Sem patrocinador, Jacqueline sonha viver apenas do salto de penhasco

Procurando emprego para manter carreira esportiva, a atleta sonha ver a modalidade nos Jogos Olímpicos de Paris-2024

Mundial de Esportes Aquáticos: brasileira encara campeonato após pódio inédito na Itália
Jacqueline Valente foi a segunda colocada na etapa italiana do Mundial (Foto: Dean Treml/Red Bull Content Pool)

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Única representante do Brasil em competições de salto em penhasco, Jacqueline Valente mantém dupla jornada. Com duas participações em Mundias de Esportes Aquáticos (Kazam-2015 e Budapeste-2017), a gaúcha precisa trabalhar para manter a carreira esportiva, já que não tem patrocinadores. Nesta sexta-feira e sábado, ela participa da última etapa do Mundial da modalidade, o Red Bull Cliff Diving, no Chile. 

Atualmente com 31 anos, Jaki revela que gostaria de se dedicar apenas ao esporte, mas que a falta de suporte faz com que ela precise buscar alternativas para se manter. 

- Eu adoraria ter tentado a carreira de atleta profissional, mas, até agora, não encontrei nenhum patrocinador. Tive de buscar meios para seguir trabalhando e participando das competições, para poder pagar os meus treinamentos, as minhas viagens - conta a atleta de 31 anos, que completa:

- Infelizmente, continuo nessa. Estou procurando o meu próximo trabalho e também em busca de um patrocinador que me ajude a almejar somente a carreira profissional.

Entre os trabalhos que Jacqueline conseguiu para sobreviver na modalidade então um cruzeiro e o 'The House of Dancing Water'. No primeiro, ela fazia shows aquáticos, onde saltava de uma plataforma de 17m. Já o segundo é o maior show aquático do mundo, dirigido pelo ex-produtor do 'Cirque du Soleil', Franco Dragone. 

Tendo como última grande participação internacional o Mundial de Esportes Aquáticos, a atleta ressalta a superação para poder disputar a competição de Budapeste (HUN), no salto de plataforma alta (20m).

- Representar o Brasil no Mundial foi muito especial, principalmente pela dificuldade de me classificar e participar. Fomos em dez mulheres, e continuo sendo a única mulher brasileira competindo na categoria. No masculino, tivemos o Murilo Galves, sendo a primeira participação dele em Mundiais. Foi superespecial, de ter alcançado mais um Mundial sem ajuda de patrocinadores.

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Jaki disputou dois Mundiais de esportes aquáticos (Foto: Dean Treml/Red Bull Content Pool)

Com apenas 13 mulheres no mundo praticando salto em penhasco, Valente conta que a procura pela modalidade vêm aumentando. Em seu próximo desafio, já nesta sexta, terão, ao todo, oito competidoras

- A cada ano que passa, o número de mulheres aumenta. É bastante pequeno. Depende de muito treinamento, coragem. Espero que, com o tempo, a gente atinja um número maior de competidores - diz Jaki, que explica seu interesse pela modalidade:

- Eu nem sabia que existiam competições de saltos em penhascos quando eu comecei a participar (risos). Eu achei superlegal quando descobri e me empolguei. Viajamos para lugares maneiros, lindos e diferentes, o que me motivou ainda mais.

Atualmente no mundo aquático, Jacqueline já dedicou dez anos à ginastica artística. Foi esta modalidade a responsável por levá-la a fazer shows circenses fora no exterior. A mudança para os saltos ornamentais em grandes alturas (como o salto em penhasco) ocorreu devido ao trabalho que a gaúcha conseguiu no 'House of Dancing Water'.

- Eu iniciei a carreira como ginasta, aos sete anos de idade. Foi um convite para trabalhar na Alemanha, com ginástica olímpica, que me levou a começar a fazer shows fora do Brasil. Nunca pensei que fosse mudar de esporte, sempre continuei trabalhando e cada oportunidade de trabalho era diferente. Assim, eu acabei aprendendo movimentos aéreos. Fui mudando de modalidade gradualmente e, no final, acabei fazendo saltos ornamentais de altura devido a um trabalho que eu tinha no 'The House of Dancing Water', em Macau, e o pessoal de lá tinha salto de altura. Assim, eu aprendi, mas não pensei que ia mudar de modalidade. No final, eu comecei a ir para competições e mudei de modalidade.

Mesmo com um futuro ainda incerto no esporte, a natural do Rio Grande do Sul já tem as próximas metas traçadas.

- Os meus próximos objetivos são: encontrar patrocinadores para eu me transformar em atleta profissional e que os saltos ornamentais em grandes alturas entrem para os Jogos Olímpicos - anuncia a atleta, que complementa:

- Eles (saltos em grandes alturas) são cogitados para entrar no programa olímpico de 2024. Vamos ver. Eu adoraria participar, pois como ginasta eu não consegui.

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