Novo presidente coloca o crescimento dos clubes do NBB como prioridade

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, João Fernando Rossi coloca comunicação, marketing e comercial como prioridades e lamenta punição indireta, consequência da crise na CBB

João Fernando Rossi é o novo presidente da Liga Nacional de Basquete
(Foto: Renato Oliveira/LNB)

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Escolhido para presidir a Liga Nacional de Basquete (LNB) entre 2017 e 2018, João Fernando Rossi deve dar continuidade a gestão de Cássio Roque, dono do cargo nos últimos dois biênios e que teve seu sucessor como vice. No período, foram firmadas parcerias com os patrocinadores Caixa, Avianca e Sky, com a Rede TV e, depois, com a Bandeirantes e com a NBA.

Com a Liga em boa situação, Rossi coloca como prioridade o fortalecimento dos clubes que disputam o Novo Basquete Brasil (NBB), indiretamente prejudicados pela crise na Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Veja o bate-papo exclusivo com o dirigente a seguir:

A gestão anterior captou parcerias importantes. Sua prioridade é mantê-las?
Acho que a manutenção é prioridade, sim, mas acho que a maior prioridade é o fortalecimento dos clubes. Não adianta a Liga Nacional estar forte se os clubes não estiverem fortalecidos também.

Qual é o plano para eles?
Nós contratamos o Instituto Aquila para fazer um diagnóstico nos clubes olhando para comunicação, marketing e comercial. Agora, a sequência é a ação em cima deste diagnóstico. O Instituto passou quatro meses visitando os clubes. Se você verificar, podemos dividir os clubes do NBB em clubes sociais, associações e clubes de futebol. Cada um tem sua identidade. A Liga vai procurar ajudar respeitando isso.

O NBB tem jogos transmitidos na TV aberta e na fechada. Você está satisfeito com o nível de exibição do campeonato?
Acho que o basquete, como modalidade, está tendo uma exposição absurda. Vemos basquete todo dia, não importa o campeonato. Tem muita informação disponível, se bobear tanto quando sobre futebol. Isso faz você fidelizar o público facilmente. Uma das nossas premissas é fidelizar o público que tem entre oito e 18 anos como a NBA faz, com eventos e clínicas. A ideia é fidelizar e usar todas as plataformas de mídia disponíveis. Um dia desses, vi um jogo de futebol americano no Twitter. A forma de distribuir conteúdo está saindo das formas tradicionais, e a Liga está atenta a isso. Temos a Web TV consolidada, agora usamos também o Facebook Live. Na temporada passada, nosso pico na Web TV era de 30 mil visualizações. Hoje, temos 30 mil de média no Facebook Live.

A parceria com a NBA é mais vantajosa para aproveitar a experiência deles nesse tipo de mídia? Ou na parte esportiva?
A gente tem um aspecto muito bom de intercâmbio com eles na parte operacional, que é a parte do Paulo Bassul, com contato toda semana. Uma das principais áreas é a técnica. Também existe ótimo contato com o marketing e as mídias sociais. Aproveitando a experiência deles, pulamos a fase de desenvolvimento. Pegamos o modelo pronto e tentamos tropicalizar, trazendo para um país com monopólio de um esporte tentando se estabelecer como a segunda modalidade do país.

Hoje, a NBA tem cinco ex-jogadores do NBB. Isso é importante para a Liga?
Não tenho dúvidas, é até uma mensagem. Somos a principal liga das Américas tirando a NBA e mostramos isso com resultados internacionais. Isso é atrativo para o jogador. Quem está querendo oportunidade para uma liga maior vem jogar aqui. O torcedor quer ver o astro, e para segurá-lo, a Liga precisa crescer e ficar mais robusta. A balança fica um pouco melhor para o lado do atleta. A meta é fortalecer a liga para que o astro não queira sair.

A crise na CBB atrapalha?
Desde a criação do NBB, a gente sempre foi independente, mas com a chancela da CBB e ótima relação. O que nos chateia é estar fazendo um ótimo trabalho, com patrocínio de multinacionais e investimento de clubes, e sermos punidos indiretamente. Temos três clubes que ganharam na quadra o direito de disputar a Liga das Américas, com grandes chances de termos um campeão. Acho que vira uma coisa sem fundamento. Como festejar um título sem enfrentar os brasileiros?

A Fiba pede que a CBB priorize o feminino. Você concorda?
Acho que o feminino está em situação difícil. Se não estivessem dentro da LNB, já tinha acabado. O trabalho é maior até do que quando criamos o masculino. Temos experiência, credibilidade, estamos ajudando com patrocinadores e tentando captar outros, mas essa esfera está longe da formação, da base, dos clubes de todo o país. É um trabalho de médio e longo prazo.

O Flamengo venceu o Vasco por W.O. na final do Carioca. O que você achou disso?
No Pinheiros, participamos de várias finais – estadual, nacional e continental. O calendário é todo atrapalhado. As federações deveriam se adequar ao calendário da Fiba. A prioridade é do torneio internacional, depois do nacional e depois do regional. Independe de ter jogo ou não, o que foi péssimo, não tem interesse. Precisa acertar o calendário. Estamos abertos às federações para conversar.

Você tem medo de violência de torcidas em clássicos do NBB?
Acho que os clubes de futebol têm dois tipos de torcidas, a organizada e a do clube. O problema é quando mistura isso com pessoas que querem fazer baderna, e isso somos contra. Festa é sempre bonito, mas tem que ter organização.

QUEM É

Nome
João Fernando Rossi

Nascimento
17/5/1965 - São Paulo (SP)

Como jogador
Rossi foi federado entre os sete e os 22 anos. Como armador, passou a maior parte desse tempo no Pinheiros. Defendeu também o Continental.

Como dirigente
Campeão Paulista e da Liga das Américas com o Pinheiros, os dois primeiros títulos da história do clube, Rossi foi vice-presidente na gestão de Cássio Rossi, eleito em 2012 e reeleito em 2014, na LNB.

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