De volta ao Bragantino, goleiro Felipe revela mala branca do Internacional ao Corinthians em 2009

Goleiro também falou sobre as conturbadas saídas de Corinthians e Flamengo, afastamento de Luxemburgo e quase aposentadoria

Felipe
De volta ao interior paulista, Felipe se destacou pelo Bragantino no Paulistão de 2007 (Foto: Divulgação)

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Nos dez anos que separam a saída e o retorno de Felipe ao Bragantino, muitas polêmicas circundaram a vida do goleiro.

Uma das principais ocorreu em 29 de novembro de 2009. O Corinthians, de Felipe, enfrentava o Flamengo pela penúltima rodada do Brasileirão daquele ano. O Timão não brigava por mais nada no torneio. Já o Mengão, em segundo lugar com 61 pontos, precisava ganhar para se manter na briga pelo hexacampeonato. O primeiro era o São Paulo, com 62.  O Internacional estava na terceira colocação, então a dois pontos dos cariocas na tabela.

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No final da partida, após sofrer pênalti, o Rubro-Negro teve a chance de abrir 2 a 0 no placar. Léo Moura bateu e Felipe permaneceu parado no meio da meta. Na época, o goleiro, flamenguista quando criança, foi acusado de não ter se esforçado para defender. Sete anos depois, Felipe revela que não teria sentido sofrer o gol, afinal o Internacional havia oferecido dinheiro ao Timão, a famosa mala-branca, para empatar com o clube carioca.

– Achei mesmo que ele fosse bater no meio. Juro por Deus. Igual aconteceu dois anos depois, com o Elano, que peguei o pênalti. Mesmo se tivesse pegado, não teria mudado nada. São Paulo tinha tomado quatro do Goiás. Flamengo foi campeão não porque ganhou do Corinthians. Se eu pegasse, ficaria 1 a 0. A gente tinha premiação muito boa do Internacional só para empatar o jogo. Não tem esse negócio de ter deixado – revela o goleiro, em entrevista exclusiva ao LANCE!, na qual passa a limpo as maiores polêmicas da carreira e diz sonhar com grandes atuações pelo Bragantino na Série A2 do Paulista para voltar a um grande time.

Corinthians x Flamengo
Atitude de Felipe no pênalti de Léo Moura gerou discussão se o goleiro havia facilitado o gol do Flamengo (Foto: Ari Ferreira/Lancepress!)

Quais são suas expectativas na volta ao Bragantino?
Depois de dez anos, estar voltando para o clube que me revelou nacionalmente é muito bom. Ideia de voltar é para que 2016 seja igual ou melhor que 2007, quando tive projeção e acabei indo ao Corinthians. O Bragantino tem vendido muitos atletas. O presidente não segura os jogadores. E não é só por causa que vende muito para o Corinthians. Quero ter a sequência de jogos que eu não vinha tendo. No início, vai ser complicado. Quando o atleta é conhecido, não têm paciência. Não posso me afobar. Quando acabar a A2, quero voltar para um clube grande do Brasil.

O que mudou em dez anos?
Eu não preciso mais mostrar nada para ninguém. Tenho 31 anos. É o melhor momento que tem, físico e técnico. Estou com a cabeça totalmente diferente. Cometia erros antes, vivia de cabeça quente. Falava coisa que repórter gosta, botavam o microfone na minha boca e dava problema depois. Uma hora aprendi.

Felipe pelo Santos
Goleiro foi apresentado ao clube nesta semana (Foto: Divulgação)

Você chegou ao Figueirense em maio de 2015 e quase não foi aproveitado. Por quê?
O Argel (Fucks) me levou. Quando cheguei lá, em maio, estava com nove meses de inatividade (Felipe ficou afastado no Flamengo por desavenças de Luxemburgo). Para um goleiro, é muito tempo. Tem que ter tempo para se readaptar. Quando cheguei, o Alex começou a jogar bem. Fiquei treinando e fiz três jogos. Antes, ficava em casa, não fazia nada, comecei a desgostar do futebol. Se ficasse mais tempo parado, pararia de jogar.

