‘Osorio construiu o Atlético Nacional e reconstruiu o São Paulo’

Autor do livro 'O Caderno de Osorio', jornalista colombiano fala ao LANCE! sobre a relação do Profe com os rivais da semifinal da Copa Libertadores da América

Osorio ao lado do jornalista Jorge Bermúdez 
Jorge Bermúdez posa para foto com Osorio e o livro sobre os métodos do Profe (Foto: Arquivo Pessoal)

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Disse recentemente em um programa de televisão na Colômbia que é possível dividir as pessoas em dois grupos: as que creem e as que não creem em Juan Carlos Osorio. Se o Atlético Nacional (COL) joga como joga hoje, é graças a ele, mas é claro que o modelo foi potencializado por Reynaldo Rueda agora. E Osorio também construiu este São Paulo, potencializado por Edgardo Bauza.

Os dois técnicos puderam trabalhar melhor graças a ele e os clubes passaram a ter uma ligação muito profunda com Osorio. Ele construiu o Atlético Nacional e reconstruiu o São Paulo. A influência é grande em ambos, mesmo que os feitos na Colômbia tenham sido maiores em quatro anos. O time de hoje é muito parecido com aqueles que foram campeões com Osorio, que caíram para o São Paulo na Sul-Americana de 2013 e deram o troco na de 2014.

No São Paulo, quando Bauza usa Carlinhos ou Auro como pontas, significa que certamente ele observou o que foi feito na reconstrução de Osorio. Foi ele quem fez Thiago Mendes ser um volante de verdade, quando só jogava pelos lados e como meia. Perdeu Denilson e Souza e apostou em Thiago para ser o protagonista e empurrar o adversário.
 
Vi jogos no Brasil enquanto produzia o livro sobre Osorio e me espantei como Corinthians, Palmeiras e Atlético-MG pensavam apenas em contra-ataques. A alma do brasileiro é propor o jogo e foi isso que Osorio tentou impor. E foi isso que custou derrotas marcantes como no Allianz Parque (4 a 0 para o Palmeiras), quando tinha problemas na defesa, só arrumados com Thiago.

Estava nos planos de Osorio acompanhar as duas semifinais in loco, no Morumbi e no Atanasio Girardot

Como volante central, Thiago tem potencial para chegar à Seleção Brasileira. Pelas necessidades, Lucão foi volante, Lyanco foi lateral, Carlinhos foi ponta... Foi assim que ele supriu as baixas que teve. Agora os jogadores estão mais acostumados ao que Bauza pode precisar. Thiago, por exemplo, custou a acreditar no que Osorio pedia, mas depois se empolgou.

Os jogadores que passam a crer no que o Profe pede se animam. Creio que teria ficado mais tempo se não fosse o presidente Carlos Miguel Aidar, mesmo que a oferta do México fosse mais sedutor. Na parte esportiva, nunca quis deixar o time, queria ser campeão, fazer história. Saiu porque não havia relação administrativa. No esporte, o clube segue colhendo os frutos dele.

Agora, na semifinal da Libertadores, ele terá o coração partido, porque as duas equipes representam demais para a vida dele. A passagem pelo São Paulo, embora curta, foi a mais intensa da carreira, ele admite. Reconstruiu um time em pouco tempo, algo tremendo. Nem sempre os amores mais longos são os mais intensos e especiais. A afinidade pode ser maior com o Atlético Nacional, mas o coração certamente também estará no São Paulo.

*Jorge Bermúdez é jornalista e autor do livro "O Caderno de Osorio", sobre os métodos do treinador colombiano que está à frente da seleção do México e comandou Atlético Nacional (COL) e São Paulo entre 2012 e 2015. Os clubes se enfrentam nesta quarta-feira, às 21h45, na primeira semifinal da Libertadores.

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