COB corta mais 52. Gerentes com salário de R$ 37 mil ainda seguem

Após promover demissões de nomes de confiança de Nuzman e reduzir gastos, entidade faz 'limpa' em setores menores e tira do quadro o último cartola ligado ao ex-presidente

Paulo Wanderley, presidente do COB
Paulo Wanderley, presidente do COB, vem fazendo cortes na entidade para aliviar a folha  (Crédito: Agência Brasil)

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Em dificuldades financeiras ao final do primeiro ano do ciclo que vai até os Jogos de Tóquio-2020, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizou novas demissões no quadro de funcionários nos últimos dois dias. Após a saída de uma leva de cartolas influentes, os cortes atingiram, sobretudo, postos mais baratos de diversas áreas. Ainda ficou, no entanto, a maioria dos gerentes-gerais, cujos salários são superiores a R$ 37 mil. 

Até o início de dezembro, a despesa do COB para pagar todos os seus operários era de R$ 2.452.538, sem contar encargos. E havia 41 funcionários com rendimentos superiores a R$ 15 mil mensais. O valor mais alto, de acordo com planilhas obtidas pelo LANCE!, era de Edgar Hubner, gerente geral de Juventude e Infraestrutura (R$ 46.829). Ele foi desligado nesta quinta-feira.

Em seguida, aparece o grupo que ganha R$ 39.875 e permaneceu: Sonia Saldanha (RH), José Maria de Santucci (Financeiro), Helbert da Costa (Tecnologia da Informação), Vitorio de Moraes (Compras), Simone Lessa (Contabilidade) e Jorge Bichara (Performance Esportiva).

Abaixo deles, estão o velejador Torben Grael, coordenador técnico da Seleção Brasileira de Vela, com R$ 37.425, o espanhol Jesus Morlán, técnico da Seleção Brasileira de canoagem velocidade e responsável por levar o país a faturar três medalhas olímpicas históricas na Rio-2016, com R$ 37.389, e Carlos Alberto de Azevedo Cava, gerente de Programa e Projetos, com R$ 37.132. 

A ex-jogadora de vôlei de praia Adriana Behar fatura R$ 33.559, como gerente geral de Planejamento Esportivo. Já Gustavo Satio, gerente geral de Esportes, ganha R$ 31.672. Todos os citados seguem na entidade. O LANCE! apurou que houve um esforço da diretoria para mantê-los.

O presidente Paulo Wanderley já havia aliviado a folha de pagamentos ao dispensar outros funcionários, incluindo quatro diretores com rendimentos ainda maiores. Todos eram homens de confiança de Carlos Arthur Nuzman, que renunciou em meio às investigações sobre a possível compra de votos para eleger o Rio de Janeiro como sede olímpica.

As demissões só deste grupo resultaram na economia de R$ 267.231. Agberto Guimarães, ex-diretor executivo de Esportes, recebia R$ 77.500. Bernard Rajzman, ex-diretor de Relações Institucionais, faturava R$ 45.531. O General Augusto Heleno, ex-diretor do Instituto Olímpico e do Departamento de Comunicação e Educação Corporativa, tinha rendimentos de R$ 56 mil. Mas o maior alívio veio com a saída de Sérgio Lobo, ex-secretário geral. Ele recebia R$ 88,2 mil por mês. Por enquanto, não foram anunciados substitutos para as funções.

O COB é uma entidade privada, mas atualmente tem forte dependência dos recursos da Lei Agnelo-Piva, que destina ao esporte olímpico 1,7% do prêmio pago aos apostadores de todas as loterias federais. Para 2018, o Comitê prevê administrar diretamente R$ 52,3 milhões desta fonte, o que inclui a gestão administrativa.

Até o ano passado, o COB contava com aportes privados significativos de marcas como Nike, Bradesco e Nissan. Ao fim dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, a torneira fechou. Em 2017, somente a chinesa Peak foi anunciada para fornecimento de material esportivo aos atletas brasileiros.

Outra medida que Wanderley já confirmou foi a mudança da sede da entidade da Barra da Tijuca para o Parque Aquático Maria Lenk, no ano que vem. 

O L! questionou o COB sobre os motivos das últimas demissões e se há mais cortes previstos. Por meio de sua assessoria, a entidade respondeu que "passa por um processo de reestruturação administrativa e financeira, e a redução de custos envolve o corte de pessoal" e que "esse processo ainda não está finalizado, o que nos impede de comentar os números apresentados pela reportagem".

Wanderley já recebia salário como vice-presidente e, segundo o COB, continuará a receber como presidente. Questionada sobre o valor, a entidade disse apenas que ele "está em conformidade com a lei".

* Atualizado às 18h20

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