A mão invisível de Henry que tirou a chance da Irlanda de ir à Copa

O zagueiro Paul McShane não cortou o lançamento, e a bola caiu para Henry, que controlou com a mão esquerda e deu um toque rápido para Gallas cabecear para dentro da baliza

Henry domina a bola com a mão contra a Irlanda
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A França terminou a fase de classificação das Eliminatórias da Europa para a Copa de 2010 em segundo lugar, atrás da Sérvia, no Grupo 7, que também contava com Áustria, Lituânia, Romênia e Ilhas Faroe.

Logo, teve que disputar os play-offs, contra a República da Irlanda. No jogo de ida, em 11 de novembro de 2009, venceu por 1 a 0, no Croke Park de Dublin, gol de Anelka.

Logo, bastava empatar no de volta, dia 18, em Saint-Denis. Mas Robbie Keane fez 1 a 0 aos 33 minutos, e o time britânico segurou o placar até o fim do tempo regulamentar, o que forçou a prorrogação, dado que as duas seleções conseguiram resultados iguais.

A Irlanda era treinada pelo italiano Giovanni Trapattoni, um treinador especialista em ferrolhos, e ainda possuía uma boa equipe, com jogadores de qualidade, como o goleiro Given, o zagueiro O’Shea, o atacante Duff, e Keane, é claro. A França tinha o apoio de quase 80 mil espectadores. Mas estava difícil transpor a barreira irlandesa.

Aos 13 minutos da prorrogação, Malouda, que havia substituído Gourcouff aos 43 do segundo tempo normal, cobrou uma falta do meio do campo na direção da área adversária. O zagueiro Paul McShane não cortou o lançamento, e a bola caiu para Henry, que controlou com a mão esquerda e deu um toque rápido para Gallas cabecear para dentro da baliza.

O árbitro sueco correu para o círculo central. Atrás dele, o time inteiro da Irlanda, avisando aos berros que o gol era ilegal, mas o mediador não deu ouvidos, mantendo a sua decisão. Com o resultado de 1 a 1 a França garantiu a sua presença na Copa da África do Sul. Henry afirmou que o lance havia sido irregular, mas lembrou que não era o juiz, e logo, não poderia anulá-lo.

A federação britânica ameaçou entrar com um recurso na Fifa, solicitando a anulação da partida, com base na imagem da TV, que é evidente. O Governo do país também se manifestou nesse sentido. Mas não cumpriram o prometido. A França fez campanha lamentável no Mundial. Empatou por 0 a 0 com o Uruguai e perdeu por 2 a 0 para o México e por 2 a 1 para a África do Sul. Ocorreram também várias desavenças na delegação, entre os jogadores, o técnico Raymond Domenech, e os cartolas da federação.

A verdade sobre o silêncio geral – ninguém falou mais em punição ou uma nova partida – só apareceu em junho de 2015, quando John Delaney, um cartola da entidade local, disse à BBC que a Fifa pagou cinco milhões de euros (cerca de R$ 18 milhões) para que a tal representação não fosse formulada.

O dirigente explicou que o dinheiro era apenas “um empréstimo” para a construção de um novo estádio em Dublin. Disse ainda que o dinheiro seria devolvido se a Irlanda conseguisse a classificação para a Copa do Mundo de 2014. Mas como a seleção local não obteve a vaga no torneio, em dezembro de 2015 a Fifa abriu mão de receber o montante.

Mas a vergonha ficou. Henry jogou na França, na Itália, na Inglaterra e nos Estados Unidos, e conquistou todos os títulos possíveis pela seleção de seu país – Europeu, Copa das Confederações da Fifa e Mundial . No entanto, passou a ser lembrado para sempre como “o homem do gol de mão”.

FRANÇA 1 x 1 REPÚBLICA DA IRLANDA

Data: Quarta-feira, 18 de novembro de 2009.

Competição: Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 / Europa – play-offs.

Local: Estádio de France, em Saint-Denis / França.

Público: 79.145 espectadores.

Arbitragem: Martin Hanson, Fredrik Nilsson e Stefan Wittberg / Suécia.

Gols: Robbie Keane 33’ e William Gallas 103’.

FRANÇA: Hugo Lloris, Bacary Sagna, Julien Escudé (Sébastién Squillaci 9’), William Gallas e Patrice Evra; Lassana Diarra, Alan Diarra e Yohann Gourcouff (Florent Malouda 88’); Nicolas Anelka, Thierry Henry e André-Pierre Gignac (Sidney Gouvou 57’). Técnico: Raymond Domenech.

REPÚBLICA DA IRLANDA: Shay Given, John O’Shea (Paul McShane 67’), Richard Dunne, Sean Saint-Ledger e Kevin Kilbane; Liam Lawrence (Aiden McGeady 107’), Glen Whelan (Darron Gibson 63’), Keith Andrews e Robbie Keane; Damien Duff e Kevin Doyle. Técnico: Giovanni Trapattoni (Itália).

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