De olho na Rio-2016, Bruno Soares diz: ‘Ganhar um Major é mais difícil’

Duplista brasileiro ultrapassou Gustavo Kuerten na lista de vencedores de Grand Slam, com quatro, sendo três em duplas mistas e um nas duplas masculinas 

Coletiva Bruno Soares
Bruno Soares posa para as lentes do LANCE! no Centro dos Correios, em São Paulo (Foto: Eduardo Viana/Lancepress!)

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Os fãs de esporte que esperam ansiosamente para ver os duplistas brasileiros Bruno Soares e Marcelo Melo na Olimpíada do Rio de Janeiro podem ficar ainda mais confiantes nesta quarta-feira. Em uma entrevista coletiva em São Paulo (SP), Soares afirmou que conquistar um Grand Slam é mais difícil do que realizar o mesmo feito nos Jogos Olímpicos.

Qual o motivo da confiança dos torcedores? Simples, o mineiro garantiu seu primeiro título em Majors, no Aberto da Austrália, no último fim de semana. De quebra, ainda repetiu a façanha nas duplas mistas.

- Vencer um Grand Slam é mais difícil. É onde está o que há de melhor no esporte e de forma mais preparada, as duplas oficiais. A Olimpíada é imprevisível pelo fato de as pessoas se juntarem com outras que não jogam regularmente. O fato de eles usarem o ranking de simples para o chaveamento muda tudo. Duplas mais fortes saem "soltas" na chave e algumas mais fracas saem como cabeça - comentou o tenista.

Com o resultado, Soares ultrapassou Gustavo Kuerten na lista de maiores vencedores brasileiros em Grand Slams, já que o ex-número 1 do mundo é dono de três conquistas em Roland Garros, e o duplista já tem quatro  -bicampeão nas mistas no Aberto dos Estados Unidos, em 2012 e 2014, além dos troféus na Austrália.

Confira abaixo mais trechos da entrevista com Bruno Soares:

- Você e o Marcelo Melo já sabem quais torneios vão jogar juntos?
Bruno Soares - Eu e o Marcelo já falamos que vamos jogar alguns torneios, mas a decisão não depende só da gente, mas também dos nossos parceiros no Circuito. Não podemos comprometer nosso calendário. A Olimpíada é o foco principal no ano, mas dependemeos do nosso calendário também. Nos torneios do Brasil ainda não definimos com quem vamos jogar por alguns motivos: o Ivan (Dodig) queria vir, o Marcelo defende o título de Acapulco (MEX), o Jamie (Murray) tem Copa Davis... Até o final da semana vamos tomar uma decisão.

- Caiu a ficha da sua vitória na Austrália?
BS - A conquista da dupla masculina, para mim, foi um alívio. Bati na trave algumas vezes e sabia que eu tinha condições, mas ganhar um Grand Slam é muito difícil.

- Com seu sucesso nas duplas mistas, dá para sonhar com um ouro olímpico?
BS - Acho que a gente tem chances. Primeiro, precisamos saber quem vai jogar, não cabe a mim tomar essa decisão, mas, independentemente de ser o Bruno ou o Marcelo, estaremos bem representados. Nesse momento só a Teliana tem condição de jogar, por conta do ranking. Mas quem sabe a Bia (Haddad Maia) ou a Paulinha (Gonçalves) melhorem o ranking até lá. Meus resultados nas mistas sempre foram muito bons, talvez eu possa acrescentar algo se jogar.

'A conquista nas duplas masculinas, para mim, foi um alívio. Eu bati na trave algumas vezes e sabia que tinha condições' - Soares

- O que você espera que aconteça para o Brasil com a Olimpíada?
BS -
Coisas boas podem acontecer por meio da Olímpiada. A gente está nesse movimento para deixar o Centro de Tênis para a nossa Confederação, isso seria bom para o desenvolvimento do esporte. As possibilidades de trabalho aumentariam absurdamente. Muito se fala de legado olímpico e, no fim do ano passado, participei de uma matéria em Londres, visitando o Parque Olímpico de lá, e tudo estava funcionando, o pessoal usando e treinando, na parte profissional e recreativa. Isso é importante para o Rio, usar todo o dinheiro que foi investido e deixar algo para o esporte.