Como é ter jogado nos dois clubes mais populares do Brasil?
Grandes atletas também jogaram, mas ganhei título nos dois. Não é coisa para se jogar fora. Cometi alguns erros que podem ter encerrado meus vínculos nesses clubes. Tomo como exemplo Prass, Victor, Jefferson e Fábio. São grandes goleiros que estão em alto nível. Sei que sou novo e que posso voltar a um grande clube.

Em 2007, o Corinthians foi rebaixado, mas você se tornou ídolo da torcida. Como você sentiu esta situação?
Rolava um ciuminho no grupo. É normal em qualquer clube. Quando tinha entrevista, o pessoal pedia para eu ir. Sentia que o pessoal me olhava meio estranho. Logo na saída do Bragantino, acabei pegando o Corinthians em crise financeira. O clube era mais falado pelo extracampo do que dentro. Teve um ano muito ruim. Não conseguimos o objetivo que era não cair. Para mim, foi o ano que explodi em cenário nacional. Em um ano ruim do clube, sair como um dos menos culpados, foi importante.

Felipe pelo Corinthians
Pelo Corinthians, goleiro conquistou a Série B de 2008, o Paulistão de 2009 e a Copa do Brasil de 2009 (Foto: Tom Dib/Lancepress!)

Você ficou chateado pela maneira que saiu do Timão?
Todo mundo errou. Se fosse hoje em dia, faria diferente. Não fico chateado pela saída, mas como ela se deu, com briga pública. Ficou feio. Errei nesse negócio de ter batido boca com o presidente (Andrés Sanchez). Fiquei chateado por ter treinado separado. Isso me irritou um pouco. A negociação com o Genoa deu para trás por causa do limite de estrangeiros, quando voltei, voltei como vilão, porque estava tudo certo lá. Parecia que tinha colocado faca no peito do pessoal para sair.

Jogar no Flamengo foi a realização de um sonho?
Todo mundo sabia que eu era flamenguista. Aproveitei muito os quatro anos que estive lá. O grande problema foi que o treinador (Vanderlei Luxemburgo) que me trouxe, me tirou. Tinha mais um ano e meio de contrato. Sempre fui um cara correto. Todo mundo sabe que o problema em Londrina não foi comigo (Ronaldinho Gaúcho foi flagrado com uma mulher na concentração). Não sei se o Luxemburgo achou que eu, como líder do elenco, poderia ter tomado alguma atitude. Poderiam ter falado que fiz churrasco com qualquer um, menos com o Léo Moura. Todo mundo sabe com quem foi a briga. O Luxemburgo pode ter achado que eu e o Léo poderiam tê-lo defendido. Ele nunca veio falar cara a cara comigo. Nunca disse que teve problema, mas me colocou para treinar separado.

Felipe pelo Flamengo
No Flamengo, Felipe teve problemas com Luxa mas ganhou uma Copa do Brasil e dois Cariocas (Foto: Miguel Schincariol/Lancepress!)

Na final do Carioca de 2014, contra o Vasco, o Flamengo foi campeão com um gol irregular de Márcio Araújo e você disse “roubado é mais gostoso”. Você se arrepende?
Não me arrependo. Até hoje, a gente não sabe quem soltou isso. Eu falei no dia do julgamento: “Cara, se eu falei, eu peço desculpas”. Eu sempre falei as coisas que falo. Eu não lembro de ter falado isso. Até pedi desculpa para a torcida do Vasco. Futebol é chato, não pode mais brincar. Joguei com o Vampeta no Corinthians e no Vitória. Ele chamava a torcida e o time ia junto. Própria imprensa fala que o futebol está chato, mas quando alguém fala alguma coisa, chamam de polêmico.

No status do seu WhatsApp, tem a frase: “Seja dono da sua boca para não ser escravo das palavras”. O que isso significa?
Tem que ter certeza do que fala. Os erros que de antes, com a cabeça que de hoje, não cometo mais.

Te frustra não ter jogado pela Seleção Brasileira?

Não. Todo mundo sonha em ir. Os que estavam indo, tinham mérito. Em 2009, na reta final da Copa do Brasil, pensei: “Agora vai”. Faltava um ano para a Copa ainda. Tinha esperança, mas não fui chamado. Não fiquei desapontado.

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