Cabral pode ter recebido propina para facilitar contrato da Rio-2016

Ministério Público Federal desconfia que o ex-governador do Rio de Janeiro tenha levado quantia em um acordo entre a Masan Serviços Especializados e o Comitê Organizador

Sérgio Cabral ainda não havia sido preso devido aos desdobramentos da Operação Lava-Jato
Sergio Cabral teria auxiliado empresário em contrato da Rio-2016 em troca de propina (Foto: Reprodução)

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O Comitê Rio-2016 entrou nas investigações do esquema de corrupção envolvendo o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O Ministério Público Federal suspeita que o político tenha recebido propina em contrato firmado entra a Masan Serviços Especializados e a entidade responsável pela organização dos Jogos.

No pedido de prisão do empresário Marco Antônio de Luca, sócio da Masan até 2015, a Procuradoria listou seis contratos entre a a empresa e o Comitê. De acordo com o juiz Marcelo Bretas, 7ª Vara Federal Criminal, a vinda dos Jogos Olímpicos para a capital fluminense aumentou seu leque de atuação.

"Com a vinda dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro no ano 2016, alargou-se o campo de atuação das empresas de Marco Antonio de Luca, as quais firmaram diversos contratos com o Comitê Organizador, com uma possível influência de Sérgio Cabral, em contrapartida ao pagamento de valores em espécie pelo investigado Marcelo Bretas", disse o juiz no despacho em que autorizou a operação "Ratatouille" da Polícia Federal.

Por meio de contratos, a firma estabeleceu mão de obra para limpeza e atendimento, assim como refeições, a partir de setembro de 2015. Foi solicitado ao Comitê, pela procuradoria, informações sobre os acordos.

Segundo bilhetes encontrados na casa de Luiz Carlos Bezerra, operador do esquema do ex-governador Sérgio Cabral e responsável por recolher o dinheiro de propina, Luca recebeu R$ 3,05 milhões em 2016.

- Existem indicativos de pagamento de propina após a saída do ex-governador, quando a Olimpíada ocorreu. São indicativos. Vamos analisar as informações a serem enviadas pelo comitê. A partir daí, somando as informações que já temos, vamos tirar nossas conclusões - explicou a procuradora Fabiana Schneider, da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

Inicialmente, apenas recursos privados seriam usados pelo Comitê. Porém, às vésperas da Rio-2016, a União disponibilizou verba. A Prefeitura carioca repassou R$ 30 milhões em um convênio que previa R$ 150 milhões. Parte do dinheiro foi destinado a intervenções na Vila dos Atletas, que apresentou diversos problemas após a chegada das delegações. Um dos contratos com a Masan tinha como objetivo a prestação de serviços emergenciais no local.

O Rio-2016 afirmou que o maior contrato com a empresa foi enviado ao Conselho Diretor duas vezes, para aprovação. A entidade ainda diz que a contratação de emergência ocorreu por esta ser a única capaz de fornecer a mão de obra na quantidade e velocidade exigidas. 

- Não há a mínima chance de Cabral ter influência no conselho. E ainda devemos à Masan. Se houvesse algum apadrinhamento, ela teria recebido - afirmou o diretor de Comunicação da Rio-16, Mario Andrada. A dívida da entidade com a empresa é de R$ 16 milhões.

A Masan também se pronunciou. Ela alegou, através de uma nota oficial, que Masan Marco de Luca não integra o grupo desde 2015 e que trabalha com o governo carioca desde 2005. Além disso, ela se colocou a disposição das autoridades para esclarecimentos.

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