- Como você enxerga o torneio de duplas mistas?
BS - Dupla mista é um evento especial que só acontece nos Grand Slams. Apesar de a turma jogar de certa forma mais relaxada, por não ter pressões a mais que a partida, todos jogam sério. A dupla mista é um jogo de estratégia.

- Imaginava que iria vencer dois torneios em um fim de semana?
BS - Todo o torneio que eu entro, tenho condições de ganhar se estiver jogando bem. Iniciei uma nova jornada com o Jamie nesse ano e, por melhor que sejam as intenções, não sabemos o que vai acontecer até começar a jogar. Fizemos uma preparação muito boa e tivemos uma boa sintonia em quadra.

'Todo o torneio que eu entro, tenho condições de ganhar se estiver jogando bem. Iniciei uma nova jornada com o Jamie nesse ano e, por melhor que sejam as intenções, não sabemos o que vai acontecer até começar a jogar' - Soares

- Os irmãos Bryan caíram ou as outras duplas melhoraram?
BS -
Eles estão jogando em um nível abaixo dos últimos anos, mas as outras duplas do Circuito tiveram uma evolução grande de uns tempos para cá. As duplas se profissionalizaram bastante, tanto quanto os de simples. Quando eu comecei não era assim.

- Você pode ajudar o Murray a passar o Melo no ranking mundial. Como vê isso?
BS -
Vou ter que fazer minha parte, até porque também preciso subir no ranking. Mas, se o Marcelo fizer a dele, ele não perde o número 1. Dó depende do Jamie e só depende do Marcelo. Nossa dupla mostrou que temos um potencial interessante pela frente. O próximo passo é brigar pelo topo e vamos em busca disso.

- Dá para comparar os jogos de duplas com o de simples?
BS - Dupla é minha especialidade, a modalidade que eu jogo, que sou bom e do que eu vivo. E está crescendo. Mas comparar com simples é complicado. O tênis de simples vai muito além do esporte, cria personalidades. Pessoas como Roger Federer, Novak Djokovic, Rafael Nadal... Vão muito além disso.

'Vou ter que fazer minha parte, até porque também preciso subir no ranking. Mas, se o Marcelo fizer a dele, ele não perde o número 1. Dó depende do Jamie e só depende do Marcelo' - Soares

- Como se sente ultrapassando o Guga na lista de maiores vencedores de Majors do Brasil?
BS -
Ganhar um Grand Slam era um sonho de pequeno e, de cinco, seis anos para cá, passou a ser palpável. Em 2012 eu ganhei o meu primeiro (duplas mistas no Aberto dos Estados Unidos) e tirei esse peso. Mas faltava o das duplas masculinas. Realizar isso foi especial. Foi uma afirmação de que aquilo que eu acreditava era verdade. Mostrou que todo o trabalho que fiz valeu a pena. Conseguir essa dobradinha, então, é muito difícil historicamente. Me sinto um cara sortudo por ter essa oportunidade e por ter conseguido ganhar os dois títulos. É um fim de semana que fica para a história do esporte.

- Os tenistas estão perguntando muito sobre a Olimpíada para vocês?
BS - A expectativa para a Olimpíada está grande. A turma está empolgada pelo Brasil ser um país muito querido, pela beleza, pelo povo, e tem muita gente que não conhece. Muita gente veio conversar comigo sobre o evento-teste. Um pessoal veio até perguntar se era mesmo muito longe. Mas há uma empolgação por ser no Brasil e no Rio de Janeiro

- Como vê os casos de corrupção que foram ventilados na imprensa recentemente?
BS -
É uma coisa complicada. Eu, felizmente, nunca fui abordado por esse tipo de gente. É difícil falar algo se você não tem nomes. É um pouco antiético soltar uma matéria assim, logo antes do início de um Grand Slam, para chamar mais atenção, falando, falando, falando e não falando nada. Soltaram uma bomba no ar e disseram: se vira. Estão praticamente falando que todos são corruptos até que se prove o contrário. Se conseguirem provar, que passem para a ATP e os orgãos responsáveis para que as pessoas sejam punidas.

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