Destaque no skate mundial, Yndiara busca renovação no Time Brasil

Aos 21 anos, a atleta catarinense acaba de conquistar a prata no Mundial de Skate Park, disputado na China, e briga pelo título do Oi STU Open, que fecha o calendário nacional

Yndiara
Yndiara Asp está na Barra da Tijuca para disputar o Oi STU Open, que vai definir atletas para a seleção brasileira de 2019 (Foto: Paula Vieira/LANCE!)

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Considerada promessa do skate em meados de 2015, Yndiara Asp superou expectativas e se tornou uma das principais atletas brasileiras no cenário do esporte mundial. Peça frequentemente carimbada nos pódios dos maiores torneios da modalidade Park no Brasil e também no exterior, a catarinense, de 21 anos, que começou a saga pela profissionalização há seis, já tem uma lista que reúne diversos títulos, além da crescente admiração dos amantes do esporte ao mostrar a força da mulher na categoria. Inclusive ela integra a primeira Seleção Brasileira de skate. Em entrevista ao LANCE!, a atleta contou os grandes passos da carreira.

- Me sinto muito honrada e grata por poder representar meu país fazendo a coisa que eu mais gosto de fazer, que é andar de skate. Eu sou muito feliz quando estou fazendo isso e procuro transmitir essa vibe do Brasil de união, torcida e alegria quando estou viajando para disputar campeonatos. É muito legal, porque a gente leva a nossa influência brasileira e as pessoas comentam "Nossa, como vocês são unidos. Vocês torcem para todo mundo". No país já tem bastante essa coisa de união e quando junta com o skate vira uma festa só - comentou.

Chamada de Yndi pelos amigos, em referência a uma manobra aérea, a atleta teve uma rápida evolução sobre as rodinhas. Campeã do La Kantera Pro em 2017, a skatista ampliou o saldo de vitórias em 2018, com o título do Oi Park Jam, o primeiro lugar no STU Qualifying, o bronze do X Games Boise Womens Park, o troféu do STU QS Park e, por último, faturou a medalha de prata no Mundial de Park, disputado na China em outubro. As conquistas tem um grande valor para a catarinense de Florianópolis, que comemora com orgulho a ascensão obtida.

- Cada conquista é importante para mim de alguma forma, mas, no momento, eu acho que esse último segundo lugar que tirei no Vans Park Series foi um dos maiores, porque eu venho competindo neste circuito há dois anos e ele concentra os melhores skatistas do mundo. Eu me esforcei muito em cada etapa e conseguir chegar ao pódio foi bem legal. Adorei a pista de lá e estava com os meus amigos brasileiros na torcida, então foi ainda mais especial.

De volta ao Brasil, Yndiara agora foca na disputa da etapa final do Circuito Brasileiro de Skate, o Oi STU Open, maior competição da América Latina, que reúne os principais nomes da modalidade no cenário nacional e internacional. A disputa também serve para compor o ranking do país e vale pontuação dobrada para os atletas que vão definir a Seleção Brasileira de 2019, mirando nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Aclamada pelos cariocas na inauguração da nova pista de Park, na Praça do Ó, a catarinense nutre uma grande expectativa para o evento que encerra o calendário nacional.

- Estou amarradona, porque é a grande final! Vai estar lotado. Alto nível de skate e a pista é novinha. Já deu para ver que a galera vai andar muito, porque ela é muito boa. Eu espero dar o meu melhor, fazer a mania que eu curto, mostrar minhas manobras, aprender novas e me divertir com a galera - disse a skatista, que realizou nesta quarta-feira seu primeiro treino para a disputa realizada na Barra da Tijuca, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Confira o bate-papo com Yndiara Asp, medalha de prata no Mundial de Park 2018

LANCE!: De que forma a cidade de Florianópolis ajudou na sua evolução no esporte? Você teve alguma inspiração local?
YNDIARA: Floripa influenciou totalmente no meu estilo de andar de skate. O Pedro Barros é de lá. Ele e o Léo Kaquinho construíram toda a história do Bowl e Vertical lá na cidade. Quando eu comecei a andar, me identifiquei mais com o Bowl. O meu jeito de andar é mais voltado para a pista coping block. Hoje, eu estou viajando e competindo junto com o Pedro Barros, que é o meu grande ídolo. É muito da hora.

LANCE!: Quando se sentiu apta a disputar um torneio pela primeira vez e o que te desperta a vontade de continuar em busca de pódios?
YNDIARA: Para mim foi bem natural. Eu comecei a andar em uma pista em Florianópolis e quatro meses depois teve um campeonato nessa pista. Como eu já andava lá todos os dias, participei da competição e ganhei. Depois, eu comecei a andar em uma pista na pousada Hi Adventure e eles também realizaram um campeonato. Eu passei a disputar mais competições quando meus amigos, que já andavam, iam para eventos fora do estado e me chamavam. Para mim, torneio é uma vibe muito style, porque junta todo mundo. Eu fico ansiosa quando tem campeonato para estar junto com a galera, viajando, igual aqui agora. Eu estou no Rio de Janeiro andando de skate com os meus amigos e a competição faz a gente tentar evoluir.

LANCE!: Em alguns torneios a premiação para a categoria masculina tem valor superior ao dado na feminina. O que você acha disso?
YNDIARA: Felizmente estamos conseguindo combater e mudar essa questão. Neste ano mesmo, após o Oi Park Jam, rolou uma grande discussão e foi muito importante porque colocou em alta esse ponto da premiação, porque já vinha acontecendo e ninguém falava nada. Depois disso, vários campeonatos começaram a igualar o prêmio. Então está evoluindo e melhorando. Tomara que isso aconteça em todos os esportes e que a gente possa ver os atletas com direitos iguais.

LANCE!: Já sofreu algum preconceito no esporte?
YNDIARA: Pessoalmente, eu não tenho muitas histórias de preconceito. Sempre andei com os caras e sou muito bem recebida. Mas tenho amigas que já passaram por várias cenas que eu fico de cara mesmo, porque não é para ser assim. O esporte tem que ser livre para quem quiser praticar. É isso o que a gente tenta mostrar com o skate, que o skate é para todo mundo. É uma união.

LANCE!: Você começou a surfar antes de andar de skate, certo? O que te despertou a vontade de seguir uma carreira sobre as rodinhas? Como é a sua relação com outros esportes?
YNDIARA: O sonho do meu pai era me ver como surfista profissional, porque ele é totalmente do surf e me ensinou a praticar desde pequeninha. Mas eu também sempre tive skate em casa, então já era uma brincadeira que eu curtia fazer. Eu passei a andar sério quando tinha uns 15 anos, porque foi quando eu aprendi uma manobra que queria muito saber fazer, aí me deu vontade de aprender outras manobras e andar todos os dias.

LANCE!: O que espera para o futuro recente? Quais competições vem por aí?
YNDIARA: Ano que vem terão várias disputas pré-olimpíadas e vai ser muito da hora. Todo mundo tem que estar focado, principalmente o Time Brasil, para chegar nas Olimpíadas de 2020. Então vai ser o ano preparatório para os Jogos de Tóquio. Quero estar bem com o meu corpo, com o skate no pé e podendo competir em todas as etapas, viajando e evoluindo ainda mais no esporte. Será uma experiência incrível. Vamos representar o Brasil da melhor forma possível.

* Sob supervisão de Bernardo Cruz

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