Com dois dias para a apresentação da Seleção feminina, crise entre clubes e CBB continua

Mesmo com conversa entre nova coordenadora da Confederação com os clubes, entidade não sabe se as convocadas vão se apresentar para evento-teste. Sampaio Basquete repensou a sua opinião

Antonio Carlos Barbosa
Barbosa não sabe com quais jogadoras vai contar em evento-teste (Foto: Divulgação/CBB)

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Dia 6 de janeiro, quarta-feira: data da apresentação das jogadoras da Seleção Brasileira feminina, em São Paulo (SP), para a disputa do evento-teste da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio-2016 (entre 15 e 17/1). Mas com dois dias para a data ainda resta uma dúvida: quem vai se apresentar no hotel na capital paulista? Em meio à crise no basquete feminino, nem o técnico Antonio Carlos Barbosa ou dirigentes da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e dos clubes sabem responder tal dúvida.

– A situação segue indefinida. Não foi formalizada a dispensa de ninguém, a não ser de duas atletas por lesão (Damiris e Nádia). Estamos na expectativa, aguardando até esta segunda ou terça-feira os pedidos de dispensa. Mas deixo isso com o administrativo. Tenho cuidado da parte técnica – afirmou o comandante da equipe ao site do LANCE!.

A crise entre os clubes que disputam a Liga Feminina e a CBB começou em novembro, quando os seis times participantes da atual edição da competição divulgaram um manifesto contra o “descaso” da entidade nacional com o basquete feminino. Eles cobravam mudanças, entre elas a possibilidade assumirem o time nacional, e ameaçavam não liberar suas atletas para atuarem pela Seleção.

Mediante à convocação do antigo técnico Luiz Augusto Zanon para o evento-teste – todas as 12 atletas são dos clubes –, o problema se agravou. E nem mesmo a chegada de Adriana Santos para o cargo de coordenadora das equipes femininas mudou essa situação.

A ex-atleta garante ter conversado com os dirigentes de todos os clubes e aberto as portas da CBB para um diálogo entre as partes. Mas até agora, o futuro do Brasil entre as mulheres está indefinido.

– Gostaria de uma solução. Tem muita coisa para melhorar? Sim. Fui chamada para ajudar de alguma maneira. Se não fosse assim, não aceitaria. Espero que em um ano olímpico a gente consiga dialogar, melhorar. Não gostaria que as jogadoras não estivessem. É o sonho delas representar a Seleção e serem privadas disso... Elas ficam acuadas, mas chega uma hora que precisam se posicionar também. Não sei como será no dia 6 – disse.

– A Seleção sem os clubes ou os clube sem a CBB e as atletas não existem. Tem de haver uma conversa – completou a coordenadora.

Enquanto a Confederação aguarda por quarta-feira, a maioria das agremiações mantém a posição de não liberar suas atletas para o evento-teste. Como a competição não é em uma data reservada pela Federação Internacional de Basquete, os clubes não são obrigados a cederem as jogadoras. Mas agora depende delas aceitar ou não a convocação.

– Nosso time se reapresentaria neste domingo, com o foco na Liga Feminina. Vamos passar toda nossa programação para elas. Pode ser que algumas falem em deixar uma empresa (o clube) e ir para outra (a Seleção). Mas acredito que vão querer ficar na equipe. Conversamos com as atletas, lógico que queriam ir para a Seleção, mas elas entendem como está sendo feito o trabalho – afirmou Ricardo Molina, presidente do Corinthians/Americana e um dos líderes do colegiado de clubes.

O dirigente, em mensagem divulgada em seu Facebook no último dia 31, disse que algumas atletas receberam e-mails da CBB com ameaças de multa caso faltem à apresentação da Seleção Brasileira. A entidade nega.

– Na minha equipe, definimos que só vamos ceder alguma jogadora quando a CBB não estiver no comando de Vanderlei (Mazzuchini, diretor técnico) e de Carlos Nunes (presidente). Só vamos liberar em torneios oficiais, como o caso da Olimpíada. Quero preservá-las – disse Molina.

Apesar da postura do presidente de Americana, alguns clubes já repensam a situação. Sem atletas convocadas, o Maranhão não tem mais se pronunciado sobre o caso. Já o Sampaio Basquete mudou de ideia e vai liberar as jogadoras. Assim, das 12 chamadas, oito ainda estariam com a apresentação indefinida.

Procurado pelo site do LANCE!, o presidente da CBB Carlos Nunes não atendeu às ligações. Já o diretor Vanderlei Mazzuchini preferiu não se pronunciar nesse momento.

Enquanto isso, a Seleção feminina segue sem saber se vai ter time para disputar o evento-teste.

A CRISE

Início
No fim de novembro, os seis clubes participantes da Liga Feminina (América-PE, Corinthians/Americana, Maranhão, Presidente Venceslau, Sampaio Basquete e Santo André) divulgam comunicado contra o “descaso” da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) em relação ao basquete feminino. Eles pedem para assumir a gestão das Seleções femininas, além de ameaçarem não liberar mais as atletas.
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Respostas
No dia 2 de dezembro, a CBB divulga nota chamando os clubes para uma reunião na sede da entidade, no Rio de Janeiro, no dia seguinte. Também foram chamados membros do Ministério do Esporte e Comitê Olímpico do Brasil (COB). Já os clubes convocam uma coletiva de imprensa, em São Paulo, para mostrar propostas mudanças.
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Convocação
No dia 4 de dezembro, o então técnico Luiz Augusto Zanon convoca 12 atletas para a disputa do evento-teste da Rio-2016, entre 15 e 17 de janeiro. As convocadas são: Adriana (América), Tainá (América), Joice (Corinthians), Tássia (Santo André), Isabela Ramona (Sampaio Basquete), Iziane (Sampaio Basquete), Jaqueline (Santo André), Tatiane (América), Clarissa (Corinthians), Damiris (Corinthians), Gilmara (Corinthians) e Nádia (Sampaio Basquete). Quatro dias depois, os clubes divulgam outro manifesto.
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Mudanças
No dia 11 de dezembro, Zanon pede afastamento da Seleção alegando problemas pessoais. Dias depois, Antonio Carlos Barbosa assume a equipe. Já no dia 16, Adriana Santos é anunciada como coordenadora das equipes femininas. Já no dia 30, Damires e Nádia são cortadas por lesão, e Érika de Souza (Adana Aski-TUR) e Karina (Sampaio) são chamadas.

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