolver os sócios-torcedores na venda de cadeiras coordenada por ela.

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