Coordenador-geral de antidoping da Rio 2016 minimiza falhas apontadas em relatório da Wada

Eduardo de Rose defende o saldo final positivo e vê problemas como fruto de um evento de grande porte<br>

Eduardo de Rose, brasileiro médico da Agência Mundial Antidoping (FOTO:DIVULGAÇÃO)
Eduardo de Rose, brasileiro médico da Agência Mundial Antidoping &nbsp;comenta relatório da WADA (FOTO:DIVULGAÇÃO)

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A Agência Mundial Antidoping (WADA) divulgou nesta quinta-feria um relatório analisando os métodos de controle antidoping na Rio 2016. Apesar de um balanço final positivo, o documento aponta falhas graves, como atletas não encontrados, poucos exames de sangue realizados, além do corte de 50% dos atletas visados para a realização dos exames. O coordenador-geral de antidoping da Rio 2016, Dr. Eduardo de Rose comentou o relatório, por telefone, no programa Planeta Sportv.

Rose destacou os pontos positivos apontados pela WADA, assim como o esforço de todos os envolvidos.

- Em primeiro lugar, quero responder alguma coisa de forma geral pelos 10 anos que tenho de WADA e por estar na comissão médica desde os jogos de Los Angeles até Londres. Para nós, talvez para o público, talvez para muita gente surpreende essa forma questionável dos observadores independentes da WADA de apontar uma série de problemas na estrutura ou na realização do controle de doping (...) Não vou negar os problemas que existiram no Rio de Janeiro, mas para mim o fundamental é a conclusão do relatório, a conclusão no momento em que se valida os controles feitos, a conclusão em que se verifica que houve um esforço quase sobre-humano do pessoal que trabalhou nessa área para se superar e poder entregar um controle de doping dentro dos requisitos do Comitê Olímpico Internacional e da própria WADA. Isso para mim, como chefe desse grupo de mais de 700 pessoas que trabalharam nessa operação, é o que realmente vale. A WADA reconhece o esforço, aponta problemas, aponta soluções - disse.

O coordenador-geral também questionou alguns aspectos apontados pelo documento, como problemas de comunicação.

- Peguei muito no finzinho a informação sobre o relatório e vi, por exemplo, a questão do problema do idioma. Todos os voluntários, todo pessoal que trabalhou... a Rio 2016 fez testes de idioma para conseguir ser voluntário tiveram que demonstrar conhecimento na língua. Pode ter ocorrido que um ou outro tenha tido alguma dificuldade em algum momento, mas posso garantir que a maioria se expressava em um inglês no mínimo para ser entendido durante a operação do antidoping. Tivemos muitos estrangeiros, chineses, japoneses, coreanos. Nossa equipe de antidoping era uma equipe de 21 países, mais o Brasil, equipe que veio de cinco continentes para trabalhar nos Jogos. Pode ter havido, em algum momento, que alguém não tenha se expressado bem, mas tenho absoluta convicção que essa não é a maioria dos casos - defendeu.

Para ele, os problemas são decorrentes da magnitude do evento e que, no final, o saldo foi positivo.

- Nós tivemos uma média de cinco mil controles feitos nos Jogos entre urina e sangue, tivemos exames que já foram considerados positivos pelo Tribunal Arbitral do Esporte, que era quem decidia os casos disciplinares no Rio. E nenhum caso ou amostra foi invalidado. Pode ter havido pontualmente algum problema e é importante que o relatório da WADA é muito pontual. Pode ter havido uma amostra mal feita, alguma coisa errada em algum momento. Mas quando falamos de uma amostra de cinco mil, num universo de 180 oficiais de controle de doping trabalhando em todas as áreas. Pra mim, isso tudo perde muito a dimensão - afirmou.

Por fim, Eduardo de Rose comenta sobre a falta de profissionais experientes neste tipo de controle, ressaltando a superação de quem participou do controle da antidopagem.

- Claro que a WADA quer que seja corrigido para os próximos Jogos, mas, para nós, fazer esse número de exames, num país que talvez nós tenhamos talvez no máximo 20 oficiais de controle de doping com experiência prévia internacional, é muito importante. Dentro do próprio espírito do jogo, foi uma superação muito grande para conseguir entregar e claro que houve dificuldade, problema. Mas não me interessa discutir o problema que tive, me interessa resolvê-lo. Me interessa entregar os Jogos que sejam aceitos pelo Comitê e ver que o relatório da WADA aceita as amostras e realça o trabalho dos oficiais de controle de doping que conseguiram superar os problemas encontrados - concluiu.

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