Colombianos que vieram de carona a SP pedem esmola para seguir viagem

Grupo intitulado 'Banda Pirata' levou 17 dias para ir de Medellín a São Paulo para a semi da Libertadores. Agora, torcedores recorrem ao comércio e à esmola nas ruas da capital

Grupo está "acampado" na Rodoviária da Barra Funda desde quarta: eles pediram para não terem os rostos divulgados&nbsp;<br>​
(Foto: Olga Bagatini)

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Até onde a paixão por um clube pode levar uma pessoa? Para um grupo de adeptos do Atlético Nacional (COL), intitulado "A Banda Pirata", não há limites. Os torcedores colombianos não têm emprego fixo e passam a vida vendendo artesanato e pedindo dinheiro para acompanhar o time do coração pela América Latina. E nada de hotéis caros ou passagens de primeira classe: eles se orgulham de dizer que trilham essa jornada da maneira menos luxuosa possível, como "piratas", para ver a equipe de perto. 

- É uma questão de ideal. Nós queremos espalhar esse amor pelo Nacional pelas estradas por onde passamos. Pegamos carona em caminhão, barco, dormimos em qualquer lugar, não nos importamos de passar fome. Mas estamos sempre presentes, apoiando o time em todos os lugares - disse James, um dos integrantes, ao LANCE!. 

Os torcedores vieram de Medellín para acompanhar o primeiro jogo da semifinal da Libertadores contra o São Paulo, na última quarta-feira. A reportagem encontrou o grupo na Rodoviária da Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista, nesta sexta, enquanto tentavam levantar recursos para voltar para casa. Alegaram estar famintos, mas a prioridade era arrecadar logo o valor da passagem para chegar à fronteira com a Bolívia, e, de lá, prosseguir viagem através de caronas. 

- Levamos 17 dias para vir de Medellín até aqui, e já fizemos viagens longas para vários lugares da América do Sul. Vendemos pulseiras, camisas e adesivos do Nacional, e, com o dinheiro, vamos atrás do time - acrescentou James. 

A tradição da Banda Pirata teve início em 2004,  quando jovens de diversas partes da Colômbia apaixonados pelo Nacional e desprovidos de recursos decidiram acompanhar o clube de forma econômica. Os rapazes, que tem entre 19 e 25 anos, garantem que os familiares apoiam as "loucuras". 

- Eu fui pela primeira vez quando tinha 14 anos. Minha família não se importa, só que essa vida de andarilho não me deixa ter namorada. Mas tudo bem, porque o amor da minha vida é o Atlético Nacional - assegurou outro torcedor.

Não é a primeira vez que o grupo vem ao Brasil desta maneira pouco convencional. Em 2014, estiveram em Porto Alegre, na vitória do Grêmio por 3 a 0 na fase de grupos da Libertadores, e depois acompanharam o empate em 1 a 1 nas oitavas de final conta o Atlético-MG, que culminou na eliminação do Galo. A última visita foi no fim daquele ano, na semifinal da Sul-Americana, contra o São Paulo. Os colombianos eliminaram o Tricolor nos pênaltis. Na Libertadores-2016, viram os duelos contra Boca Juniors, Racing, Rosario Central e Huracán na Argentina e contra Deportivo Cali e Bolívar, na própria Colômbia. 

Da fronteira com a Bolívia, parte da Banda Pirata seguirá para Medellín, enquanto os demais passarão uns dias no país vizinho, até que sejam definidos os finalistas da Libertadores. Confiantes na classificação, alguns torcedores querem ver a decisão em casa, já que não conseguirão voltar a tempo para o segundo jogo da semifinal, enquanto os demais seguirão para o Equador ou para a Argentina, a depender do resultado entre Independiente Del Valle e Boca Juniors. A primeiro - e única - taça verdolaga no torneio foi em 1989.

- Nós calamos o Morumbi. Achei até que seria mais que 2 a 0. Agora, temos que ir à final. E somos capazes de qualquer coisa por essa camisa. Os piratas têm o sonho de "copar las hinchas" e nunca falhar com o Nacional - concluiu James, mostrando que a paixão pelo futebol pode ultrapassar qualquer limite. 

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