Patrocinadores sinalizam pedido de indenização se Brasil for suspenso pela Fina

Preocupados com a exposição de suas marcas, patrocinadores veem episódio como margem para quebra de contrato e pedido de ressarcimento

Kaio Márcio
Resultado da eleição da CBDA teria causado incômodo aos patrocinadores (Foto: Satiro Sodré / SSPress / CBDA)

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O não-reconhecimento pela Federação Internacional de Natação (Fina) do resultado da eleição presidencial da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e a ameaça de suspensão do país começam a incomodar os patrocinadores. Preocupados com a exposição de suas marcas, a punição daria margem para alegações de quebra de contrato e pedidos de ressarcimento.

Um exemplo foi o e-mail enviado ao interventor da CBDA, nomeado pela Justiça, o advogado Gustavo Licks, na manhã desta sexta-feira, pelo supervisor de Maratonas Aquáticas da entidade, Igor Souza, ao qual o LANCE! teve acesso. O profissional ressaltou que escrevia como um integrante do quadro técnico, mas ele também é o diretor de Marketing da Speedo, fornecedora oficial de material esportivo da confederação.

- Esta situação já ocorreu com outros países e a FINA sempre foi dura com as punições, não aceita e nunca aceitou mudanças que não estejam no estatuto da Confederação Nacional. Muitas vezes o justo não é o correto, mas o certo é fazer o correto. Não existe no estatuto da CBDA a inclusão de clubes para as eleições, pode ser até um ato mais democrático, mas não é o correto perante nosso estatuto – escreveu Souza.

A melhor solução, de acordo com Souza, seria um pacto entre os candidatos. O supervisor sugere que a eleição seja realizada como prevê o estatudo e, posteriormente, a mudança seja realizada pelo candidato vencedor.

O supervisor da CBDA demonstrou seu temor, principalmente, em relação aos atletas. No e-mail, ele explica ao interventor judicial que nem toda a delegação de cerca de 90 pessoas previstas para participar do Mundial de Desportos Aquáticos de Budapeste, que começa no dia 23 de julho, poderão ser aceitas para estar na disputa sob a bandeira da Fina, caso o Brasil seja suspenso.

Souza ainda chamou a atenção de Licks para futuros problemas que a CBDA poderá enfrentar com seus patrocinadores. Destacou que uma suspensão aplicada à CBDA e a consequente falta de exposição das marcas poderá ser vista como quebra de contrato, fato que pode gerar ações indenizatórias.

- OK, você pode dizer que os atletas poderão nadar como atletas FINA, caso a FINA aceite isto e eles analisam atleta por atleta, como fica com os patrocinadores? Isto é quebra de contrato – observou Souza, em outro trecho do e-mail.

Procurado, Souza explicou que mandou o e-mail para o interventor da CBDA na tentativa de chamar a atenção para as várias consequências de uma eleição que fere o estatuto e não é reconhecida pela Fina poderá acarretar ao Brasil. O supervisor mostrou sua preocupação com os atletas e temeu pela participação deles no Mundial de Budapeste.

SPEEDO SEM CONTRATO

Ao falar por telefone, como representante da Speedo, Souza revelou que a empresa tem fornecido material esportivo para a CBDA sem ter um contrato assinado. Ele contou que o compromisso foi encerrado em dezembro de 2016 mas que, diante de uma promessa por escrito de renovação feita tanto por Licks quanto por Ricardo Prado, nomeado pelo interventor como coordenador geral de esportes da entidade.

- Tenho todos os e-mails deles assumindo o compromisso e já mandamos o novo contrato para assinar. Só neste ano já foram cerca de R$ 400 mil em material fornecido, inclusive, já vamos entregar os do Mundial – disse Souza.

Ao ser questionado se o fato de acumular os cargos de supervisor da CBDA e diretor de Marketing da Speedo não fere o estatuto da entidade, Souza salientou que está tudo dentro da lei. Lembrou, inclusive, que já foi atleta e exercer as duas funções só ajuda ao esporte.

- A função de supervisor não é remunerada e trato apenas dos assuntos ligados à seleção. Não participo da vida administrativa da CBDA. E, na hora em que o contrato vai ser assinado, quem decide e assina são os presidentes – argumentou Souza.

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