Possível manipulação no boxe da Rio-2016 gera reflexão e fé em brasileiros

Lutadores e membros da comissão técnica brasileira ignoram a possibilidade de escândalo noticiado pelo site The Guardian e reagem a preocupação de cubanos: 'Exagero'

Otilio Toledo é o chefe da delegação da Seleção Brasileira de boxe olímpico
                Otilio Toledo é o chefe da delegação da Seleção Brasileira de boxe olímpico (FOTO: Guilherme Cruz)

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A notícia de que uma possível manipulação nos resultados do boxe na Olimpíada Rio-2016 estaria programada provocou duas reações na Seleção Brasileira olímpica: a reflexão e a fé. Depois da publicação da informação pelo site The Guardian, que deu voz a fontes de alto escalão do boxe mundial, garantindo que um esquema de manipulação está pronto para o evento, fez atletas e membros da comissão técnica brasileira reagirem.

Chefe da delegação brasileira de boxe olímpico, Otilio Toledo comentou o caso, não se esquivou da resposta, considerou a existência de manipulação, mas deixou claro que nos últimos anos não tem visto problema algum com a forma que a arbitragem tem sido exercida no boxe olímpico.

- Nos últimos anos que estamos com a nova regra de pontuação, estamos vendo que só tem a vitória aquele lutador que realmente merece. Não ouvi nada (sobre o escândalo de manipulação) até agora. Mas já estive em outros ciclos internacionais e a equipe de árbitros está trabalhando muito bem. Acontece de um ou outro julgar mal, pode influenciar no resultado, mas nunca numa luta escandalosa. Não está me preocupando isso. Nós dando o melhor de si não tem porque se preocupar... Pode existir, mas nos últimos tempos não temos visto isso - declarou o cubano.

Depois de um treino preparatório para a competição que se inicia neste sábado, no Rio, lutadores como Robenilson de Jesus, Michel Borges e Joedison Teixeira evitaram entrar em polêmicas e se limitaram a colocar seu futuro "nas mãos de Deus".

- Não ouvi nada. Prefiro nem acompanhar nada, estou só treinando para lutar. Tenho que estar seguro quanto ao meu trabalho. Se meu trabalho estiver bem feito, seja o que Deus quiser. Estou preparado para lutar e o resultado será consequência do meu trabalho - declarou Robenilson, no mesmo tom do companheiro Michel.

Robenilson de Jesus treina antes da Rio-2016
        Robenilson treina antes da Rio-2016 (FOTO: Guilherme Cruz)


- Como estamos acostumados, sabemos que um detalhe pode fazer a diferença. Não tenho medo de nada disso, nada vai nos atrapalhar. Não tenho medo de nada, creio que a vontade de Deus vai ser feita e vai dar tudo certo - afirmou o lutador.

A questão em relação a arbitragem também foi levantada por Isidoro Nicolas, ex-treinador da seleção cubana olímpica de boxe, que atualmente trabalha no Brasil ensinando a escola de boxe cubano a jovens atletas brasileiros.

- Cuba deveria pegar, bem, cinco ou seis medalhas de ouro olímpicas. O que acontece com isso? A arbitragem não vai permitir que Cuba leve todas as medalhas. Vão repartir medalhas. Vão dar duas para a Europa, uma para o Brasil. Vamos passar muita luta como aconteceu no mundial do Qatar. No mundial do Qatar, podíamos ter pego oito medalhas de ouro, mas pegamos quatro. Nos tiraram quatro lutas que não foram bem assim. Duas na final e duas na semifinal. Vão tirando para que Cuba não pegue muita medalha, para repartir medalhas para todo o continente. Mas se a arbitragem não atrapalhar, Cuba pode pegar cinco ou seis medalhas de ouro. A arbitragem sempre preocupa porque é uma coisa toda controlada. É uma coisa que não se pode negar. Por exemplo, o Brasil tem a maior possibilidade de conseguir medalhas com o Conceição (Robson Donato), que é o melhor do país, mas o Conceição competiu com o cubano cinco vezes e nunca venceu. O cubano é tricampeão mundial. É elite. Não tem como ganhar. Aí, vão tirar o cubano antes com outra luta para facilitar a vida do brasileiro para que os dois não lutem. Isso vai acontecer. Estou falando que vai acontecer. Vão fazer isso - disparou.


Toledo reagiu ao comentário de Isidoro e citou um "roubo" ocorrido com Robson no mundial de Doha, Qatar, no ano passado.

- Não reclamamos. Acho que quem julga é porque procede, diz um ditado cubano. No mundial de Doha, tiveram lutas bem divididas. Por exemplo: dizem que Robson foi "roubado" na luta das semifinais. Muita gente disse que não. Na luta pelo terceiro lugar também. Quando é apreciação, não tem nada do que reclamar - rebateu.

Treinador da Seleção Brasileira, Claudia Ayres também também negou qualquer conhecimento a respeito de uma possível manipulação nas competições de boxe na Olimpíada Rio-2016.

- Nunca ouvi isso. Não acredito, acho que não... Os árbitros são pessoas capacitadas e honestas. É exagero, totalmente exagerado isso. Árbitros são totalmente neutros. Não vai haver nada disso, nada de manipulação - finalizou.

As competições do boxe na Rio-2016 começam neste sábado.

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