Mauro Silva: o volante invisível que quase se tornou um herói improvável

Mauro, revelado pelo Guarani de Campinas, e campeão paulista em 1990 pelo Bragantino, era aquela peça que pouco aparece para os torcedores

Bebeto, Mauro Silva, Viola e Cafu correm para abraçar Taffarel após a vitória na final
(Foto: AFP/DANIEL GARCIA)

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O Brasil completaria na Copa de 1994, nos Estados Unidos, 24 anos sem conquistar o título mundial. Desde 1991 a Seleção era dirigida por Carlos Alberto Parreira, com o auxílio luxuoso de Mário Jorge Lobo Zagallo, chamado de coordenador-técnico. O treinador havia substituído Paulo Roberto Falcão, que deixou como legado o fato de ter convocado pelo menos quatro jogadores que ganhariam o tetra: Cafu, Leonardo, Márcio Santos e Mauro Silva.

A ideia de Parreira era montar um time equilibrado entre os três setores, à imagem e semelhança do que fez seu espelho, o alemão Sepp Herberger, campeão mundial em 1954, com a Alemanha. A prioridade era formar a equipe a partir da defesa, e de um meio-campo que pudesse efetivamente protegê-la, para dar atenção, daí em diante, ao aspecto ofensivo.

Assim, Mauro Silva, notadamente, passou a ser o principal cão de guarda do treinador, como fizera no Bragantino, com o qual foi vice no Brasileiro de 1991. Mauro tinha 23 anos na ocasião. Forte como um touro, era um modelo de atleta, ideal para ocupar a posição de primeiro volante, pela sua capacidade de marcação, e porque também sabia fazer o trabalho de distribuir o jogo com correção para os companheiros mais habilidosos.

Mauro, revelado pelo Guarani de Campinas, e campeão paulista em 1990 pelo Braga, é aquela peça que pouco aparece para os torcedores, que invariavelmente só têm olhos para os craques, mas que desempenha a função de formar uma barreira na frente da zaga, inibindo atacantes e roubando bolas, quando necessário.

Normalmente surge aquela pergunta: o que faz esse cara no time? Pois para que se tenha uma noção exata da importância de Mauro, basta dizer que nas 32 partidas que participou com Parreira, a Seleção levou 16 gols, ou seja, média de 0,5 por jogo. Na Copa de 94, a equipe tomou apenas três deles. O volante atuou 615 dos 630 minutos que o Brasil esteve em campo, e recebeu apenas um cartão amarelo, na vitória de 3 a 0 sobre Camarões.

E vale lembrar uma curiosidade. Como vez por outra, quando sentia que havia espaços para tal, Mauro arriscava uma saidinha, e quase termina como o grande herói da decisão contra a Itália, em 1994, que o time de Parreira venceu por 3 a 2 nos pênaltis, após 0 a 0 em 120 minutos. No segundo tempo, mandou um chute forte, que Gianluca Pagliuca não segurou: a bola bateu na trave direita e voltou para as mãos do goleiro. Poderia ter sido o gol da vitória, sem necessidade de prorrogação ou penalidades.

O jogador permaneceu na Seleção até 2001. Ainda ganhou a Copa América de 1997, e só encerrou a carreira aos 37 anos, quando teve a dignidade de perceber que já não podia desempenhar o seu papel com a mesma regularidade.

BRASIL 0 x 0 ITÁLIA

Nos pênaltis: Brasil 3 x 2 Itália.

Data: Domingo, 17 de julho de 1970.

Competição: Copa do Mundo de 1994 / Decisão.

Local: Estádio Rose Bowl, em Pasadena-Califórnia / Estados Unidos.

Público: 94.194 espectadores.

Arbitragem: Sandor Puhl / Hungria, Mohammad Fanaei / Irã e Venancio Zarate Vasquez / Paraguai.

Nos pênaltis: Franco Baresi (perdeu), Márcio Santos (perdeu), Demetrio Albertini (1 a 0), Romário (1 a 1), Alberigo Evani (2 a 1), Branco (2 a 2), Daniele Massaro (perdeu), Dunga (3 a 2) e Roberto Baggio (perdeu).

BRASIL: Taffarel, Jorginho (Cafu 21’, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Viola 106’); Bebeto e Romário. Técnico: Carlos Alberto Gomes Parreira.

ITÁLIA: Gianluca Pagliuca, Antonio Benarrivo, Roberto Mussi (Luigi Apollini 34’), Franco Baresi e Paolo Maldini; Demetrio Albertini, Dino Baggio (Alberigo Evani 95’), Nicola Berti e Roberto Donadoni; Roberto Baggio e Daniele Massaro. Técnico: Arrigo Sacchi.

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